segunda-feira, janeiro 31, 2011

Correntes D'Escritas, Ricardo Romero, 24 de Fevereiro



dia 24        Quinta-feira

15h00    3ª Mesa: “A minha arte é uma espécie de pacto” | Auditório Municipal da Póvoa de Varzim
David Toscana
Juva Batella
Luís Represas
Manuel Jorge Marmelo
Mário Lúcio Sousa
Ricardo Romero
Rui Zink – moderador

17h00              Lançamento de Livros | Casa da Juventude 
Nenhum Lugar, Ricardo Romero, Deriva
                      



“AS COBAIAS”, 3D, 1.02.11

“AS COBAIAS” é o título do segundo disco de originais do projecto da dupla João Nobre/Pedro Quaresma.

Baseado na história original com dez capítulos, criada por Adolfo Luxúria Canibal, este novo projecto vai muito para além da música e será editado em formato de livro, onde a história, além de ser musicada, será também ilustrada integralmente em banda desenhada, por João Maio Pinto.
Sinopse: O Professor M. é um pacato cientista, entregue à pesquisa obcecada de novas ferramentas tecnológicas no laboratório de física nuclear de uma grande empresa de informática.  Mas por detrás do seu ar de investigador alienado esconde-se um implacável homem de acção, de uma frieza extrema, sempre pronto a intervir quando considera que uma nova invenção caiu em mãos erradas ou pode pôr em causa a segurança do planeta…
          Mais aqui.

Bailias no Botequim da Graça


Quarta-feira, dia 3, pelas  22:00, apresentação de Bailias, de Catarina Nunes de Almeida., no renovado Botequim da Graça, fundado por Natália Correia, em 1968, com Isabel Meyrelles, Júlia Marenha e Helena Roseta. Foi ali, no Botequim que, durante as décadas de 70 e 80, se reuniu grande parte da intelectualidade portuguesa, de Fernando Dacosta a David Mourão-Ferreira, António Alçada Baptista, José-Augusto França, Luiz Pacheco, Ary dos Santos e José Cardoso Pires.

 
Botequim da Graça | Largo da Graça, 79/80 | Lisboa, Portugal

               Na sessão estarão presentes além de Catarina Nunes de Almeida, Duarte Braga, Ana Salomé e os   Belle Route.

sábado, janeiro 29, 2011

O Conto da Travessa da Musas, João Pedro Mésseder e Manuel Sâo Simão

Sabia que...

Podemos dinamizar uma actividade na sua escola e/ou biblioteca
 Pergunte-nos como....


[...] Da janela, observava aquela travessa de pessoas humildes, onde a sua família era a única de «gente remediada» - assim dizia a mãe - e por onde, ao fim da tarde, circulava um polícia gordo e pachorrento, com cara de tractor amolgado, a quem a garotada chamava «o Bigodes». Era também na rua, quase sem trânsito, que brincava e jogava à bola, com grande alarido, a miudagem das casas pobres. [...]  in O conto da Travessa das Musas, João Pedro Mésseder (texto) e Manuela São Simão (ilustração)

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Gil J Wolman, 28 JAN - 27 MAR 2011 - Museu de Serralves

O artista francês Gil J Wolman (1929–1995) foi um pioneiro na exploração da intersecção entre o texto e a imagem na arte do século XX. A exposição “Sou Imortal e Estou Vivo” é a primeira grande mostra monográfica da obra de Wolman realizada fora de França, reunindo cerca de 250 obras e documentos, de "L’Anticoncept" [O Anticonceito] (1951) – o célebre filme que escandalizou o Festival de Cannes – até "Voir de mémoire" [Ver de memória] (1995). A exposição apresenta numerosas peças nunca antes exibidas, podendo ser também considerada uma enciclopédia do letrismo, movimento artístico que Wolman protagoniza, juntamente com Isidore Isou e Guy Debord. [mais]

Ver "L’Anticoncept", [O Anticonceito] (1951), de Gil J Wolman     aqui.
Ver "Venom and Eternity", de Isidore Isou, considerado o manifesto do letrismo aqui.


quinta-feira, janeiro 27, 2011

Ricardo Romero nas Correntes d'Escritas 2011

A presença de Ricardo Romero nas Correntes D'Escritas de 2011 está confirmada. Uma oportunidade para conhecer o autor de "Nenhum Lugar" publicado pela Deriva e traduzido por Patrícia Louro.

Ricardo Romero nasceu no Paraná, em 1976. Licenciado em Letras pela Universidade de Córdoba, vive, actualmente, em Buenos Aires. Ninguna Parte é o seu primeiro romance. Dirige a revista literária Oliverio.


