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Por nós, apresentamos, aqui ao lado, o horóscopo do dito cujo rei-menino-guerreiro-esquecidodapátria que prova que ele sobreviveu à batalha de Alcácer (assim mesmo) e que morreu com a idade de 48 anos! Quais 23? 48, ou seja, ainda a muitos anos da reforma. Mas não fiquemos por aqui: é o próprio escritor-psicólogo-espanhol (bem diferente dos nossos escritores-jornalistas-portugueses) que nos diz que há uma lenda segundo a qual «uma princesa moura teria ajudado o rei português a fugir e este ter-se-ia refugiado nas Canárias, onde se casou e teve filhos.»* Só não sabemos se foi com a moura (ele há sempre uma moura), mas nestes casos até pode ter sido com a Pocahontas que não faria nenhum mal ao mundo.
Ora, tudo isto é muito estranho (hmm!). Como se não tivéssemos pensado nisso o escritor-psicólogo avança com mais uma contradição dos estudos já feitos até agora: «O que se passou no campo de Alcácer-Quibir a 4 de Agosto de 1958 (sic!) é até hoje um mistério. Há vários relatos segundo os quais D. Sebastião teria morrido (e nós a pensar que não!), mas só no dia seguinte, a pedido do novo sultão, Muley Ahmed, é que teriam ido procurar o seu corpo entre os milhares de cadáveres deixados no local da batalha.» E continua «Estávamos em Agosto, o calor de África era intenso (fónix!) quando ao fim de dois dias se tenta identificar o corpo, este quase não é reconhecível (argh!).»*
Mas, dizemos nós, aí é que se engana - «quase» irreconhecível! Não tinha Saddam um duplo? D. Sebastião não teria um? Era Ahmed amigo dele? Afinal a moura, a tal moura, poderia ou não ser a irmã, uma mulher do seu hárem, uma tia solteira? E as Canárias? Quem são os nobres descendentes de D. Sebastião? Saramago? Pilar? Enfim, assusta-me o facto de tanta pergunta ficar sem resposta. Pior: poderem ser respondidas será o nosso fim como país e cultura. Lá se vai a identificação. Nem com o ADN dos ossos do rei-menino-guerreiro nos salvará de saber que somos todos seus filhos.
* Público de 4/05/06
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