segunda-feira, agosto 31, 2009

Hoje, dia 31 de Agosto, no Pinguim, pelas 22h, uma sessão para lembrar Joaquim Castro Caldas


Creio que será muito pela iniciativa do Rui Spranger, que organiza estas sessões, que vamos lembrar o Joaquim Castro Caldas, no dia em que lhe passou pela cabeça dizer-nos «até já»! Faz um ano...

O Luís Miguel Queirós lembrou-o, hoje mesmo no Público, com este excelente artigo que me lembro de o ter lido por essa ocasião, já há uns tempos, portanto. Porque vale a pena lê-lo, retomo-o aqui:

«Não sei precisar a data, mas deve ter sido em 1989. Eu estava a jantar, sozinho, numa tasca da zona da Boavista, no Porto. Além de mim, só havia outro cliente, que me chamara a atenção porque, tal como eu, estava a ler um livro de poemas enquanto comia. Que a coincidência também o interessou tornou-se manifesto quando se levantou, se dirigiu à minha mesa e, sem quaisquer preâmbulos, atirou: "Tens olhos de poeta." A abordagem pareceu-me inquietante e, confesso, foi com alguma relutância que o convidei a sentar-se. Mas a conversa posterior deve ter-me tranquilizado, porque o levei para casa e, pelas três da manhã, estava a ouvi-lo dizer de cor os 168 versos da Tabacaria de Fernando Pessoa. Quando lhe chamei um táxi, e tendo em conta que eu próprio já então os utilizava diariamente e conhecia todos os motoristas da zona, preferia que não tivesse insistido em despedir-se de mim, dando-me, à porta de casa dos meus pais, sucessivos beijos no pescoço. Ainda assim, reconfortou-me pensar que sempre era uma sorte que ele fosse bastante mais baixo do que eu.A personagem chamava-se Joaquim Castro Caldas. Como fiquei a saber nessa noite, era uma ovelha algo tresmalhada de uma família tradicional, que até fornecera um ministro ao Estado Novo. Tinha caído de pára-quedas na anódina noite portuense, vindo de lugares bastante mais animados, como Paris, onde convivera com Leo Ferré, ou Veneza, onde afirmava ter guiado uma gôndola e cantado o fado. Agora, explicou-me, dera-lhe para se radicar no Porto e, às segundas-feiras, organizava umas sessões de poesia no Pinguim. Uma coisa suficientemente insólita para me despertar a curiosidade, nesse tempo em que éramos governados por um sujeito que não sabia quantos cantos tinham Os Lusíadas. Num ambiente escuro e enfumarado, sete ou oito pessoas ouviam o Caldas - chamei-lhe sempre assim, embora não se cansasse de me frisar que o nome dele era Joaquim - dizer poemas de Rimbaud (em francês), Pessoa, Sá-Carneiro, Almada, Herberto Helder ou Mário Henrique Leiria, mas também dele próprio ou de poetas muito novos, às vezes sem livros publicados. Tinha ao seu lado um grande baú donde ia tirando livros e papéis. Depois era a vez de a assistência se chegar à frente. Tanto surgia alguém a tentar imitar Villaret a dizer A Duquesa de Brabante, como um adolescente a gaguejar o poema que escrevera nesse mesmo dia. E quase sempre aparecia um senhor com idade para ser pai da restante fauna, que tinha uma bela voz e recitava em castelhano o Llanto por Ignacio Sánchez Mejías, de Lorca. A qualidade do que se ouvia era deveras desigual, mas o ambiente era único. Foi isso que tentei dizer quando escrevi uma notícia a divulgar estas sessões, que saiu no primeiro número do PÚBLICO, de 5 de Março de 1990. Ao lado de uma fotografia de Joaquim Castro Caldas com um livro à frente dos olhos e um copo de cerveja à ilharga, lia-se o título "Pinguim: poesia à queima-roupa". Quando as Segundas-Feiras de Poesia se tornaram um pequeno sucesso de público, com pessoas até sentadas no chão de cimento, nem por isso deixaram de se manter iguais a si mesmas. Mérito do Caldas, que, apreciasse mais ou menos o género, era um artigo genuíno. Não o estou a ver, por exemplo, a promover um José Luís Peixoto. Talvez lhe dissesse que tinha olhos de poeta, mas não lhe dedicaria uma sessão.»