Em 2006, publicou um livro de contos, Tantas Noches como sean necesarias. Em 2008 publicou El síndrome de Rasputín e em  2010, Los bailarines del fin del mundo, obras de vivem nas margens do fantástico, do absurdo e do policial.

terça-feira, janeiro 25, 2011

Sugestão para a Semana da Leitura 2011

A Semana da Leitura, uma iniciativa do PLANO NACIONAL DE LEITURA [PNL], é já uma "instituição"  nas escolas do nosso país. Nesta 5ª edição,  a dinamizar entre 21 e 25 de Março de 2011, a Semana da Leitura centrar-se-á na relação LEITURA - ENERGIA - FLORESTA, conjugando-se, deste modo, com a comemoração do Ano Internacional das Florestas.
Em 2011, o desafio é lançado a partir de um conjunto de motes, podendo cada escola/ agrupamento de escolas escolher um ou vários em função do seu projecto educativo, e dinamizar iniciativas/ actividades de promoção de leitura que envolvam as crianças e jovens, outros sectores da comunidade escolar e a comunidade em geral.

MOTES

Leituras em alta tensão | Ler+ é +Vida | Circuitos de Leitura
Leituras luminosas | Ler+ com +energia
Choques de Leituras | Ler+Verde

Estes motes deverão ser encarados como catalisadores de iniciativas que traduzam saberes e competências da população escolar, numa articulação transversal do(s) currículo(s) que constitua um desafio à imaginação e à criatividade.

As iniciativas/ actividades a desenvolver serão enquadradas por uma ou várias das áreas que se seguem:
Floresta/ Recursos Naturais/ Sustentabilidade do Planeta/ Energia e Vida/ Ambiente/ Planeta Verde/ Consumo/ Tecnologias.

  Perigo Vegetal, de Rámon Cáride (texto)  e Miguelanxo Prado (ilustração), aborda, de uma forma simples, as consequências nefastas da monocultura e da manipulação genética, sem controlo e sem escrúpulos.


Mais sobre o Perigo Vegetal no blogue As aventuras de Sheila e Said.

domingo, janeiro 23, 2011

Céline continua polémico em França

Louis-Ferdinand Céline constava de uma lista de personalidades que seriam homenageadas em 2011, em França, aproveitando o cinquentenário da sua morte. À última da hora o sobrinho de Miterrand, o senhor ministro da Cultura Frédéric Miterrand, resolveu riscá-lo de todas as homenagens oficiais afirmando que o acto foi fruto de muita reflexão (estilo hoje, em Portugal, um dia antes das eleições). Só o facto de o pretenderem homenagear já é, de si, ridículo. Saneá-lo à má fila, não deixa de ser uma vergonha. Sabemos também que o senhor era antisemita, um pouco execrável como pessoa (recusou-se, por exemplo, como médico a tratar as filhas de Listopad com uma gastrentrite, porque «tinha de dar comida aos cães») e que foi salvo do pelotão de fuzilamento em 1945 por outras personalidades como Camus ou Jean-Paul Sartre. Mas isso não me impede de dizer que o maior libelo contra a guerra que alguma vez li foi o da sua Viagem ao Fim da Noite em que relata a sua experiência na I Guerra. Talvez se aprendesse mais sobre o fenómeno do antisemitismo e de como o ovo da serpente pode estar em todos e em cada um de nós. Calar, omitir, nunca foi uma boa opção.

sábado, janeiro 22, 2011

GUIAS SONORAS e outras abrasivas, João Pedro Mésseder


Brechtiana (I)

O analfabeto político ignora que votar em branco, ou abster-se, é sempre, sempre votar em alguém. O vencedor, secretamente, agradece.

Brechtiana (II)

O analfabeto político confunde o voto com a expressão de um estado de alma.
                                    João Pedro Mésseder, in GUIAS SONORAS e outras abrasivas

quinta-feira, janeiro 20, 2011

VERDES SÃO OS CANTOS


VERDES SÃO OS CANTOS é um ciclo mensal que tem como objectivo reunir novos nomes da poesia e da música portuguesa numa sexta-feira de cada mês. O cenário é sempre uma das livrarias do grupo Coimbra Editora. As sessões dividem-se em dois momentos – um recital poético e um concerto. O quarto encontro conta com a presença da poeta MARTA BERNARDES e com a música da ALMA FÁBRICA. Porque o mote destas sessões é a poesia, os poetas e os músicos trarão algumas escolhas de “autores da sua vida” que serão lidos e comentados juntamente com o público.

