No dia em que Otegi foi condenado pelos tribunais espanhóis a 15 meses de prisão com o objectivo, cremos nós, de inviabilizar o processo de paz no País Basco e que dá os primeiros passos firmes para uma solução negociada, sabe-se que a EFE espanhola indemnizou o jornalista Rui Pereira (autor de Euskadi, a Guerra Desconhecida dos Bascos e prefaciador do Gente que Dói, do Vítor Pinto Basto e editado pela Deriva, em 2005) por declarações abusivas sobre este jornalista que classificou, de uma maneira muito pouco ética, de «claro simpatizante do grupo terrorista ETA» entre outras pérolas (ver Público de 28/4). Lembre-se que tudo isto vem ao caso porque Rui Pereira entrevistou dois membros da organização independentista basca tentando saber a posição do lado que não é espanhol. Ora, como ficou demonstrado por este processo, é muito fácil enquadrar todo aquele que não se submete ao que o poder instituído quer que se diga - assim, quem não é pelo poder é terrorista. Rui Pereira defendeu-se e teve acesso aos tribunais. Ganhou. Pense-se, igualmente, em todos aqueles que, num estado tendencialmente policial não têm sequer hipótese de se defender e recorrer ao contraditório ou a uma justiça que, embora ténue, lá vai funcionando, nem que seja pela constatação do óbvio. Como, aliás, foi o caso.
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