sexta-feira, agosto 28, 2009

Aqui na Terra na Ler de Setembro

A revista Ler de Setembro traz uma nota sobre Aqui na Terra de Miguel Carvalho
Se há coisas que dão um real prazer a um editor é um livro de uma sua colecção sair numa página de uma revista que dá passos largos na qualidade. Já o dissemos aqui e voltamos a dizê-lo.
Desta vez, foi o Aqui na Terra de Miguel Carvalho que teve a atenção merecida da Ler nº 83, na sua página 80, com a (óptima) companhia de George Steiner, Ryszard Kapuscinski, Armand Marie Leroi, Peter Robert Campbell, Heinrich von Kleist, Umberto Eco, Reine Maria Rilke, Stephan Zweig entre outros, muitos outros.
A Revista traz uma entrevista de Carlos Vaz Marques a Miguel Sousa Tavares, uma outra de José Riço Direitinho a José Gil e artigos de opinião que não se devem perder. Nós elegemos as de Abel Barros Baptista, Rogério Casanova, Paulo Ferreira e Nuno Seabra Lopes, Pedro Mexia (este seu Habemus Merdam é imperdível), José Mário Silva (sobre a obsessão e a exigência da escrita), Francisco José Viegas (que fala dos cem anos de Lowry e do optimismo de Brockman), Filipe Nunes Vicente, Francisco Belard (sobre o papel da historiografia portuguesa) e as Heterodoxias de Eduardo Pitta. Finalmente, pensamos que não devem perder as variadas leituras que se nos oferecem sejam elas de José Riço Direitinho, de Rui Bebiano, de Filipa Melo e da simpática página para os mais novos de Carla Maia de Almeida.

quinta-feira, agosto 27, 2009

Aqui na Terra e Estudo Histórico sobre a Campanha do Marechal Soult em Portugal já nas Fnacs e nas principais livrarias

As dificuldades na distribuição destes livros estão (quase) todas ultrapassadas. Contudo, vale a pena os leitores estarem atentos
A Deriva sentiu a mudança na sua distribuição na pele de Aqui na Terra, de Miguel Carvalho e de Estudo Histórico sobre a Campanha do Marechal Soult em Portugal, de Alfredo Pereira Taveira, um livro fac-similado de 1898.
Infelizmente, uma mudança necessária traz consigo alguma instabilidade e, no caso de uma distribuidora novíssima - a Companhia das Artes - e ainda por cima do Porto (cremos, até, que será a única), ocasionou alguns transtornos muito dificilmente evitáveis na distribuição dos nossos livros que, paulatinamente, voltam às estantes das principais livrarias do país. Valha a verdade que a «mini crise» veio em meados de Julho e pleno Agosto, quando as pessoas vão a banhos, mas obriga-nos a pedir-vos desculpas e ao Miguel Carvalho pelo incómodo causado. Entretanto, para as Bertrand, o processo encontra-se ainda algo atrasado. Pensamos, contudo, que nos próximos quinze dias, estes livros estejam em pleno nesta cadeia livreira, assim como alguns do nosso fundo editorial que lograram sobreviver aos três meses de vida que lhes teimam em dar nos grandes espaços.
Aproveitamos igualmente esta pequena nota para dizer-vos que a responsabilidade de aguns títulos estarem, ou não, em algumas livrarias das grandes cadeias (Fnac e Bertrand) são da responsabilidade das próprias que mantêm uma política de centralização não nos cabendo, evidentemente, nenhuma responsabilidade nessa escolha. Seria muito bom que estivessemos em todas as livrarias, mas isso caberá também à «pressão» individual em sede de cada uma das livrarias que poderemos fazer junto dos seus responsáveis.
Continuem as vossas férias se for caso disso. Se já as tiveram, que tenham sido boas!

A Última Porta - TeatroEnsaio, 27/08 a 6/09, 22h, Cace Cultural do Porto(antiga central eléctrica do Freixo)


Este texto surge de uma notícia de jornal. Notícia que podia ser de um século qualquer anterior ao XIX. Mas não, aconteceu em 2005.Um grupo de homens foi escravizado por um agricultor a norte de Espanha, entre esses homens encontravam-se dois portugueses. Quando foram descobertos e soltos pela polícia local, um desses portugueses, António, devido aos maus tratos físicos e psicológicos só conseguia reter na memória o seu nome e nada mais. Nem sequer a sua nacionalidade sabia.Esta peça trata exactamente sobre o tempo de cativeiro desses dois homens. Mas aqui a dor é mais intensa, eles lembram-se de vários acontecimentos passados nas suas vidas, somente não se lembram dos nomes. Tudo são memórias dentro de um espaço psicológico confuso e que por vezes se perde e os faz perder.Uma das maiores e mais interessantes frases escritas por Lord Edmund Halley aplica-se perfeitamente a este espectáculo: “ Como as estrelas na noite também os nossos perdidos pensamentos furam a escuridão que envolve o espaço vazio até ao cérebro.”Pedro Estorninho