quarta-feira, janeiro 19, 2011

O Canto de Tila: Homenagem a Matilde Rosa Araújo [25 de Janeiro]


A unidade curricular de Prática Instrumental e Vocal II (Música de conjunto), sob a direcção de Graça Mota, a unidade curricular de Literatura para a Infância e Promoção da Leitura, leccionada por José António Gomes, Ana Cristina Macedo e Ana Isabel Pinto, o NELA (Núcleo de Estudos Literários e Artísticos da ESE do Porto), os idalunos de Educação Musical (2.º ano) e alunos de Educação Básica (3.º ano) promovem, no próximo dia 25 de Janeiro (terça-feira), uma homenagem à escritora Matilde Rosa Araújo (falecida em 2010), figura inesquecível da nossa literatura para crianças.

A iniciativa consta de um colóquio (16h) – em que participam José António Gomes, Ana Margarida Ramos, Sara Reis da Silva, Maria Elisa Sousa, Jorge Alexandre Costa e Ana Cristina Macedo – seguido de uma audição integral de As Cançõezinhas da Tila, de Fernando Lopes-Graça e Matilde Rosa Araújo (18h), entremeada de leituras e comentário de textos.


Programa homenagem Matilde

A MOBILIZAÇÃO GLOBAL seguido de O ESTADO-GUERRA, de SANTIAGO LÓPEZ-PETIT

Se existe na actualidade uma sensação difundida, ela é a de uma profunda incerteza. A incerteza está presente a todos os níveis. O planeta azul prossegue o seu solitário caminho pelo universo, ainda que, porventura um dia, venha a transformar-se num féretro gigantesco. A sociedade é cada vez mais um mero nome para a cobiça de uma multiplicidade de comportamentos sociais, de itinerários e destinos individuais. O homem, por seu lado, abandonado a si mesmo, está destinado a lutar só para não se afundar na exclusão. Incerteza vivida, pois, como insegurança permanente: medo de perder o trabalho, medo de envelhecer, medo por não sabermos o que será dos nossos filhos… Esta insegurança que sobrevoa a nossa existência como uma nuvem negra, não só nos mostra a vulnerabilidade a que supérfluos. Estamos sós face ao mundo. Ou, o que é o mesmo, interiorizámos aquilo que os nossos governantes nos repetem incessantemente, «a vossa situação depende apenas de vós mesmos». E acreditamos que é assim. in A MOBILIZAÇÃO GLOBAL seguido de O ESTADO-GUERRA, de SANTIAGO LÓPEZ-PETIT

O Aquário (4.ª edição) já está nas livrarias







O Aquário, de João Pedro Mésseder (texto) e Gémeo Luís (ilustração) já está na 4.ª edição e disponível nas livrarias. Uma história de peixes, cores e sabores que não é só  para os mais pequenos, afinal, um aquário é também um mundo em miniatura, onde se jogam relações entre iguais e diferentes, novos e velhos, e onde se geram preconceitos e ideias feitas. As ilustrações ajudam a compreender situações e personagens, sem deixarem de construir um cenário onírico e sedutor.
Um livro recomendado pelo PNL e por todos (e foram muitos) aqueles que já o leram.

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Odisseia: Oficina de Escrita com Jean-Pierre Sarrazac e Alexandra Moreira da Silva


MOSTEIRO DE SÃO BENTO DA VITÓRIA | 6-8 de Fevereiro
Uma perspectiva ampla sobre um processo de qualificação da experiência dos diversos protagonistas que concorrem para o acto teatral não poderia prescindir de um raciocínio sobre a escrita dramática. Da torrente de ideias que terá emergido do colóquio de Janeiro, organiza-se um processo de criação em ambiente de formação capaz de as deter em ficções dramatizáveis. Jean-Pierre Sarrazac, professor no Instituto de Estudos Teatrais de Paris III, Sorbonne Nouvelle, autor de obra dramática e de análises fundamentais sobre a natureza do acto dramatúrgico (o TNSJ publicou, em 2002, O Futuro do Drama e apresta-se a publicar Eu Vou ao Teatro Ver o Mundo), saberá ser não apenas um motor da escrita como uma inesgotável fonte de informação qualificada sobre o património herdado e sobre as estratégias da dramaturgia contemporânea. A acompanhá-lo, Alexandra Moreira da Silva, investigadora em Estudos Teatrais e Estudos de Tradução, garante não apenas o trânsito entre línguas e a constância de acompanhamento dos formandos, como reforça essa intenção de juntar ao gesto de criação uma estrutura sólida de conhecimento, condição prévia a qualquer real emergência do novo. [via TNSJ]
O n..º1 da colecção Pulsar, uma parceria Deriva / ILC, é a A Invenção da Teatralidade, seguido de Brecht em Processo e O Jogo dos Possíveis, traduzido por Alexandra Moreira da Silva. 

