sábado, março 30, 2013

Filipa Leal e o Porto [Público, Fugas, 30.3.13]





Tem dez anos de carreira literária, muitos mais de palavras ditas, lidas, escritas. São a obsessão desta portuense que leva o Porto no que é, no que escreve. "O Porto será sempre a minha cidade, como o Douro será sempre o meu rio - conforta-me a proximidade da outra margem." Périplo entre uma cidade líquida e uma cidade das palavras. [Andreia Marques Pereira (texto) e Fernando Veludo/NFactos (fotos)]

Se estamos diante do Atlântico não é um acaso.

"Vir ao Porto é ver imediatamente o mar."

"O mar faz-me muita falta", e não é, sublinha Filipa Leal, uma "necessidade poética", antes a "necessidade física de quem nasce e vive junto dele." E ela nasceu, cresceu, viveu no Porto - agora, gosta de imaginar que está com um pé aqui e outro em Lisboa. Em Londres, continua, sentia muito a sua falta, em Lisboa, nos primeiros tempos, quando vivia e trabalhava na Baixa, ia ao Cais das Colunas só para ver o rio - como se fosse o mar. Assim, com o mar como pano de fundo, Filipa Leal, jornalista e poetisa a cumprir dez anos de carreira literária, desenha o seu "triângulo amoroso" geográfico, no qual o Porto ocupa o epicentro em torno do qual gravitam as duas capitais, uma onde viveu, a inglesa, outra onde vive, a portuguesa. Uma relação resolvida (e, isto, sim, é poesia):

"O Porto é o meu marido, Londres a ex-mulher, Lisboa a amante."

E se estamos na Praia dos Ingleses também não é por acaso, já vimos. Filipa gosta do simbolismo, como se Londres, onde estudou jornalismo, vivesse um pouco neste canto da Foz portuense. Além do mais, é presença regular neste pedaço "inglês", sobretudo desde que o seu outro triângulo, desta vez inteiramente portuense, se fechou quando a família se mudou para esta zona do Porto-a-ver-o-mar. Nesta tarde de Inverno invulgarmente ensolarada, as palavras de José Gomes Ferreira que Filipa conjura parecem desajustadas: "Porto - cidade de luz de granito", mas o contexto é outro; agora, o Porto manifesta-se solar diante da vastidão do mar.

"Há dias em que me constrange [o mar]. A vastidão também me perturba. Procuro e rejeito."

Quando rejeita, há mais "cidade líquida" (título de um dos seus livros) como refúgio-alternativa de Filipa Leal. Não passámos, fisicamente, pelo rio neste périplo pela cidade - ficamo-nos mais pela geografia das palavras, o que não surpreende: "É na linguagem que se instala a minha geografia e às vezes é muito cansativo" -, mas é este o outro rosto líquido desta sua cidade. "O rio de onde se pode ver a outra margem." Há um conforto inerente em poder vê-la, confessa.

"O Douro, no Porto, tem tamanho de rio. Estranhei o Tejo, tem tamanho de oceano."

Nos "grandes passeios pelas marginais" portuenses, Filipa está consigo. A pessoa que é, que foi, quem sabe, que será. O seu Porto sempre passou por estas margens, desde o tempo de juventude, quando se iniciou nas saídas com amigos.

"A maior parte da adolescência passei-a nestas praias, as minhas primas viviam aqui."

Não esquece os jantares na Praia do Molhe ("está igual"), as primeiras sangrias e cervejas entre esta e a Praia do Homem do Leme.

"Mais tarde, tive a fase da Ribeira, todos iam para lá." E "há imagens que não passam", como as tardes entre finos e tremoços na "praça do cubo". Ou outras mais específicas, como a jukebox numa das esplanadas defronte do rio naquele fim de tarde "extraordinário", de "música inimaginável"; ou, mais recentemente, o almoço dos 30 anos com a família, seguido da surpresa das amigas que a levaram, pela primeira vez, a passear no Douro de barco rabelo.

Se a "cidade líquida" de Filipa Leal se começou a revelar na adolescência, a sua "cidade das palavras" revelou-se um pouco mais tarde e, desde então, passou a mover-se entre ambas. As suas origens, porém, vêm de trás, da sua infância, com a mãe a recitar, a ela e aos irmãos, poesia, "sonetos de Camões, Pessoa...". "Foi ela que criou o hábito de eu ouvir poesia, comecei a ouvir poesia antes de a ler." Se calhar nem a mãe esperava o efeito que essas leituras tiveram: aos 11 anos chegou a casa para anunciar à mãe que queria ser escritora. "A minha mãe, muito sabiamente, disse que achava lindamente", recorda, "mas que em Portugal era difícil ser só escritora, tinha que ter outra profissão." "Há 23 anos, os poetas já estavam em crise", brinca. Pouco depois tinha encontrado a "profissão".

"O jornalismo foi a escolha que fiz como alternativa possível à literatura. Se não podia ser escritora, como jornalista podia, pelo menos, escrever todos os dias." A poesia=escolha intuitiva; o jornalismo=escolha cerebral.

A "cidade das palavras" de Filipa Leal começou a desenhar-se há mais ou menos 15 anos entre o Pinguim e o Púcaros, dois bares portuenses onde a poesia corria solta e que se tornaram os seus "sagrados pontos de fuga permanentes". Às segundas-feiras era na cave do Pinguim que saciava a sua fome de palavras ditas (ainda hoje se pode fazer); às quartas-feiras, no Púcaros. Numa primeira fase, limitava-se a ouvir; depois começou a dizer.

"Durante muitos anos só dizia em público poesia dos outros. Passava parte da semana a escolher o que ia dizer."