Ficha Artística:

Texto e Encenação Pedro Estorninho
Assistência de Encenação Inês Leite
Interpretação André Brito e António Parra
Desenho e operação de luz Romeu Guimarães

Execução:
Cenografia Hugo Ribeiro
Produção Catarina Mesquita
Design gráfico Pedro Ferreira
informações e bilheteira: 918626345 ou 937017575
teatroensaio@gmail.com

quarta-feira, agosto 26, 2009

O Século XX Esquecido, Lugares e Memórias, de Tony Judt

Tony Judt perpassa todo o século XX de um modo literalmente arrasador. O pior século de que há memória em termos de mortes e catástrofes humanas. Aceita Albert Camus e Hanna Arendt como filósofos honestos (embora ostracizados) e que viram onde estava o gérmen do terror e do mal. Bate em Sartre e Beauvoir e, cá para nós, muito bem. Defende (exageradamente?) Arthur Koestler e Manés Sperber. Desdenha de Althusser. Aponta, displicente, Antoine Compagnon. Condescende com Eric Hobsbawm (ainda bem) e Edward Said. Explica-nos melhor o suicídio de Primo Levi. Ataca Israel de hoje (ele que esteve na fundação de um Kibutz, logo em 1948) e é feroz para com Reagan e Tatcher. Ridiculariza Blair e a Terceira Via (terá Sócrates lido este livro?), assim como o socialismo que renega o papel regulador do Estado. No entanto, é liberal e aqui o problema torna-se insolúvel. Perante a negação de Marx, pelo menos o de um certo Marx, as alternativas que apresenta sossobram ainda. Não basta um estado regulador e interventivo à boa maneira do New Deal. Para esse peditório já demos nos anos 30. Hoje a humanidade defronta-se com problemas mais sérios e Tony Judt deixa tudo em aberto. Mais do que interpretar, podia, ao menos, ter a vontade de transformar... mas isso é marxista. De qualquer maneira, O Século XX Esquecido - Lugares e Memórias, é um livro indispensável para quem quiser lê-lo abertamente, sem preconceitos. Quem o publica é as Edições 70 e a tradução é de Marcelo Felix.

segunda-feira, agosto 24, 2009

Filipa Leal em Outro Mundo é Necessário em Salvaterra de Minho, 5 de Setembro

Nos dias 4 e 5 de Setembro, Filipa Leal vai estar presente em Salvaterra de Minho, na Galiza, no XXIII Festival da Poesia no Condado. Sobre este festival publica-se, numa forma muito peculiar de galego-português, o texto de apresentação:
«Em tempos de grave crise económica e social, o Festival da Poesia centra as suas reivindicaçons na demanda da construçom de umha realidade alternativa para o futuro do país e do mundo, que deverá partir dos povos que, autoorganizados e desde a base, configurem as vias de superaçom da engranagem sócio-política que dia a dia nos afecta e que só vai mudar através da activaçom dos movimentos populares. A nossa crise é o próprio sistema imposto.»

Em 2006, António Manuel Venda escrevia assim sobre Bebendo o Mar, no blogue Floresta do Sul:

Em 2006, António Manuel Venda escreveu assim sobre Bebendo o Mar no seu Floresta do Sul