domingo, janeiro 16, 2011

Das aspas e dos parênteses

Por lapso, alguns sites e blogues,  ao anunciarem a lista de livros finalistas ao  prémio literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa indicam incorrectamente o título do livro de Armando Silva Carvalho, aparecendo grafado: "Deriva Anthero, Areia & Água ". Um lapso evidente, Deriva (que somos nós) é a Editora do livro de Filipa Leal, A inexistência de Eva


sexta-feira, janeiro 14, 2011

“LA COMMUNE (Paris, 1871)” de Peter Watkins, Auditório de Serralves




“La Commune (Paris, 1871)” de Peter Watkins



Com a presença de Jean-Pierre Le Nestour e Patrick Watkins, da Associação Rebond pour La Commune.

O filme será apresentado em 4 partes, com legendagem em inglês:

18 JAN (Ter), 18h30 e 21h30 - 1ª e 2ª sessões
19 JAN (Qua), 18h30 e 21h30 - 3ª e 4ª sessões
 
Esta sessão integra o programa “Arte, Política, Globalização” da exposição “Às Artes, Cidadãos!”

quinta-feira, janeiro 13, 2011

Escape à crise, lendo

Ler ainda é o melhor remédio... Aqui na Deriva, propomos-lhe que vá umas horas até um Magic Resort ou então que escape para Nenhum Lugar. Vale a pena evadir-se, lendo.



Ele adorava andar por diferentes lugares. A vida sedentária era algo que tinha abandonado há muito tempo, e ter de dar explicações parecia-lhe deplorável. As suas viagens duravam um mês, e no princípio contar com esse tempo de solidão resultava-me agradável e produtivo. Estavam a encarregar-me boas traduções e trabalhava com prazer. Tomava o pequeno-almoço no escritório, saia a passear durante a tarde, e voltava a traduzir até de madrugada. Além disso, parecia-me excitante esperar o reencontro e deixar que me sequestrasse de férias quando chegava.
 Um ano depois, tinha a impressão que os meus dias eram mais solitários do que tinha desejado. Comentei um par de vezes a Marcia o meu descontentamento, e conseguiu convencer-me a começar uma terapia. Escolhi um psicanalista que me disse para ir duas vezes por semana. Nunca me senti cómoda no divã. Costumava perder-me num rosário de anedotas infrutíferas, ou então cansava-me do silêncio e adormecia. Uma vez acordei sobressaltada, vociferando que me afundava num lugar que não desejava. Vá-se lá saber o que interpretou, mas foi a sua melhor intervenção. Descruzou as pernas e disse-me: “Compre um caderno e escreva o que quiser. Trabalharemos com esse material. [Magic Resort, Florencia Abbate]

- Chamo-me Mauricio e tenho vinte e sete anos, e amanhã vou rir-me disto tudo, que me chamo Mauricio e tenho vinte e sete anos.

Antes de acabar a frase Mauricio percebeu que tentar tranquilizar-se falando não tinha sido uma boa ideia. No silêncio da noite escutou a sua voz, e foi-lhe tão estranha, tão alheia, que a custo pode controlar o impulso de abrir a porta e afastar-se a correr do carro. Num segundo conseguiu pensar, “não devo correr, não devo correr”, e com a mão na fechadura viu-se fugindo com grandes passadas, sem correr, caminhando a alta velocidade, o corpo duro e torpe tentando acelerar o passo sem desatar a correr. Ainda com a mão na fechadura, foi invadido por um ataque de riso. Riu-se durante vários minutos e, quando pode por fim controlar-se, descobriu-se cansado e sem medo. Talvez agora pudesse voltar a dormir, pensou, enquanto fechava a janela porque começava a sentir o frio." [Nenhum Lugar, Ricardo Romero]

terça-feira, janeiro 11, 2011

Filipa Leal entre os finalistas do «Prémio Literário Casino da Póvoa»

Filipa Leal integra a lista para o «Prémio Literário Casino da Póvoa», hoje divulgada, com a sua obra «A inexistência de Eva» (Deriva,2009). A decisão será anunciada dia 23 de Fevereiro, na abertura da da 12ª edição do Correntes d’Escritas.