Actores frustrados

Passava também no café Luso, "quando era sítio de beatas no chão e muito sujo": "um sítio especial" onde conheceu o poeta Ulisses, que vendia poemas avulso. "Foi a primeira pessoa que vi fazê-lo. Cheguei a comprar-lhe um poema." Nessa altura, considera, o Porto tinha grande investimento na poesia. E foi nessa altura que se lhe abriram as portas das "Quintas de Leitura" do Teatro Campo Alegre, hoje uma instituição da cidade, quando conheceu Pedro Lamares, no Pinguim.

Foi para as "Quintas" e para a Caixa Geral de Despojos, uma trupe poética para a qual a palavra é uma ponte para outras formas de expressão artística. Inclusive para o teatro, com o qual Filipa também se envolveu: esteve um ano no centro de formação do Balleteatro e, antes, no liceu Garcia de Orta, o 12.º ano fez-se com uma oficina de teatro às sextas à tarde - já em Londres, tentou o mesmo mas entendeu que o seu inglês não estava à altura de dizer Shakespeare. Foi uma "decisão tardia", esta do teatro, mas o fascínio sempre esteve lá.

"Acho que o escritor é um actor frustrado. No fundo gostava de entrar em cena; no fundo é isso que faz quando se senta a escrever."

Ao mesmo tempo, da parte de Filipa "havia uma vontade de ultrapassar limites" e ela achava que "em palco a palavra se tornava em algo mais palpável". Nas "Quintas de Leitura", encontrou uma casa feliz: "estar em palco a dizer poesia, a unir os dois lados".

"A palavra é a minha grande obsessão: dita, lida, escrita."

O Campo Alegre é, aliás, a zona do Porto onde as suas raízes emocionais chegam mais fundo: antes de realizar o sonho nas "Quintas de Leitura", houve o Colégio de Nossa Senhora de Lourdes, que havia sido a casa dos seus bisavós. "Brinquei, nos meus primeiros anos de escola, no jardim onde o meu pai e os meus tios o haviam feito." E, coincidência, os avós maternos viviam nessa rua, eram eles que a iam buscar. Também viveu aqui e, mais tarde, na Faculdade de Letras, fez o mestrado em Literatura Portuguesa e Brasileira.

"Acho que é um Campo Alegre mesmo."

Porém, o seu Porto é novamente um triângulo, que tem os outros vértices na Foz, já vimos, e na Baixa, onde nasceu e viveu os primeiros anos. E onde por estes dias descobre uma nova geografia de "lazer". Já era por aqui, contudo, que percorria alguns caminhos das palavras, com paragens obrigatórias na Livraria Leitura, onde encontrou mais o que procurava, sobretudo quando "descobriu" a literatura brasileira, e, mais tarde, na Poetria, feita de teatro e poesia. Agora tem um outro caminho de palavras, desta vez suas, neste Porto: a Casa do Conto inscreveu-as no tecto de uma das suas suites, que leva o seu nome. "Não era bem voar/era pelo menos/poder ficar/suspenso/num ponto alto."

A poesia de Filipa Leal inscrita no Porto que ela sente como poesia, "no sentido da síntese, da contenção, da reflexão". A comparação com Lisboa, onde vive há quatro anos, é inevitável: "Lisboa é prosa, é torrencial, é uma cidade de parágrafos mais longos." O Porto permite-lhe, dá-lhe solidão; é introspectivo, de maior silêncio. Filipa tem uma relação de grande proximidade com ele e, por isso, também se sente mais perto de si, mesmo que para tal tenha de atravessar "a zona de nevoeiro" que a cidade pode parecer ter até se conseguir iluminar e ao que aqui está.

"Dá mais espaço ao confronto."

"Porque não tenho o trabalho de o descobrir posso descobrir-me."

Na sua obra (seis livros, cinco de poesia) não há muitas referências directas ao Porto. Uma das raras excepções está n" O Problema de Ser Norte. Uma página, um verso: "Porto. 20h. Ninguém canta." Mas como Filipa Leal não se importava de ter sido detective, vai deixando pistas, nem sempre geográficas, nos seus livros. "Muitas vezes são recados a mim mesma." No mesmo livro, por exemplo, fala de um café que Al Berto chegou a frequentar, na Batalha - não por acaso, o poema chama-se O Medo; não por acaso, termina com a palavra granito.

"Como o Porto, também eu tenho um lado enevoado, silencioso, contido, franco. Tenho muita dificuldade em disfarçar o que sinto. Tenho o coração à mostra. É quase tudo verdade."

Ao desvendar o Porto, a cidade incitou-a a procurar os seus poetas, os que aqui nasceram, os que aqui escolheram viver.

"Sophia, Eugénio de Andrade, Jorge de Sousa Braga, Ana Luísa Amaral, Manuel António Pina, Daniel Maia-Pinto Rodrigues, Rosa Alice Branco, José Miguel Silva, e tantos outros..."

"O Porto é uma cidade muito bem frequentada." (risos)

Ainda que trate mal quem a quer bem. Filipa Leal viu-se obrigada a ir para Lisboa quando o jornal onde trabalhava despediu a redacção e nenhuma outra porta se abriu no Porto. Diz que a grande tragédia do Porto é essa mesma, não dar trabalho; se não, podia ser uma cidade quase perfeita.

"Tem mar, tem rio."

Voltamos ao estado líquido. Nos próximos dias, Filipa Leal estará rodeada de água por todos os lados - vai passar pelo Funchal, como convidada do Festival Literário da Madeira (de 1 a 6 de Abril). Se a vastidão do mar a constranger, sabe que tem um lugar-refúgio.

"A cidade onde nasci e vivi a maior parte destes 34 anos está sempre em mim - no que sou, no que escrevo. O Porto será sempre a minha cidade, como o Douro será sempre o meu rio - conforta-me a proximidade da outra margem."

