sexta-feira, janeiro 07, 2011

Editoras de livros apanhadas pelas redes [Sérgio Almeida, Jornal de Notícias]


Editoras de livros apanhadas pelas redes
 [Sérgio Almeida, Jornal de Notícias]

As editoras portuguesas já não dispensam as redes sociais, encaradas como um veículo privilegiado para um contacto mais próximo com os leitores. Da promoção de passatempos à divulgação das novidades, a Internet tornou-se um elo de que já poucas abdicam. Para promover o mais recente romance de José Luís Peixoto, em Setembro do ano passado, a editora Quetzal promoveu um passatempo, na página do Facebook, que possibilitava a cinco leitores a oportunidade de assistirem ao pré-lançamento exclusivo de "Livro" numa gráfica. Para isso, deveriam não só partilhar um "booktrailer" (filme promocional relacionado com a obra em questão) como demonstrar conhecer a fundo a obra do autor de "Cemitério de pianos". O exemplo é sintomático da importância crescente que as redes sociais assumem para a generalidade das editoras nacionais, independentemente da sua dimensão.
Entre as principais vantagens dessa aposta, destaca-se a oportunidade de perceber os gostos dos leitores, pemitindo, como sublinha Margarida Ferra, responsável de comunicação da Quetzal, "adequar a mensagem ao meio". Mas não só. Afinal, as redes sociais são "uma espécie de praça pública onde se encontram outras editoras, autores, jornalistas, meios de comunicação social e uma boa parte dos nossos leitores".

"Não é marketing"

Os dois maiores grupos editoriais há muito que despertaram para o fenómeno. Presente nos "obrigatórios" Facebook e Twitter (além de contas no YouTube e Second Life), a Porto Editora acredita que se distingue da restante oferta. "Abrangemos tantas áreas editoriais e contemplamos diferentes suportes (papel e digital) que, logo à partida, a diferenciação está estabelecida", sublinha Paulo Gonçalves, responsável de comunicação do grupo, que destaca ainda a tentativa permanente de surpreender os leitores, seja através dos passatempos ou da possibilidade de aceder aos primeiros capítulos dos livros ainda antes de chegarem ao mercado.
Na Leya, quase todas as editoras do grupo estão nas redes sociais, mas o mesmo acontece com a livraria online, a Mediabooks, que procura funcionar como uma comunidade, ao manter os seguidores informados sobre as novidades, passatempos e promoções.
Atenta há muito a esta nova realidade encontra-se a Deriva, que vê nas redes sociais (mas também no YouTube ou no blogue) uma forma acessível e directa de "dar a conhecer aos nossos leitores, amigos e público leitor em geral, os nossos autores, as propostas, os projectos e os livros que editamos", explica o editor António Luís Catarino.
Na Assírio & Alvim, é "a perspectiva de genuíno intercâmbio de ideias, informações, imagens e textos", de acordo com Vasco David, que dita a presença nas redes sociais. "Não encaramos como marketing", enfatiza.
Se as editoras canalizam grande parte dos esforços promocionais para a Internet, tal não significa um desinvestimento nos meios tradicionais, garantem. "O Facebook complementa esses canais, mas não os substitui", afirma a direcção de comunicação da Leya.
Por muito acentuada que seja a aposta nas redes sociais pela generalidade do meio editorial, nem todos se renderam por enquanto à sua força. As Publicações Europa-América são disso exemplo. Embora disponha de uma página oficial na Internet há anos, a editora fundada em 1945 por Francisco Lyon de Castro não dispõe ainda de qualquer conta nas redes sociais, embora tencione aderir ao Facebook em breve. O director editorial, Francisco Pedro Lyon de Castro, acredita mesmo que a importância das redes tem sido "sobrevalorizada. Continuamos a receber diariamente centenas de cartas, telefonemas e emails". Sérgio Almeida, Jornal de Notícias,