Filipa Leal, além de «A Inexistência de Eva», publicou na Deriva «O Problema de ser Norte» (2008) e «A Cidade Líquida e Outras Texturas» (2006). O Expresso considerou-a, em 2010, um dos talentos para a próxima década:

«NASCEU no Porto, numa casa no centro da cidade que tinha um enorme armário, refúgio de brincadeiras secretas. Aos onze anos disse: "Quero ser escritora. A poesia já estava lá, ocupando o espaço do silêncio. Escrever poemas significa "ir ao mais profundo e à superfície de nós próprios", diz. "Apesar de a poesia ser um lugar cheio de artifícios, é onde me sinto com maior exactidão. Pego no meu real, desdobro-o e alargo para o campo da imaginação». O processo começa assim: "Deixo-me habitar pelas palavras e pelas imagens, o poema só acontece muito depois". Desde 2005 já publicou cinco livros, entre eles "Cidade Líquida'' e ''A lnexistência de Eva", na editora Deriva, um livro de contos, "Lua Polaroid". Em breve, vai trabalhar com uma editora espanhola. Entretanto, construiu uma casa de alicerces sólidos para as suas palavras. Escreve coisas como esta: "A melancolia é uma questão de tempo, disse-me o homem. Era um homem que existia, normal como os que existem." Entre os 18 e os 21 à anos, cursou jornalismo em Londres. Fez um mestrado em literatura portuguesa e brasileira. Agora, que vive em Lisboa, é jornalista no "Diário Câmara Clara', na RTP2, faz recensões de livros em revistas, participa em numerosos recitais de poesia... A escrita escasseia-lhe na voragem do tempo. "Os meus dias são acordar, fazer 50 coisas necessárias e pelo caminho tentar uma vida pessoal. O livro é sempre o último a pendente". E a condição de poeta à procura do seu lugar? Filipa prefere contar uma história: "Num encontro de escritores em Zagrebe, tínhamos de descrever o nosso quotidiano. Uma finlandesa começou: acordo, vou à varanda, faço um chá, leio o jornal, volto à varanda... Nós, os outros, desatámo-nos a rir."» in Expresso/Única de 6 de Março de 2010 [Talentos Para a Próxima Década]
Jornalista cultural, fez uma breve passagem pela rádio (Rádio Nova - PÚBLICO) e foi editora do suplemento «Das Artes, Das Letras» do jornal O Primeiro de Janeiro. Actualmente, integra a equipa do programa Câmara Clara, da RTP2. Tem colaborações dispersas em vários jornais e revistas (EXPRESSO, Egoísta, MeaLibra, Os Meus Livros, Colóquio-Letras, entre outros).
Está representada em diversas antologias, em Portugal e no estrangeiro, e o Bando dos Gambozinos musicou um dos seus poemas, agora disponível no álbum «Com Quatro Pedras na Mão». Integra, desde 2004, os Seminários de Tradução Colectiva de Poesia Viva da Fundação da Casa de Mateus. Em 2010, «A Cidade Líquida e Outras Texturas» foi publicada em Espanha, pela Sequitur.
  
Almeida Faria, Carlos Vaz Marques, Fernando Pinto do Amaral, Patrícia Reis e valter hugo mãe, definiram a seguinte lista esta lista para o «Prémio Literário Casino da Póvoa»:

A Inexistência de Eva, Filipa Leal, Deriva
Anthero, Areia & Água, Armando da Silva Carvalho, Assírio & Alvim
Arado, A. M. Pires Cabral, Cotovia
Curso Intensivo de Jardinagem, Margarida Ferra, & Etc
Guia de Conceitos Básicos, Nuno Júdice, Dom Quixote
Mais Espesso que a Água, Luís Quintais, Cotovia
Necrophilia, Jaime Rocha, Relógio D’Água
O Anel do Poço, Paulo Teixeira, Caminho
O Livro do Sapateiro, Pedro Tamen, Dom Quixote
O Viajante Sem Sono, José Tolentino Mendonça, Assírio & Alvim

A 22 de Fevereiro, dia anterior ao arranque da 12ª edição do Correntes d’Escritas, o júri reúne pela última vez para decidir qual o vencedor do prémio, decisão que será anunciada no dia 23, na sessão pública de abertura do Encontro. O prémio é entregue no dia 26, na sessão de encerramento.