Tem dez anos de carreira literária, muitos mais de palavras ditas, lidas, escritas. São a obsessão desta portuense que leva o Porto no que é, no que escreve. "O Porto será sempre a minha cidade, como o Douro será sempre o meu rio - conforta-me a proximidade da outra margem." Périplo entre uma cidade líquida e uma cidade das palavras.




sexta-feira, março 29, 2013

João Camargo apresentou ontem Que se Lixe a Troika! no espaço MOB

E foi assim ontem no MOB, à Travessa da Queimada, 33, ali no Bairro Alto em dia de festa. Sala cheia, a que a fotografia não faz justiça, com intervenções de Joana Manuel, de Paulo Pena, cá do editor e de João Camargo. Formou-se uma unanimidade em torno da importância do livro e dos métodos que usaram os banqueiros e governos para nos tramarem. E de que como se deve combater esta novilíngua da economia utilizada para nada nos dizer. Foi ótimo e uma prova de que estamos todos aqui para lutar, disponíveis e revoltados.

segunda-feira, março 25, 2013

Quinta, dia 28/03, às 21:30, na sede do MOB. Que se Lixe a Troika!, de João Camargo


Na sede do MOB, na Travessa da queimada, 33, ao Bairro Alto em Lisboa, vai ter lugar a apresentação do livro de João Camargo, Que se lixe a Troika!. Conta com um prefácio de Boaventura de Sousa Santos e estarão presentes, na sua apresentação, a atriz e ativista social Joana Manuel e o jornalista Paulo Pena. O trabalho de João Camargo é um levantamento exaustivo sobre as causas da crise que levaram às grandes manifestações de 2 de março.

Extracto de Compositores do Período Barroco (2011-2013), de José Ricardo Nunes, em breve na Deriva


José Ricardo Nunes vai sair com um novo livro na Deriva o que muito nos orgulha. Compositores do Período Barroco (2011-2013) é um livro verdadeiramente excepcional como em breve poderão confirmar com a sua leitura integral. Para já, este poema.

MADONIS, Luigi
(c.1690-c.1770)

 A minha natureza introvertida
sustinha-me no forro da casaca
e ocultava os atractivos de São Petersburgo.

Não que renunciasse a entreter-me:
deixava-me arrastar por canais
imaginários, recolhia cedo.

Aproveitava para aclarar ideias
e escrever as cartas sem destinatário
que minha segunda mulher,

anos depois, me leria à cabeceira,
relatando acontecimentos
ainda mais macabros do que esses.

José Ricardo Nunes, COMPOSITORES DO PERÍODO BARROCO(2011-2013), Deriva 2013, A SAIR


Capela do Rato acolhe sessão de poesia com escritoras portuguesas | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura


Capela do Rato acolhe sessão de poesia com escritoras portuguesas | Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura

Lisboa: Dia 28 de março, 21:30, na sede do MOB, apresentação de Que se Lixe a Troika!, de João Camargo. Com Joana Manuel e Paulo Pena

A apresentação, em Lisboa, vai ser no espaço associativo MOB, na Travessa da Queimada, 33, ao Bairro Alto. Pelas 21:30. Para além do autor, João Camargo, estarão a apresentar o livro Joana Manuel atriz e ativista social e o jornalista Paulo Pena.
Esperamos por todos vós.

Extracto de Suicidas, de Henrique Manuel Bento Fialho, a sair na Deriva


Muito em breve, Henrique Manuel Bento Fialho, apresentará o seu novo livro na Deriva. O seu título é Suicidas e segue-se a Estranhas Criaturas. É de Suicidas este extracto que colocamos aqui sobre Antonin Artaud.

ANTONIN ARTAUD
Artaud estava do lado de Tuiavii, havia nele a voz selvagem dos mestres, o sentido da tradição oral, era um homem experimentado a contar uma história de terror enquanto os tambores ressoavam a trovoada nocturna dos anseios recalcados. Cada dente que lhe faltava na boca assinalava um exorcismo. Eram reais as aranhas que lhe saíam pelo cu, tinha um modo de escarrar no qual pressentíamos uma música singular, por isso mesmo doentia, porque tudo o que ousa afirmar-se em ruptura com a lógica dos tribunais é tomado por loucura.
   Ora, desde muito cedo benzido, desde muito cedo iniciado nas tradições do mau-olhado, aprendi a libertar-me do quebranto em pratos de azeite pingados com vinagre. A minha mãe levou-me às bruxas, fui gótico, toquei o xilofone dos nervos enquanto me curvava para receber a extrema-unção. Naquele tempo, as oliveiras ainda eram vergastadas e ao rio íamos colher mergulhos na lama. Bebíamos directamente da teta das cabras, víamos passar os mendigos com uma estranha admiração, porque também nós não apreciávamos o banho a horas certas. Preferíamos erguer casas no topo das árvores, fazer o ninho nas asas dos índios, correr com os ciganos do bairro porque éramos mais ciganos que eles. Talvez tenha começado aí um certo sentido da contradição social, ao observar o gosto que a ciganagem punha em romper com as suas tradições, em vestir-se como os betos do outro lado da rua, aqueles que tinham piscina onde mergulhar as mães nuas e irmãs de rata ao léu. Talvez tenha sido essa a primeira experiência de que resistir implicava não abdicar de um eu misterioso, indecifrável, livre, coerente com as suas próprias ambiguidades, um eu obstinado e livre o suficiente para se poder iludir com voluntariedade e um profundo sentido da divergência. (...)
Henrique Manuel Bento Fialho, Os Suicidas, Deriva, 2013. A sair
Extracto da responsabilidade do editor.