Quarta-feira, 1 de Novembro de 2006
Um romance fabuloso que me ofereceram no Natal de 2003. O texto é do início de 2004.Livro: «Bebendo o Mar», de Xavier Queipo (Deriva Editores, 198 pp.)
Ensaio para a cegueira
Francis, um galego que vive na Califórnia, compromete-se a traduzir o último romance de um português a quem, «com toda a certeza», vão atribuir o Prémio Nobel de Literatura. Trata-se de «um tal Saramago». Francis acaba de saber que ficará cego em seis meses.Há poucos anos, um crítico escreveu sobre o primeiro livro de Saramago, apresentando as frases inicias, que «depois de um começo assim não há livro que se aguente». «Bebendo o Mar», do galego Xavier Queipo, trazido para Portugal pela «jovem» Deriva Editores, começa da seguinte forma. «Conheceram-se no cinema. Numa sala enorme, dessas que já quase não existem. Era a reposição de ‘Apocalipse Now’, a emocionante parábola de Coppola, baseada no ‘Coração das Trevas’ de Conrad. Na cena dos helicópteros avançando sobre os vietcongs ao som de Wagner, a sala encheu-se de luz e explosões de napalm. Foi ao primeiro olhar, quando as sombras deram lugar à luz. Foi então que ela disse, automática e sinceramente, com aquela segurança estóica das mulheres que se sabem fazedoras de sonhos:/ - Deixa-me dar-te a mão. Sinto um não sei quê desconfortável./ Está bem. Não te preocupes. Vou ficar aqui até ao fim do filme - respondeu Francis com uma segurança recém adquirida.»Foi assim o meu primeiro contacto com o escritor galego (n. Santiago de Compostela, 1959). Não pensei naquele começo, se um livro depois dele se «aguentaria» ou não, o que recordo apenas é que avancei pela leitura como se estivesse a ouvir o próprio autor a contar a história de Francis. Não posso fazer maior elogio. A leitura de «Bebendo o Mar» como que me envolveu num ambiente mágico, um ambiente do qual a pouco e pouco começava a ficar com pena de ter de vir a sair mais cedo ou mais tarde, assim que lesse a última frase. E sempre a pensar que naquele autor eu confiava, assim, a contar as coisas daquela maneira, tranquilamente, com fluência, como se escrever para ele não fosse - não seja - muito diferente de respirar; assim, pensava eu, ele há-de segurar até ao fim o ambiente de magia.Francis, o tradutor galego que conhece Rose no cinema quando inesperadamente ela lhe pede para darem as mãos, mergulha na obra de Saramago para traduzir «Ensaio Sobre a Cegueira», então o último romance do «tal» escritor português muito falado para o Prémio Nobel de Literatura. Tinha acabado de descobrir, depois de um exame médico de rotina, um problema nos olhos. «Daqui a seis meses estará completamente cego. Sem cura. É a única coisa que lhe posso dizer. Sem cura conhecida.» São as palavras do médico, que fazem Francis pensar numa «condenação pura, de gume de navalha de barbeiro, de dissecação e rotura, de relâmpago frio». E a «parábola» de Saramago para traduzir, uma «parábola milenarista de desestruturação da sociedade e de ausência de esperanças». E Francis com esperanças, a princípio, «as dúvidas sobre o diagnóstico, reforçadas, obviamente, pela ausência de um quadro sintomático sério e pelo receio de acreditar nos médicos como xamãs de uma cultura alheia e reacionária, e sobretudo no que se diz, linguagem mágica e hermética, afastada da realidade». E depois a realidade, os sintomas, a tradução do «ensaio» de Saramago... «Fumou um cigarro, olhando a praia. As ondas. O mar imenso. Os chafarizes das baleias de bossas erguendo-se imponentes a duas marcas da costa. Os surfistas. O sol brincando atrás de umas nuvens improváveis com aquele tempo, com aquele calor abafante, com aquele vento. Umas nuvens irreais, de miragem ou de maremoto interno. As ondas.» É uma praia da Califórnia, é outro mar que não aquele que banha a Galiza. Mas Francis ainda conseguirá ver também o da sua terra natal. Mais do que isso, bem mais.


António Manuel Venda e Xavier Queipo

Pack Bebendo o Mar, de Xavier Queipo e Erros e Tanatos, de Gonzalo Navaza. 10 euros


Os primeiras livros da Deriva: Bebendo o Mar de Xavier Queipo e Erros e Tanatos de Gonzalo Navaza. Somente por 10 euros em sua casa e sem custos.

Bebendo o Mar - Francis, tradutor galego, radicado na Califórnia conhece Rose, informática e irlandesa. Martin, o seu editor norte-americano pede-lhe para traduzir para o inglês a sua obra do momento: trata-se de um tal Saramago que, nesse ano, vai ser de certeza um Prémio Nobel. A obra deste ainda desconhecido escritor português chama-se "Ensaio sobre a Cegueira". Tradução de Dina Almeida

Xavier Queipo tem um público fiel em Portugal e é visita assídua das Correntes d' Escritas da Póvoa e das Literaturas em Viagem em Matosinhos. Para além de Bebendo o Mar conta com dois outros livros na Deriva: Os Ciclos do Bambu e Dragona