segunda-feira, janeiro 10, 2011

As bibliotecas da Babelia

A bem dizer, o espectro das bibliotecas de escritores mostradas aos leitores da Babelia (suplemento literário de El Pais) desta semana é verdadeiramente aterrador. Claro que as bibliotecas e os livros são todos eles bonitos de se verem, mas quer as fotos, quer as declarações de escritores bibliómanos (sic) não ajuda, em nada, a causa dos livros. Javier Marías é fotografado com a luz por debaixo do seu nariz, dando-lhe um ar vampiresco ao mesmo tempo que os livros são arrumados em prateleiras sombrias; a secretária ostenta uma velha máquina de escrever. Procuramos, em vão, o computador do autor - nada! Todos eles partilham do mesmo sentimento de terror de terem, um dia, de se mudar com a sua biblioteca. Daniel Samper Pizano, Mariana Enríquez, Martina Kohan, Alan Pauls ou Rodrigo Frésan são unânimes a demonstrarem a sua adição aos livros. Vale a pena lê-los mais as suas relações com esses objectos: uns dizem que os roubam, outros que não os herdaram, outros que os compraram…mas todos eles são contados aos milhares em cada sala.

Ao menos Alain Finkielkraut (lembram-se de A Nova Desordem Amorosa?) é o mais honesto. Afirma que «ler, não garante necessariamente que nos faça melhor!». É. Basta olhar para o século XX sem estar confinado cavernosamente a uma biblioteca.

sábado, janeiro 08, 2011

Livrarias que pensam

Lemos no blogue da Capítulos Soltos, de Braga, o texto da Catarina da Livraria Trama em Lisboa e porque é nestas livrarias que nos sentimos em casa e  porque gostamos de leitores e não de clientes.  e porque acreditamos que vale a pena resistir e porque não acreditamos em livros caixas de bombons, nem livros caixas de sapatos e porque gostamos da Trama, da Capitulos Soltos, da Centésima, da Pó dos Livros, da Index, da Poesia Incompleta, da Poetria, da Arquivo, da Letra Livre , da Livro do Dia, da A das Artes, da Escriba e de outras livrarias com rumo. Transcrevemos a Catarina, da Trama:

às que pensam, às que respiram, às que escolhem. às livrarias que defendem, que apontam, que libertam. às livrarias que vendem livros em vez de produtos, que têm leitores em vez de clientes. às livrarias que se afirmam diariamente - porque existem, porque resistem, porque não se vergam. às livrarias menos arrumadas, às livrarias que não têm «caixeiros» mas sim livreiros, às livrarias que se estão nas tintas para mercados, consumidores, tendências, às livrarias que são casas, que são escolas, grutas, ninhos, livrarias de corujas, morcegos, vespas, às livrarias livres, eu desejo o melhor, melhor, dos anos. [via Trama]

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Editoras de livros apanhadas pelas redes [Sérgio Almeida, Jornal de Notícias]


Editoras de livros apanhadas pelas redes
 [Sérgio Almeida, Jornal de Notícias]

As editoras portuguesas já não dispensam as redes sociais, encaradas como um veículo privilegiado para um contacto mais próximo com os leitores. Da promoção de passatempos à divulgação das novidades, a Internet tornou-se um elo de que já poucas abdicam. Para promover o mais recente romance de José Luís Peixoto, em Setembro do ano passado, a editora Quetzal promoveu um passatempo, na página do Facebook, que possibilitava a cinco leitores a oportunidade de assistirem ao pré-lançamento exclusivo de "Livro" numa gráfica. Para isso, deveriam não só partilhar um "booktrailer" (filme promocional relacionado com a obra em questão) como demonstrar conhecer a fundo a obra do autor de "Cemitério de pianos". O exemplo é sintomático da importância crescente que as redes sociais assumem para a generalidade das editoras nacionais, independentemente da sua dimensão.
Entre as principais vantagens dessa aposta, destaca-se a oportunidade de perceber os gostos dos leitores, pemitindo, como sublinha Margarida Ferra, responsável de comunicação da Quetzal, "adequar a mensagem ao meio". Mas não só. Afinal, as redes sociais são "uma espécie de praça pública onde se encontram outras editoras, autores, jornalistas, meios de comunicação social e uma boa parte dos nossos leitores".