domingo, março 24, 2013

As aventuras ecológicas de Sheila e Said, na Book It de Viana do Castelo


Talvez a melhor livraria de Viana do Castelo: lá se encontra a coleção das Aventuras de Sheila e Said, de Ramón Caride, as duas últimas traduzidas pela vianense Paula Cruz. Ao vosso dispor, claro.
As aventuras são:
Perigo Vegetal
Ameaça na Antártida
Futuro Roubado

Aqui não há imperial, só finos! No Republica Bar em Viana


Magnífico. Na Praça da Erva, em Viana do Castelo, deparamo-nos com um simpático República Bar, cujo símbolo é uma baiana com as fitas das cores da república. Não percebo porque é que é uma baiana e muito menos por que razão é republicana, mas estou ao lado dela, sim senhor. Muito mais o estamos, quando pedimos um Irish Coffee com muito mais irish que coffee!

sexta-feira, março 22, 2013

Prelúdio: I would prefer not to, de Ricardo Gil Soeiro



 Prelúdio: I would prefer not to

Em distinta vida já remota,
confesso que cheguei a ser poeta,
mero escriturário de versos falhados,
entretido com rimas vazias e
em vão procurando soletrar
o triste mistério de existir.
Felizmente que fui ainda
a tempo de decidir ser outra
máscara mais real: com a lição
bem estudada, rendi-me ao
injurioso embuste do mundo.
E, desistindo de roubar ao escuro
absurdos alfabetos luminosos,
transformei-me em simples sopro,
voz avulsa que assim veleja à deriva.
Agora - não sei se por arrogância
ou desdém - já nem passo cartão a
escusados apelos de musa inoportuna;
finjo que não me assusta esta dor

De Ricardo Gil Soeiro, Bartlebys Reunidos, a sair na Deriva, 2013

Sensatez, de João Pedro Mésseder



Sensatez
«Acabou-se o tempo do emprego para toda a vida. É necessário que cada um se adapte às mudanças de uma sociedade em constante evolução». Avisadas palavras ditas por um homem sensato (alguns diziam-no sabedor, outros sabido), com emprego seguro para a vida. Todos o escutaram atentos, no encerramento do colóquio, promovido por uma associação estudantil. Tal visão estratégica – acrescente-se – fora determinante na sua nomeação, havia dois anos, para um importante cargo político.

De João Pedro Mésseder, Apólogos e outros micro-relatos, a sair pela Deriva, 2013

Jornal das Letras faz recensão de Domingo no Corpo, de Aurelino Costa


Neste último número do Jornal de Letras, Artes e Ideias saiu uma recensão de Domingo no Corpo de Aurelino Costa. A ler, claro. Entretanto, aproveitamos para informar-vos que em breve daremos conta das presenças de Aurelino Costa em sessões de leitura dos poemas deste livro, em várias localidades.

quarta-feira, março 20, 2013

Que se Lixe a Troika, de João Camargo já está entre nós

Saiu hoje Que se Lixe a Troika!, como prometido, da Gráfica Papelmunde em Vila Nova de Famalicão, que cumpriu mais uma vez e integralmente os prazos estabelecidos para a saída de Que se Lixe a Troika! em tempo recorde. A nossa preocupação foi editá-lo em tempo útil após as grandes manifestações de 2 de março. Só assim se compreende o livro estar na rua com as atualizações necessárias e com um capítulo novo, depois dos grandes protestos populares. Depois da tipografia foi para a Companhia das Artes, em Ermesinde, que distribuirá os livros por todo o território nacional nos melhores espaços livreiros, a partir de amanhã de manhã. Depois é só esperar que apareçam nos escaparates. Só uma indiscrição: quer João Camargo, quer Boaventura de Sousa Santos, fizeram um trabalho impecável para que o livro pudesse estar tão cedo na rua ao atualizar e acrescentar elementos fundamentais para a compreensão global dos protestos. A Andrea Peniche conseguir rever todo o livro num período tão curto de tempo foi um esforço hercúleo. Vamos agora iniciar um processo de apresentação do livro com João Camargo que se iniciará a 28 de março em Lisboa, provavelmente na sede dos Precários Inflexíveis e com convidados que a seu tempo revelaremos.

terça-feira, março 19, 2013

TEatroensaio apresenta Oficina de Introdução ao Teatro, 5,6 e 7 de abril, Porto


o TEatroensaio apresenta

Oficina de Introdução ao Teatro
Formadores: Inês Leite e Pedro Estorninho
Datas: 5, 6 e 7 de Abril de 2013
Horário: Sexta das 20h30 às 23h30, Sábado e domingo das 15h às 18h30
Local: Grande Auditório, Cace Cultural do Porto
(antiga central eléctrica, Rua do Freixo, 1071 - metro e cp: campanhã; Bus: 400 e 205 paragem EDP. Estacionamento Gratuito)

Curso para maiores de 15 anos
Número máximo de participantes: 20
Número mínimo de participantes: 8 (inscrições abertas até dia 2 de Abril de 2013, sujeito a confirmação)
Nº total de Horas: 10 horas;
Custo: 35 €/participante;
(os participantes deveram trazer fato-de-treino e sapatilhas)

Para mais informações ligue 918626345 ou 937017575.
Inscrições: teatroensaio@gmail.com
envie-nos um email com o seu nome completo,idade, contacto telefónico e morada.

Temas abordados na Oficina:
- História do Teatro;
- Dinâmicas de Grupo e Jogos Teatrais;
- Corpo;
- Voz;
- Improvisação;
- Interpretação.