Xavier Queipo (Xavier Álvarez Vázquez) (Santiago, 1957). é um escritor multifacetado. Poeta, ensaísta e tradutor que conhece bem Portugal, conta com várias participações no Correntes d’Escritas, Literaturas em Viagem e colaborou em vários programas de rádio e revistas literárias. Depois de editar o seu primeiro livro em língua portuguesa «Árctico e Outros Mares», em 1990, publicou, pela Deriva, «Bebendo o Mar» tradução de «Papaventos», em 2003, e «Os Ciclos do Bambú», em 2005. Detentor de vários prémios literários como o Prémio da Crítica Espanhola, Café Dublin ou García Barros, traduziu ainda para o galego Amin Maalouf, Conrad, Joyce e Guivert. Colabora regularmente nos sites Vieiros, culturagalega.org, na Revista Grial e no «Diário Cultural» da Rádio Galega, para além de uma coluna no semanário «A Nosa Terra». Em 2007, é membro do Dichterscollectif de Bruxelas e escolhido como poeta oficial da mesma cidade onde vive desde 1987. Da sua já vasta obra literária que toca em todos os géneros literários, como gosta de ressalvar, conta-se «Ringside» (1993), «Diários de um Nómada» (1993), «O Paso do Noroeste» (1996), «Malaria Sentimental» (1999), «O Ladrón de Esperma» (2002) e «Dragona» este mesmo romance publicado na Galiza em 2007, ano em que edita igualmente «Saladina».

Erros e Tanatos - Colectânea de pequenos contos de uma ironia extremamente cáustica, escritos com um rigor assinalável e com finais inesperados. Tradução de Elisabete Ramos

Gonzalo Navaza é professor de Filologia e especialista em toponímia. Os seus contos são conhecidos pela sua ironia. Os seus versos são palíndromos: já repararam que se pode ler A Torre da Derrota também da direita para a esquerda?

Gonzalo Navaza (Lalín, 1957). Doutorado em Filologia. Professor da Faculdade de Filologia e Tradução da Universidade de Vigo. Lexicógrafo e especialista em toponímia e antroponímia. Realizou a edição crítica de Longa noite de pedra de Celso Emílio Ferreiro (1990). Tem publicado os livros de poesia: Fábrica íntima (1991), Premio Eusébio Lorenzo, 1989 e Prémio da Crítica Espanhola, 1992; A torre da derrota (1992), versos palindrómicos; e Libra (2000), Prémio Martin Codax 2000 e Prémio da Crítica Espanhola 2001. Tradutor de Jack London, A chamada da selva (1982, 2002), Georges Perec e Robert Graves. Recebeu o Prémio Ramón Cabanillas de tradução literária, 1989, pela sua versão para o galego de O Can dos Baskerville de Conan Doyle (1988). Como narrador publicou Erros e Tánatos (1996) Prémio Arcebispo San Clemente 1998, contos; Elucidário (1999), e Santos e Defuntos (2001), conto.

Relembrar Joaquim Castro Caldas (1956-2008). Um filme


Um filme de Paula Cruz que lembra Mágoa das Pedras de Joaquim Castro Caldas. Porque sim e porque sentimos a sua falta.

sexta-feira, agosto 21, 2009

BE, GUE e NGL debatem direitos de autor a 6 de Setembro no Porto

Debater os direitos de autor, o copyright, a propriedade intelectual, os downloads, etc. é a proposta que o Bloco de Esquerda, a Gauche Unitaire Européenne e a Nordic Green Left nos trazem aqui ao Porto, no dia 6 de Setembro, a partir das 14:30, na Academia Contemporânea do Espectáculo. O melhor de tudo é que também propõem, para além dos necessários debates, os concertos e a festa! A entrada é livre e é na Praça Coronel Pacheco, 1. A Deriva vai lá estar com livros e com preços muito especiais.

Pack Ser ou Não, de Xurxo Borrazás e As Rolas de Bakunine, de Antón Riveiro Coello. 10 euros

Pack de 10 euros em sua casa e sem custos

A extrema fluidez com que se lê Ser ou Não liga-se fundamentalmente com a estrutura narrativa directa e, por vezes, cruel com que Xurxo Borrazás trata as emoções e os desejos. A história centra-se na realização da própria obra literária numa aldeia perdida no interior da Galiza e onde duas personagens, o autor e uma velha aldeã, se encontram de uma forma estranha e intensa. A atribuição de um prémio literário acompanha paralelamente o desenrolar da história. A ironia encontra-se sempre presente numa obra já marcante da nova literatura galega. Tradução de Isabel Ramalhete.