"Não é marketing"

Os dois maiores grupos editoriais há muito que despertaram para o fenómeno. Presente nos "obrigatórios" Facebook e Twitter (além de contas no YouTube e Second Life), a Porto Editora acredita que se distingue da restante oferta. "Abrangemos tantas áreas editoriais e contemplamos diferentes suportes (papel e digital) que, logo à partida, a diferenciação está estabelecida", sublinha Paulo Gonçalves, responsável de comunicação do grupo, que destaca ainda a tentativa permanente de surpreender os leitores, seja através dos passatempos ou da possibilidade de aceder aos primeiros capítulos dos livros ainda antes de chegarem ao mercado.
Na Leya, quase todas as editoras do grupo estão nas redes sociais, mas o mesmo acontece com a livraria online, a Mediabooks, que procura funcionar como uma comunidade, ao manter os seguidores informados sobre as novidades, passatempos e promoções.
Atenta há muito a esta nova realidade encontra-se a Deriva, que vê nas redes sociais (mas também no YouTube ou no blogue) uma forma acessível e directa de "dar a conhecer aos nossos leitores, amigos e público leitor em geral, os nossos autores, as propostas, os projectos e os livros que editamos", explica o editor António Luís Catarino.
Na Assírio & Alvim, é "a perspectiva de genuíno intercâmbio de ideias, informações, imagens e textos", de acordo com Vasco David, que dita a presença nas redes sociais. "Não encaramos como marketing", enfatiza.
Se as editoras canalizam grande parte dos esforços promocionais para a Internet, tal não significa um desinvestimento nos meios tradicionais, garantem. "O Facebook complementa esses canais, mas não os substitui", afirma a direcção de comunicação da Leya.
Por muito acentuada que seja a aposta nas redes sociais pela generalidade do meio editorial, nem todos se renderam por enquanto à sua força. As Publicações Europa-América são disso exemplo. Embora disponha de uma página oficial na Internet há anos, a editora fundada em 1945 por Francisco Lyon de Castro não dispõe ainda de qualquer conta nas redes sociais, embora tencione aderir ao Facebook em breve. O director editorial, Francisco Pedro Lyon de Castro, acredita mesmo que a importância das redes tem sido "sobrevalorizada. Continuamos a receber diariamente centenas de cartas, telefonemas e emails". Sérgio Almeida, Jornal de Notícias,

Poemas com cinema, no cinema [Medeia]

terça-feira, janeiro 04, 2011

Regresso ao Porto Novecentista, A Peste Bubónica no Porto [Jornal de Notícias]

 A Peste Bubónica no Porto segundo o Jornal de Notícias


No final do século XIX, o Porto foi assolado por uma epidemia sanitária de grandes proporções que deixou a cidade num estado de sobressalto e inquietação raras vezes visto na sua longa e risca história.
O que se apresenta em A Peste Bubónica no Porto é um relato detalhado escrito por Ricardo Jorge, médico e professor universitário que desempenhou um papel fulcral nesse período ao empenhar-se a fundo no sentido de circunscrever os danos causados pela epidemia.
Essa diligência do especialista, pouco frequente na época, esteve longe de ser consensual: furiosos com o cordão sanitário imposto, os comerciantes moveram-lhe uma oposição feroz que redundaria no afastamento de Ricardo Jorge.
Inicialmente dirigidos às autoridades públicas, os relatórios – completos ao ponto de incluírem uma descrição exaustiva do estado de cada um dos infectados – podem ser lidos também como uma análise social pertinente. Nestes escritos encontramos o que Bruno Monteiro considera ser, em Os Anos Portuenses de Ricardo Jorge, "uma autópsia social da cidade laboriosa".
No prefácio, Virgílio Borges Ferreira acredita, por seu turno, que A Peste Bubónica no Porto é um livro "que pode também ser lido como um pequeno manifesto pela defesa da saúde e de higiene públicas num momento conturbado e fundador das respectivas práticas em Portugal". Jornal de Notícias, 3.1.11

domingo, janeiro 02, 2011

A Superfície, por António Guerreiro [Expresso | 30 de dezembro de 2010 | ATUAL ]



[uma crónica de António Guerreiro sobre as  grandes superfícies, o formato dos livros  e a tácticas de combate...]