Formadores:
Inês Leite
Licenciatura em Estudos Teatrais (2005) e Bacharelato em Teatro-Interpretação, ESMAE – IPP.
Como actriz trabalhou com encenadores como António Durães, Pedro Estorninho, Lee Beagley, José Carretas e em companhias como Panmixia AC, Produções Suplementares, Teatro das Beiras e TEatroensaio onde exerce o cargo de Directora desde a sua fundação. Em cinema trabalhou com Raquel Freire no filme “Veneno Cura” e Eduardo Sousa.
Como encenadora apresentou “Pássaro de Papel” (TEatroensaio, 2010), “Morte e Vida Severina” de João Cabral de Mello Neto (Grupo TERB-CAR e CCVF, Guimarães, 2010) e integra o Programa Paredes com Teatro, onde encenou 8 peças desde 2006, entre outros. Foi professora de Expressão Dramática durante vários anos.
Trabalhou como Assistente de Encenação com António Durães e Pedro Estorninho (TEatroensaio, 2009 e 2010) e João Mota (ESMAE – IPP,
2009-2010). Trabalhou como Orientadora de Projectos Independentes na ESMAE (2º Ano) durante o ano lectivo de 2009 e 2010.

Pedro Estorninho
 Actor e encenador em companhias portuguesas e estrangeiras: A Barraca, Teatro da Trindade, C.C.B., Casa Nostra, Théâtre Repetition de Paris, entre outras. Participou na Opera Oratorium “Une Femme de Parole” (compositor Thierry Machuel, encenação de Pierre Voltz -Nancy e Paris, 2006).  Encenou “Pedras Negras” peça apresentada no Teatro Comunale de Benevento (2007, Nápoles Itália). Escreveu para Companhia de Teatro de Sintra, Festival Vicentino, Festival de Artes de Monsaraz, Telemaque (Marselha), Theatre Repetition de Paris, Theatre 1.
 Publicou pela Editora Utopia o livro de contos “LX Contos”. Foi Conselheiro da Cultura do comité da Casa de Portugal Paris, Director da Companhia de Teatro de Portel. É Director Artístico da companhia TEatroensaio.

segunda-feira, março 18, 2013

Catarina Nunes de Almeida convidada por Poesia à Mesa: 16 a 23 de Março


Amanhã, 19 de março: Que se Lixe a Troika, de João Camargo sai da tipografia


É já amanhã que o livro de João Camargo, Que se Lixe a Troika!, sai da tipografia direito à distribuidora para estar presente em todas as (boas) livrarias e espaços livreiros do país. Com prefácio de Boaventura de Sousa Santos:

«Pese embora o poderoso slogan que lhe dá o título, este livro não é um livro de palavras de ordem. É um livro analítico e didático que identifica com rigor as políticas e os protagonistas que provocaram a crise e a estão supostamente a “resolver” à custa da destruição da nossa economia e da degradação do nosso bem-estar.

As análises contidas neste livro explicam, de modo acessível a leitores não especialistas, como foi engendrada a crise fi nanceira. Entregue a si próprio, depois de ter neutralizado o direito nacional e internacional que de algum modo o controlava, o capital fi nanceiro nacional e internacional envolveu-se em aventuras financeiras que geraram lucros fabulosos para os seus protagonistas. Quando as condutas irresponsáveis (pondo em risco pensões e aforros arduamente conquistados pelos cidadãos), moralmente repugnantes (violando a confi ança e a boa-fé dos depositantes) e mesmo criminosas (evasão fi scal de proporções gigantescas) finalmente deram para o torto, o capital financeiro mais uma vez capitalizou no controle que tinha assumido sobre as instituições públicas para continuar a prevalecer sobre os cidadãos. Assim, o gigantesco enriquecimento ilícito que gerou a crise continua sob a forma de resgates e recapitalizações bancárias supostamente para “resolver” a crise (...) »

Do Prefácio de Boaventura de Sousa Santos

«Três períodos | A história do Banco Central Europeu pode ser dividida em grandes períodos: o primeiro vai desde a sua criação em 1998 até ao fi nal do mandato do primeiro presidente, o holandês Wim Duisenberg, em 2003, acompanhando a introdução do euro, procurando afi rmar a força da economia e da moeda europeia perante o poderoso dólar e o ceticismo dos mercados financeiros; o segundo período começa com a entrada do francês Jean-Claude Trichet em 2003, quando o euro começou a crescer e quando o BCE repreendia França e Alemanha pelos seus défices orçamentais. Em 2008, já em plena crise financeira, o BCE congratulava-se pela resiliência europeia e do euro ao choque do subprime, mas em 2009, com o ataque especulativo à Grécia, após biliões de dólares e de euros serem utilizados nos resgates do sistema fi nanceiro, Trichet decide baixar as taxas de juros de empréstimo à banca privada para 1,5%, com o objetivo de estimular o crédito (nesta altura os Estados Unidos e a Grã-Bretanha já tinham as taxas de juro de referência perto do zero). Desde então começou o terceiro período do BCE, tendo continuado a baixar as suas taxas de juro, atingindo os 0,75% em 2 de julho de 2012, já liderado pelo italiano Mario Draghi. (...)
Monsieur Euro | O anterior presidente do BCE foi o francês Jean-Claude Trichet, antigo presidente do Banque de France. Assumiu o seu mandato em novembro de 2003, um ano mais tarde do que seria de esperar. Os presidentes do BCE devem cumprir mandatos de 8 anos não-renováveis, mas, devido a negociações entre franceses e alemães, o mandato do primeiro presidente, o holandês Wim Duisenberg, seria apenas metade do que era previsto – quatro anos. No entanto, chegada a hora do câmbio, Jean-Claude Trichet estava em pleno julgamento pelo seu papel na gestão do caso Crédit Lyonnais. Este caso foi apelidado pelo The Economist como “o escândalo financeiro do século”. É um título exagerado, pelo século que vinha pela frente ou pelo que deixava atrás. Mas foi seguramente o maior resgate que um Estado fez a um banco naquela década. Durante o mandato de Trichet enquanto presidente do banco central francês, o banco Crédit Lyonnais foi resgatado várias vezes, tendo o custo total do dinheiro público utilizado nestas operações chegado, segundo a BBC, aos 30 mil milhões de euros. Foi criado um organismo público – o Consortium de Reálisation (CDR) – para o qual foram desviadas todas as dívidas do Crédit Lyonnais, fruto da gestão ruinosa anterior que incluiu a compra dos estúdios de cinema MGM. Em maio de ‘96, a sede do Crédit Lyonnais ardeu em Paris durante 12 horas e desapareceram a maior parte dos arquivos do banco, assim como os seus computadores. O Crédit Lyonnais foi privatizado em 1999. Em 2003 o Crédit Agricole comprou o banco, dividindo-o em banca de investimento (Calyon) e banca de retalho (LCL). O Consortium de Reálisation (CDR), com as dívidas do Crédit Lyonnais, permaneceu na esfera pública – materializando aquele que já se vai tornando um ditado popular: “privatizam-se os lucros, nacionalizam-se os prejuízos”. O CDR acabou, entre outros prejuízos ao erário público, por pagar 285 milhões de euros de dinheiro público ao magnata Bernard Tapié, antigo proprietário da Adidas e do clube Olimpique de Marselha (razão pela qual a atual presidente do FMI, Christine Lagarde, está sob investigação da justiça francesa). Jean-Claude Trichet, no entanto, foi absolvido de quaisquer responsabilidades no caso e assumiu a pasta de presidente do BCE a 1 de novembro de 2003. O “Sr. Euro”, como a certa altura se autoproclamou, teve formação em engenharia e economia. Em 1971 foi nomeado inspetor-geral das Finanças em França e progrediu em 1987 até chegar ao cargo de Diretor do Departamento do Tesouro francês. A par da sua carreira pública, Trichet evoluiu no privado, tendo sido o presidente do Clube de Paris entre 1985 e 1993. Simultaneamente, de 1987 a 1995, Trichet foi um dos governadores do Banco Mundial, assim como governador alternante do Fundo Monetário Internacional. Em 1993 foi nomeado governador do Banque de France, banco central francês, onde cumpriu dois mandatos antes de assumir a pasta no BCE. (...)»
Que se Lixe a Troika, João Camargo. Deriva, 2012