As Rolas de Bakunine de Antón Riveiro Coello não é só a construção literária do anarquismo galego durante os anos da Guerra Civil de Espanha. É, também, uma excelente narrativa tendo por base a vida de Camilo Doldán que atravessa o século com a postura altiva dos que pouco têm a perder a não ser a dignidade de homens verdadeiramente livres. Um retrato real dos que deram a vida por uma utopia estampada nas páginas desta excelente obra na nova literatura galega a quem foi atribuído o Prémio García Barros. Tradução de Dina Almeida

Xurxo Borrazás é um dos escritores mais atentos e polémicos da Galiza actual

Xurxo Borrazás, nascido em Carballo, Galiza, em 1996, e inicia a sua obra narrativa com um forte impulso inovador. Em 1991 publica a sua primeira novela, "Cabeza de chorlito", e, posteriormente, no ano de 1994, ganha o Prémio da Crítica Espanhola e o Prémio San Clemente de jovens leitores com "Criminal". A partir da sua terceira novela, "Eu é" (1996) vai iniciar uma etapa em que a reflexão e o aforismo se misturam com a ficção com os livros "O desintegrista" (1999) e "Pensamentos impuros" (2002). A sua última etapa como narrador inicia-se com a novela "Na maleta" (2000), em que abandona a experiência formal para se aproximar de uma narração de tom coloquial que gera uma leitura fluida.


Está confirmado que Antón Riveiro Coello optou claramente pela romance histórico tendo ganho com As Rolas de Bakunine o Prémio García Barros
Antón Riveiro Coello, nascido em Xinzo de Limia, Galiza, em 1964, é um dos narradores mais destacados e premiados da nova literatura galega. Com "A quinta de Saler" foi finalista do Prémio de narrativa Torrente Ballester em 1998, no ano seguinte, "Animalia" obteve 0 Prémio Café Dublin de Narrativa e "As Rulas de Bakunin" seria Prémio Garcia Barros de Novela no ano de 2000. "Homónima", novela que lhe deu o Prémio Álvaro Cunqueiro de Narrativa publicou-se também nesse ano de 2000. No ano de 2003, a sua última novela, "A Esfinxe de amaranto".

Pedro Lopes de Almeida escreve sobre Arrastar Tinta, de Pedro Eiras e Nuno Barros

Uma recensão sobre Arrastar Tinta de Pedro Eiras e Nuno Barros, agora em A Pequena Morte, do Brasil. Interessantíssimo.
Ler aqui

quinta-feira, agosto 20, 2009

Pack Estranha Estrela, de Xabier López López e Tempos de Fuga, de Ramón Caride: 10 euros

Por 10 euros em sua casa, sem custos

A Estranha Estrela – Xabier López López
Romance de aventuras onde Emílio Amarante, o protagonista, está submetido a encontros extraordinários onde as leis naturais não ocupam grande lugar. Filósofos, corsários, navegantes de todos os feitos arrastam o leitor para o prazer puro da liberdade e da fruição da narrativa. Um romance onde se cruza o estilo oitocentista e o pós-moderno. Tradução de Ângela Carvalhas

Tempos de Fuga – Ramón Caride
Numa cidade desconhecida, um escritor atormenta-se com o desaparecimento da mulher. Em Nova Iorque, uma hospedeira trafica estranhas pedras e, em Vivier-Sur-Mer, Bretanha, outra mulher terá um inesperado encontro que mudará a sua vida. Os caminhos destas personagens vão confluir de um modo impensável através dos efeitos desses cristais, os oders. Tradução de Dina Almeida

Xabier López López é um dos mais prometedores escritores da Galiza. Estranha Estrela pertence à literatura fantástica muito ligada à temática da Filosofia

Xabier López López (Bergondo, 1974) é advogado. Publicou a sua primeira obra literária, Biff, Bang, Pou! (Novela quase negra) no ano de 1997. Logo com boa recepção, esta original paródia do género detectivesco cheia de referências ao mundo do cinema, arrecadou uma especial repercussão crítica com a novela Doctor Deus (1999), situando-se entre os narradores galegos dos anos noventa que integram no seu discurso uma vontade de renovação e uma necessidade de se vincularem à narrativa contemporânea universal. Posteriormente, com O caderno, obteve o Prémio Risco de Literatura Fantástica 2001 e, no ano seguinte o Lueiro Rey de Novela Curta com O Mono no espello. Seguindo-se A Estraña Estrela publicada em 2003 e A vida que nos mata que obteve o Prémio de Novela Garcia Barros 2003.