A SUPERFÍCIE

Prestemos atenção às manifestações de superfície, seguindo uma lição fundamental do sociólogo Georg Simmel que pode ser assim formulada: partindo da periferia, pode-se chegar ao centro de problemas decisivos. O método revela-se precioso quando queremos dar figura ao panorama literário e editorial, tão conspícuas se tornaram as manifestações de superfície, isto é, os processos materiais de produção e exposição comercial dos livros. A 'superfície' tornou-se mesmo o conteúdo latente do pesadelo coletivo do sujeito editorial. Em tempos não muito longínquos surgiu o problema das 'grandes superfícies'; agora, a escala da grande superfície transferiu-se para o próprio formato dos livros, que passaram a ter um tamanho imponente, demagógico, ameaçador. O que podemos dizer de mais seguro sobre o que se passou este ano é que este complexo de gigantismo atingiu o seu mais alto grau e não será ousado concluir que as editoras portuguesas produzem, em média, os maiores livros do mundo. Como se explica este fenómeno? Por uma guerra civil de conquista de espaço, que faz das livrarias um campo de batalha onde um exército de combatentes, para ganhar posição, tem de expulsar os combatentes inimigos, porque não há lugar para todos, A lei do maior - em superfície - e do mais exuberante - na apresentação - é uma das táticas do combate. Uma tática suicida, porque torna ainda mais exíguo o pouco espaço que existe e mais saturada e ruidosa a cenografia que se desenrola nos escaparates. Nesta guerra pindérica de calhamaços. Tudo se reduz a táticas que fazem lembrar as hordas primitivas. À entrada de uma livraria, o leitor deverá saber que vai atravessar um campo de hostilidades, uma parada agressiva de uniformes de guerra de onde é preciso fugir. O espetáculo é sem redenção e sem salvação. Perante ele, apetece muitas vezes fazer greve, recusar a compra de um livro que até nos interessava, mas tem uma capa indigna, com inscrições publicitárias demagógicas e dimensões paranoicas. (Nota: um amigo enviou-me um texto publicado num blogue - "A Causa Foi Modificada"-que também trata, e com elevado grau de repugnância, desta questão.)
António Guerreiro [Expresso, 30 de dezembro de 2010,  ATUAL ]

 O post, com supressões, de A Causa Foi Modificada:
Ora, a minha guerra antiga contra os calhamaços de letra garrafal, margens abismais e capas que parecem a cobertura do estádio do Braga deu os seus frutos, na medida em que as editoras portuguesas não só continuam a lançar livros volumetricamente idênticos a semi-reboques, como agora, ao que parece, pretendem vendê-los no interior de caixas de sapatos especificamente construídas para o efeito, e recorrendo a materiais nobres que depois poderão ser reciclados e reutilizados pela industria de construção naval. [...] Eu sei que estamos em crise, que os livros não são propriamente a prioridade dos portugueses, que as vendas não estão num processo de ascenção imparável: mas será preciso abraçar uma estratégia de total desistência de se vender livros pelo que eles são na sua essência? É que vender um livro dentro de uma caixa de sapatos sem qualquer utilidade relativa ao objecto equivale, na prática, à rendição incondicional perante as outras industrias culturais. É como tentar vender telefonias embrulhadas em leitão assado ou uma merda assim dessas.] [in a Causa Foi Modificada, 17.12.10]

O texto esfarrapado, Filipa Melo, na Ler sobre Um Incómodo Técnico em Relação aos Fragmentos de P. Quignard

[...] Quignard, sobretudo conhecido pela adaptação do romance Todas as Manhãs do Mundo(1991) ao cinema, é um prosador admirável e, por isso, vale já esta leitura. Não transcende na apologia de Les Caractères como primeiríssimo livro composto de maneira sistemática sob forma fragmentária. Eleva o fragmento a forma «antipedente, anti-sistemática, antifilosófica antiteológica» que rejeita qualquer ordem ou género. Porque sustenta ele, nasce, com La Bruyère, como uma espécie de espasmo, convulsão, rasgão ou fractura não originários num qualquer todo, mas em nada, justificando-se por si mesmos. Os fragmentos, tal como Quignard os concebe, afirmam-se como partículas negativas sem filiação: é esse o seu carácter revolucionário e anárquico.[...] Filipa Melo, Revista Ler

As colecções Pulsar e Cassiopeia, resultantes de um, a parceria com o Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, da Faculdade de Letras do Porto, dão a conhecer estudos muito relevantes no âmbito da Teoria da Literatura.

Na Pulsar, foram já editados Jean‑Pierre Sarrazac (com A Invenção da Teatralidade seguido de Brecht em Processo e O Jogo dos Possíveis), Pascal Quignard (com Um Incómodo Técnico em Relação aos Fragmentos) e Antoine Compagnon (com Para Que Serve a Literatura?).

Na Cassiopeia, que já acolheu um inédito de Pedro Eiras, intitulado Tentações: Ensaio sobre Sade e Raul Brandão, teremos brevemente um ensaio sobre Kafka: Kafka, um Livro sempre Aberto, de Teresa Martins de Oliveira e Gonçalo Vilas-Boas.