sábado, março 16, 2013

«Que se Lixe a Troika!», de João Camargo: alguns extratos





«Estado da arte | O estado da arte da Economia dos nossos tempos é comparável ao da Medicina na Idade Média. Então na Medicinacomo agora na Economia, a intervenção da religião oficial no desenvolvimento
das ciências e das técnicas é definitiva e decisiva. Na Idade Média a religião oficial era a da Igreja, nos nossos tempos é a da Economia. Então como agora, a heterodoxia é heresia merecedora de punição, primeiro com a descredibilização, em seguida com o ataque. Então como agora, os efeitos da ortodoxia, que a classe dominante crêem benéficos para si, são a sangria dos povos. Então como agora, está provado que não são. A única grande expectativa é que as provas tornem hegemónico na sociedade que assim é antes do sangue acabar. A Economia oficial dos tempos em que vivemos, apesar de todos os desenvolvimentos tecnológicos, é uma Economia velha. Velha de 500 anos ou mais. Religiosa e ortodoxa na sua fé, nas suas bíblias, contrariando a lógica e o bem comum. A troika é a sua Inquisição.»

«Que se Lixe a Troika!» de João Camargo, Deriva, pág. 9



quarta-feira, março 13, 2013

«Que se Lixe a Troika!», de João Camargo. A capa

É esta a capa de «Que se Lixe a Troika!» de João Camargo. Prefácio de Boaventura de Sousa Santos


O TEatroensaio e o Auditório Vita apresentam "Parda" 15 de Março de 2013, 21h30, Braga



O TEatroensaio e o Auditório Vita apresentam "Parda"/15 de Março de 2013, 21h30, Braga

Como conclusão do tríptico sobre o “papel dos recasados na Igreja” a organização propõe a peça de Teatro “Parda”, do Mestre Gil Vicente, e interpretada pela companhia TEatroensaio com encenação de Pedro Estorninho.
Esta peça de teatro conta a estória de Maria Parda, figura tipo do século dos descobrimentos que, todas as noites, após a sua busca pelas ruas mendigando, se refugia na porta de uma igreja de Alfama e "pranta" as suas mágoas e também alegrias e memórias.

Entretecida de interrogações sobre a ordem e costumes estabelecidos, a obra de Gil Vicente encontra a intemporalidade e um eterno retorno à nossa condição de seres interrogantes.

Assim, transpõe-se Maria Parda para o século XXI e eis que deixa de ser uma identidade quebrada pelos vícios da vida, transmutando-se numa mulher obcecada pela sua necessidade de preencher e justificar as suas “faltas” através do consumo desmedido. Consumo esse que, levado ao extremo, torna a nossa vida sem sentido.

A sede do vinho não é mais do que a sede do espírito. Aquela sede imaterial de, com o palpável, saciar os vazios de uma alma que sente e se ressente da solidão entre os pares.

Maria parda pertence a uma sociedade de consumo bem actual, onde a solidão se encontra vincada pelas suas palavras e, onde o possuir é vendido como terapia.

Uma Boa forma alternativa para um serão de sexta-feira à noite.

“Parda”, Sexta-feira dia 15 de Março às 21.30 no Auditório Vita.

A Entrada é Livre. Apareçam.

Medeia Porto. Retrospectiva Homenagem a PAULO ROCHA. No Teatro do Campo Alegre.



Medeia Porto. Retrospectiva Homenagem a PAULO ROCHA. No Teatro do Campo Alegre.