Ramón Caride Ogando viu o seu livro Tempos de Fuga traduzido no México e provavelmente irá vê-lo também em filme
Ramón Caride (Ramón Caride Ogando) (Cea, 1957). Licenciado em Biologia. Professor do Ensino Secundário em Cambados. Colaborador de distantes publicações literárias. Os seus primeiros livros foram os pemários Paisaxe de verde chuvia (1986) e Todo quanto há no mundo (1989). Retomou o género poético com Cerne das labaradas (1994), Flor no deserto (1995), Prémio Cidade de Ourense 1994, Xeografias do sal (1999), candidato ao Prémio Miguel Ganzález Garcés e Daicrónica (2000). Como narrador tem publicado os livros de relato Os olhos da noite (1990), Crónica de sucesos (1991), Lumefrío (1994), Fendas no tempo (1996), o conto "Snuff movie", incluído em Narradores de Cine (1996), A incerteza dos paraísos (2000) e o relato "Espacios de resistencia" incluído em Longa lingua (2002). Duas selecções dos seus relatos estão publicadas em Negros espellos (2001) e Escáner (2002). Publicou as novelas: Soños eléctricos (1992), Prémio Blanco Amor; Sarou (1997), Prémio Café Dublin. É autor da peça teatral Historia dunha sobreira (2001). Para o público infantil é criador da série formada, até ao momento, pelas novelas Perigo vexetal (1995), Prémio Merlín 1995; Ameaza na Antártida (1997) e O futuro roubado (1999), reunidas no volume As aventuras de Said e Sheila (2001). É também autor do conto "A primeira aventura de Said e Sheila" incluída no volume Historias para calquera lugar (2001) e do conto infantil Micifú e os seus amigos (2001).

segunda-feira, agosto 17, 2009

Pack Ex de Patrick Raynal e Odeio as Manhãs de Jean-Marc Rouillan: 10 euros

O Pack de dois livros: Ex e Odeio as Manhãs (10 euros) em dois dias na sua casa. Sem custos.

Patrick Raynal, embora nascido em Paris é um bretão por adopção. Escreveu Ex, um romance sobre ex-militantes esquerdistas que tentam o reencontro. Foi responsável, durante anos, da Série Negra da Gallimard
Patrick Raynal, nascido em Paris em 1946. De 1967 a 1972, é militante sucessivamente do PCF, UJCML e da Gauche Prolétarienne. Obtém um mestrado em letras em 1970 . Escreve romances negros desde de 1980. Cronista literário, colaborou no Nice matin e Monde des Livres durante vários anos. Vive em Paris. Dirige a Série Noire da Gallimard desde 1991, criou a colecção La Noire. Bibliografia: La Poignee dans le Coin, 2001; Chasse A L'homme, 2000; Melancholia, 1999; Le Marionnnettiste, 1999; Le Tenor Hongrois, 1999 ; Le Poulpe, Le Film,1998 ; La Plaine, 1998; En Cherchant , 1998; Arretez le Carrelage,1995; Blue Movie,1997; Ne de Fils Inconnu, 1997; Nice Est, 1998; La Vie Duraille,1997; La Cle de Seize, 1996; Arret D'urgence, Albin Michel, 1990. Réédition le Livre de Poche, 1992; Fenetre Sur Femme, 1990; Nostalgia in Times Square,1987; Very Nice,1982; Ombres Blanches; Corbucci, 2001; Le Livre des Alcools de la Serie Noire, 2001.
De Lorient a Dublin, de Nice a Bamako, Jo Randa, a personagem deste romance, faz remontar o tempo. Inventário das trajectórias e derivas pessoais, regresso aos anos de chumbo, morte das utopias, término das ilusões políticas, um destino de um homem emerge das sombras do passado.
Tradução de José Jorge Duarte

Jean-Marc Rouillan, autor de Odeio as Manhãs, viu indeferida a sua libertação em março de 2009, depois de um longo período de reclusão em várias penitenciárias francesas acusado de pertencer à Accion Dirècte.
Jean-Marc Rouillan nasceu em 1952, e participou muito jovem no movimento anarco-comunista de Toulouse e, depois, no movimento anti-franquista. Assim, no decurso dos anos 70, foi membro do primeiro núcleo de organização armada onde se desenvolveu o movimento operário clandestino da região de Barcelona: o Movimento Ibérico de Libertação (MIL). Um dos seus membros, Salvador Puig Antich, foi o último condenado político a ser garrotado a 2 de Março de 1974, já no estertor do ditador Franco. Portugal conheceu bem este crime tendo havido, nessa altura, acções de rua contra o regime que então guiava os destinos do estado espanhol. Participou, mais tarde, na fundação dos Grupos de Acção Revolucionária Internacionalistas e ao movimento autónomo (surgido da deriva espontaneísta de maoístas e de um renovado movimento revolucionário na juventude. Em 1978, participa na fundação da Acção Directa, organização desmantelada em 1987. "Odeio as Manhãs" foi escrito clandestinamente a meio de uma greve de fome no centro prisional de Lannemezan e terminou o livro, a lápis, no Hospital de Fresnes. Foi publicado em 2001.
Jean-Marc Rouillan está preso desde 1987, desde o desmantelamento da Action Directe, cumprindo uma pena de prisão perpétua. Esta crónica foi escrita em 2001 na central de Lannemezan e conta o quotidiano da sua vida prisional sob um regime ultra-severo. Denuncia também a ligação muito discutível entre a medicina e a prisão.
Tradução de José Paulo Vaz.

