quarta-feira, março 28, 2012

Livraria Poesia Incompleta de Mário Guerra. Umas notas


País de poetas? Nunca fui nessa, mas conheço e gosto de poesia e de poetas que mereceriam um lugar como a Poesia Incompleta, de Mário Guerra. Tínhamos lá os nossos autores e muitos deles passaram por lá. Desta livraria lisboeta conhecíamos a generosidade e o profissionalismo que lhe era emprestado pelo proprietário. E também da sua seriedade. Num país com uma política cultural, no mínimo, esquisita, a Poesia Incompleta ganhou o estatuto de utilidade pública e um local de debate e procura. Quando se há-de perceber que ler poesia (eventualmente escrevê-la) é uma forma de conhecer a linguagem e de exercer uma comunicação que se pode tornar uma fonte de prazer, muito maior se partilhada com outros? Quando se perceberá, enfim, que para que a poesia subsista é necessário que se adquiram livros de poesia porque esta se tem de ler devagar? Que não basta lê-la «na net» ou na fnac, arrumando-a em seguida nas estantes cada vez mais minguadas dos grandes espaços livreiros? Que não basta a alguém escrever «poesia» para se ser poeta? Que um editor não deve fazer-se pagar para editar, o que vulgarmente se chama de «poesia», por aí? Quando fecha um espaço destes nunca ficamos descansados, porque sabemos que outros parecidos se seguirão. É este o destino de um país de poetas?