Se existe na actualidade uma sensação difundida, ela é a de uma profunda incerteza. A incerteza está presente a todos os níveis. O planeta azul prossegue o seu solitário caminho pelo universo, ainda que, porventura um dia, venha a transformar-se num féretro gigantesco. A sociedade é cada vez mais um mero nome para a cobiça de uma multiplicidade de comportamentos sociais, de itinerários e destinos individuais. O homem, por seu lado, abandonado a si mesmo, está destinado a lutar só para não se afundar na exclusão. Incerteza vivida, pois, como insegurança permanente: medo de perder o trabalho, medo de envelhecer, medo por não sabermos o que será dos nossos filhos… Esta insegurança que sobrevoa a nossa existência como uma nuvem negra, não só nos mostra a vulnerabilidade a que supérfluos. Estamos sós face ao mundo. Ou, o que é o mesmo, interiorizámos aquilo que os nossos governantes nos repetem incessantemente, «a vossa situação depende apenas de vós mesmos». E acreditamos que é assim. in A MOBILIZAÇÃO GLOBAL seguido de O ESTADO-GUERRA, de SANTIAGO LÓPEZ-PETIT