Do Expresso de 11 de Março:
«É tempo de prestar atenção a este poeta que tem sido discretamente editado e silenciosamente acolhido. Neste livro, o autor ensaia um discurso que já não é o da poesia, mas inscreve-se ainda no seu horizonte: o discurso do aforismo, da máxima concentração do pensamento na palavra e na frase cheia de agudeza e engenho. Aquilo que na teoria da escrita aforística dos moralistas clássicos se chamava a «pointe» encontra aqui conseguidos exemplos na arte da fórmula, onde cada palavra é, no mais alto grau, uma função do pensamento. Uma e outro existem numa relação de recíproca funcionalidade. Um exemplo, em jeito de paradoxo: «A televisão é a máquina que mudou o mundo - para que o mundo não mudasse.» Outro exemplo, onde a lógica da contemplação é perturbada por um finíssimo desvio: «No céu, a lua não perde a compostura. Mas quando a vemos mergulhada nas águas, treme de frio».
António GuerreiroJoão Pedro Mésseder, Abrasivas, 62 pp., 12 euros.
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