António Carlos Cortez critica Um Punhado de Terra de Pedro Eiras, no JL

A recensão crítica de António Carlos Cortez, no último JL de 12 a 25 de Agosto, visa Rui Pires Cabral e Pedro Eiras, nomeadamente o seu último livro editado pela Deriva, Um Punhado de Terra. Aí se diz que «(...) este é um excelente momento de leitura, já pelo que promove de trabalho intertextual, cruzando a Literatura e a História, quer já pelo exímio discurso de Pedro Eiras, autor, cada vez mais, de livros híbridos, através dos quais vai erguendo uma literária singular no panorama da nossa língua. Um desconstrutor de géneros, um dramaturgo com um poeta dentro. Um investigador com olhar de romancista. Um adepto da diluição total dos géneros literários.»

domingo, agosto 16, 2009

Tiago Sousa Garcia, no Rascunho.net faz a crítica de Arrastar Tinta de Pedro Eiras e Nuno Barros

O excelente Arrastar Tinta, de Nuno Barros e Pedro Eiras, tem espaço de crítica para o Rascunho.net por mão de Tiago Sousa Garcia que nos vem habituando a um rigor crítico nada usual por estas paragens (portuguesas). Dele, deixamos um pequeno registo do texto integral que pode ser consultado aqui:
«(...)Dois autores fundem-se em um. Será? «Nunca vi o invisível./ Diz aquele que escreve sobre aquele que pinta» (p.49). Subitamente há, de novo, dois sujeitos. Um que escreve, um que pinta. Mas quem é quem? «Nunca verei o invisível, diz ele/ (quem? um de ambos)» (idem). Há novamente dois, mas dois anónimos. Um pinta, outro escreve, mas são ambos o mesmo espírito com resquícios de músculo diferente. Esta ideia é levada ao limite quando, já findo o livro, uma pequena nota revela, confidente, que há «ecos de Echart, Kleist, Freud, Carlos de Oliveira, Herberto Helder, Gastão Cruz, Manuel Gusmão, Gonçalo M. Tavares, Manuel de Freitas» (p.56) e então dois autores, que foram unos na criação espiritual, que voltaram a ser dois pela concretização muscular, tornam-se repentinamente numa multidão. Arrastar Tinta torna-se um livro escrito por todo o sistema literário, algo que é profundamente aceite e reflectido por um único sinal de pontuação: «No início, dizia eu (?), era o caos» (p.53)(...).»

Isabel Alves Costa (1946-2009)

Sentimos muito o desaparecimento de Isabel Alves Costa que não chegou a ver o «seu» Rivoli de volta ao público. Estivemos com ela na apresentação de Um Punhado de Terra, de Pedro Eiras e retivemos a sua segurança, a sua fala cadenciada e a objectividade e humildade de uma grande senhora do teatro. Creio que não a esqueceremos tão depressa.

quarta-feira, agosto 12, 2009

Estudo Histórico sobre a Campanha do Marechal Soult em Portugal, de A.P.Taveira, no Jornal de Negócios de sexta, dia 7 de Agosto


E O Estudo Histórico sobre a Campanha do Marechal Soult em Portugal de Alfredo Pereira Taveira vai chamando as atenções da imprensa. Saiu no dia 7 de Agosto no Jornal de Negócios com uma simpática recensão crítica.

Miguel Carvalho no último Expresso e na Visão

Miguel Carvalho no Expresso pelo Aqui na Terra. *****. Recensão de Ricardo Marques
Ler a crítica aqui
Na Visão:
E no jornal do SPN (Sindicato de Professores do Norte):

Pedro Eiras em Os Meus Livros, de Agosto de 2009

Pedro Eiras e Um Punhado de Terra em Os Meus Livros de Agosto de 2009 (nº78) - ***** recensão de Andreia Brites.