“ A cultura portuguesa é muito afortunada, foi uma grande sorte para nós que pessoas como o Paulo Rocha tenham descoberto o cinema – e através dele conhecemos melhor quem somos”, disse o realizador, professor e ensaísta, João Mário Grilo, num depoimento prestado na altura da morte de Paulo Rocha (1935 – 2012) no final do mês de Dezembro passado. Como escrevia no seu obituário Mário Jorge Torres (Público, 30 Dez., 2012), o cineasta nascido no Porto, que estudou no Institut des Hautes Études Cinématographiques em Paris e foi assistente de Jean Renoir e Manoel de Oliveira, “ ‘viveu’ cinema” e realizou algumas das obras mais intensas da nossa cinematografia. Começou há cinquenta anos com um filme que veio “abalar” o cinema português (o francês Jean-Michel Frodon escreveu que é “o grande filme iniciador da modernidade”), e que será ainda o seu filme mais conhecido e aquele que mais influenciou as novas gerações de cineastas, “Os Verdes Anos”, e prosseguiu, num diálogo com presente e passado da nossa e da sua história, com filmes tão emblemáticos como “Mudar de Vida”, “A Ilha dos Amores” (esse “verdadeiro filme sobre a criação literária, soberbo monumento dedicado à Ásia”, escreveu Serge Daney), “O Rio do Ouro”, até “Vanitas” (está ainda por estrear a sua derradeira obra, “Se eu Fosse Ladrão Roubava”).
Em sua homenagem, a Medeia Filmes organiza, com a colaboração da Cinemateca Portuguesa-Museu do Cinema, uma retrospectiva da obra do realizador, cujo cinema “é a obra artística de um grande paisagista (barroco?; pós-impressionista?; japonês?), a pintura de uma natureza permanentemente mutável e vibrante, retrato da metamorfose contínua de personagens e das aparências fugazes do mundo; mas é também sobressalto da memória, percepção de indícios, encontro com as ruínas deixadas pelo tempo, pelo diálogo e pela dança com os mortos.” (Roberto Turigliatto, Il Manifesto).
No Teatro do Campo Alegre, de 14 a 20 de Março.
A SESSÃO DAS 22H DO DIA 14 SERÁ SEGUIDA DE UM DEBATE SOBRE PAULO ROCHA E A SUA OBRA, COM A PARTICIPAÇÃO DOS REALIZADORES E ESCRITORES REGINA GUIMARÃES E SAGUENAIL, COLABORADORES PRÓXIMOS DE PAULO ROCHA NA ÚLTIMA DÉCADA E MEIA, E O CRÍTICO DE CINEMA ANTÓNIO ROMA TORRES (este último ainda a confirmar).

HOMENAGEM A PAULO ROCHA: RETROSPECTIVA

quinta, 14 Março
18h30 e 22h OS VERDES ANOS (1963)

sexta, 15 Março
18h30 OLIVEIRA, O ARQUITECTO (1993)
22h MUDAR DE VIDA (1966)

sábado, 16 Março
18h30 A ILHA DE MORAES (1984)
22h  A ILHA DOS AMORES (1978-1982)

domingo, 17 Março
18h30 O RIO DO OURO (1998)
22h O DESEJADO OU AS MONTANHAS DA LUA (1987)

segunda, 18 Março
18h30 AS SEREIAS (2001) + A RAIZ DO CORAÇÃO (2000)
22h POUSADA DAS CHAGAS (1971) + MÁSCARA DE AÇO CONTRA ABISMO AZUL (1988)

quarta, 20 Março
22h, VANITAS (2004)

terça-feira, março 12, 2013

Contagem decrescente para «Que se Lixe a Troika!», livro de João Camargo


Está em contagem decrescente Que se Lixe a Troika! livro de João Camargo, um dos organizadores das manifestações de 2 de março de 2013. O livro contará com o prefácio de Boaventura Sousa Santos e entrará amanhã na tipografia.

segunda-feira, março 11, 2013

Catarina Nunes de Almeida na Poesia à Mesa


Este ano a Poesia à Mesa, apoiada pela Câmara Municipal de S. João da Madeira vai ter como companhia a Catarina Nunes de Almeida. As informações ainda são escassas, mas fica a promessa de irmos dando notícias do evento. Junto com a Catarina, estará Alice Vieira e Ana Luísa Amaral e dir-se-á poesia de António Nobre, Mário Cesariny e Vinicius. Quase que apostamos que Pedro Lamares vai estar presente a dizê-la como só ele sabe. Mas disso não há ainda confirmação.

Filipa Leal no Festival Literário da Madeira. De 1 a 7 de abril

Foto © Maria Craveiro


Entre 1 a 7 de abril, Filipa Leal vai estar presente no Festival Literário da Madeira que contará igualmente com a presença de Zygmut Bauman, Maria do Rosário Pedreira, Rui Zink, Pedro Mexia, Inês Fonseca Santos. O link do Festival é este.


Licenciada em Jornalismo pela Universidade de Westminster, Londres, e com Mestrado em Literatura (Estudos Portugueses e Brasileiros) na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Filipa Leal publicou, em 2003, Lua-Polaroid, livro de estreia que serve de referência luminosa para um trajecto literário que comemora o 10º aniversário. Em 2004, a escritora apresentou o seu primeiro trabalho de poesia, Talvez os Lírios Compreendam. A Cidade Líquida e Outras Texturas, O Problema de Ser Norte e A Inexistência de Eva (finalista do Prémio Correntes d’Escritas) compõem o percurso literário da autora. No exercício do jornalismo, Filipa Leal foi, durante os últimos três anos, jornalista e locutora residente do extinto programa Câmara Clara/Diário Câmara Clara, emitido pela RTP2.                            
Antes, protagonizou uma incursão pela Rádio Nova e assumiu a edição do suplemento Das Artes, Das Letras, no jornal O Primeiro de Janeiro, para além de ter desempenhado as mesmas funções na revista da Casa Fernando Pessoa. Antiga colaboradora da revista Os Meus Livros, a escritora publicou artigos em múltiplos jornais e revistas (Egoísta, MeaLibra, INÚTIL,Colóquio Letras, Textos e Pretextos, entre outras) e integra antologias em Portugal, Itália, Croácia, Galiza, Colômbia e Venezuela.A Cidade Líquida e Outras Texturas mereceu publicação em Espanha, numa edição bilingue, e um dos seus poemas foi exposto no Metro de Varsóvia, ao abrigo da iniciativa,Poems on the Underground. Em 2012, Filipa Leal representou Portugal no Festival de Poesia de Berlim e lançou a sua última coletânea de poesia, Vale Formoso.

