domingo, agosto 16, 2009

Tiago Sousa Garcia, no Rascunho.net faz a crítica de Arrastar Tinta de Pedro Eiras e Nuno Barros

O excelente Arrastar Tinta, de Nuno Barros e Pedro Eiras, tem espaço de crítica para o Rascunho.net por mão de Tiago Sousa Garcia que nos vem habituando a um rigor crítico nada usual por estas paragens (portuguesas). Dele, deixamos um pequeno registo do texto integral que pode ser consultado aqui:
«(...)Dois autores fundem-se em um. Será? «Nunca vi o invisível./ Diz aquele que escreve sobre aquele que pinta» (p.49). Subitamente há, de novo, dois sujeitos. Um que escreve, um que pinta. Mas quem é quem? «Nunca verei o invisível, diz ele/ (quem? um de ambos)» (idem). Há novamente dois, mas dois anónimos. Um pinta, outro escreve, mas são ambos o mesmo espírito com resquícios de músculo diferente. Esta ideia é levada ao limite quando, já findo o livro, uma pequena nota revela, confidente, que há «ecos de Echart, Kleist, Freud, Carlos de Oliveira, Herberto Helder, Gastão Cruz, Manuel Gusmão, Gonçalo M. Tavares, Manuel de Freitas» (p.56) e então dois autores, que foram unos na criação espiritual, que voltaram a ser dois pela concretização muscular, tornam-se repentinamente numa multidão. Arrastar Tinta torna-se um livro escrito por todo o sistema literário, algo que é profundamente aceite e reflectido por um único sinal de pontuação: «No início, dizia eu (?), era o caos» (p.53)(...).»