
Dele, escreveu Pedro Mexia (6ª, DN, 14/04/2006) - «(...) Echevarría é um poeta sem concessões nem modismos, comprometido com as palavras e as ideias, algumas das quais só existem plenamente quando alcançam uma expressão poética exigente. Epifanias, como toda a poesia de Echevarría, instaura o domínio absoluto do verbo.(...)»
Das Epifanias:
Há o silêncio de antes da palavra.
E aquele que, depois dela, deixa sítio
para subirem pausas
com outras dentro desenvolvendo o limbo
por onde suba inviolável, alta
a melodia do que foi esquecido.
Esse silêncio pauta.
Vai decifrando vestígios
de quanto o precedeu no gasto mapa
de que é possível compulsar o ritmo.
E estar à escuta com, ao fundo, a alma
a desprender-se. Subindo
até o silêncio recobrir a água
e desnudar a solidão do espírito.
Epifanias, Afrontamento, pag.65.
O seu vagar vai indo. Enquanto ciência
não dilucida já, antes se alarga
e estende a sua felicidade intensa
a domínios que tocam a palavra.
E, depois, de a tocar, a levam
a um campo de luz. A uma entranha

que devolve o calos da inteligência
com que satura o núcleo da substância.
O vagar é a grande recompensa
do homem. Vem-lhe dessa zona arcaica
que começou a deslumbrar-se. E dela
usufruindo foi até que a alma
tão peremptória irradiou que a terra
sucumbiu. Para só reter a santa
iluminação que trouxe às trevas
vagar, a antiga aparição das águas.
Epifanias, Afrontamento, pág.61.
Sem comentários:
Enviar um comentário