domingo, março 10, 2013

Recensão (completa) de Hugo Pinto Santos, Atual/Expresso sobre Coleridge



Biographia Literaria
Samuel Taylor Coleridge
Deriva
Tradução: Jorge Bastos da Silva
128 págs.
14 €
Ensaio
2012
5 estrelas

Para Eliot, que não era pródigo no elogio, Coleridge era “talvez o maior dos críticos ingleses, e em certo sentido o último” – juízo que diz bem da importância deste homem dispersivo e genialmente vário. “Biographia Literaria” é destilação das suas digressões ensaísticas sempre apontadas à maior diversidade de origens, literaturas e profícuos cruzamentos. Entre eles, o menor não seria a filosofia, como quando, nestas páginas, vê na verdade “um ventríloquo divino”, ou quando, algures, ecoa Schelling ao conceber a beleza como “estenografia hieroglífica da verdade”. Assistemático e sinuoso na estrutura e nos modos de consecução, este é um cume da crítica romântica e um passo determinante na história geral do pensamento crítico. S.T.C. elege o modo narrativo “para dar continuidade à obra”, fundindo, de forma superiormente pessoal, rememoração, idiossincrasia – “Se disserem que isto é Idealismo, lembre-se que é somente idealismo na medida em que é (…) o realismo mais verdadeiro” – e a mais persistente reflexão sobre o acto poético – “os dois pontos cardeais da poesia, o poder de excitar a simpatia do leitor por meio de uma adesão fiel à verdade da natureza e o poder de conferir o interesse da novidade através do colorido modificador que é próprio da imaginação”. Por outro lado, opõe-se aos postulados de Wordsworth, nomeadamente onde este defendia a naturalidade de dicção e o mimetismo da fala “natural”, que Coleridge contesta, advogando um estatuto universal de toda a língua e defendendo que a “melhor parte da linguagem humana (…) deriva da reflexão sobre os actos da própria mente”. O presente volume disponibiliza cerca de “um quinto da extensão total” de uma obra pela primeira editada entre nós, que contou com o excelente trabalho de tradução e anotação de Jorge Bastos da Silva.

sábado, março 09, 2013

Expresso: 5 estrelas para Biographia Literaria de Coleridge


Biographia Literaria de Samuel Taylor Coleridge, teve uma tradução de excelência de Jorge Bastos da Silva. Houve hoje a recensão crítica do Expresso pela mão de Hugo Pinto Santos: cinco estrelas para o livro. O tradutor, o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, a FLUP e a Deriva estão de parabéns.

terça-feira, março 05, 2013

Filipa Leal na Secundária do Cerco do Porto, sexta, 8 de março, Dia da Mulher

Filipa Leal, por Nelson d'Aires

Foi através de Paula Cruz, responsável pelo Blogue Cercarte, que o convite se fez e teremos a Filipa Leal apresentando Vale Formoso e toda a sua obra poética na Secundária do Cerco do Porto. Será na sexta feira, dia 8 de março, Dia da Mulher.

segunda-feira, março 04, 2013

Quintas de Leitura, 14 de março, 2013


Fnac Gaiashopping


Hoje, na Fnac do Gaiashopping, Domingo no Corpo de Aurelino Costa e A Moralidade da Profissão das Letras de Stevenson

A sair muito em breve, Que se Lixe a Troika! de João Camargo, com prefácio de Boaventura Sousa Santos


No rescaldo das grandes manifestações de 2 de Março, o livro de João Camargo, Que se Lixe a Troika!, estará à venda nas livrarias muito em breve. Terá um prefácio de Boaventura Sousa Santos.

Domingo no Corpo, de Aurelino Costa já se encontra em distribuição


Domingo no Corpo de Aurelino Costa, já está em venda on-line nas Fnacs e nas Bertrands. A distribuição da Companhia das Artes está a decorrer em todo o país.

sábado, março 02, 2013

Eppur si muove, de João Pedro Mésseder. Um poema para um dia de luta

Gil Wolman

Eppur si muove

Em escadas insalubres há corações que vacilam
e em quartos escondidos anoitece a escassez.
Quantos tremem pelas ruas desse frio de alma e corpo?

Nos ecrãs, os sicários propalando a sua moral.
Mas a cupidez que os compra não se vê, nunca se vê.

Fecham fábricas e obras e lojas e serviços,
homens caem, sem amparo, no chão do tempo inútil,
emudecem grandes olhos de crianças, como punhos.

Nos ecrãs, os sicários propalando a sua moral.
Mas a cupidez que os compra não se vê, nunca se vê.

Em dias mais brumosos, até mesmo nesses dias,
colhem poetas adágios e silêncios muito azuis,
mas o seu canto naufraga em águas frias e turvas
quando cai de si abaixo a cidade atordoada.

Nos ecrãs, os sicários propalando a sua moral.
Mas a cupidez que os compra não se vê, nunca se vê.

A aflição como rotina, como regra a servidão.
Pesa a bruma, dizem uns, sobre as ruínas da cidade.
Outros dizem: já se move, já se move todavia.

João Pedro Mésseder
2 de Março de 2013