Livro que foi uma desilusão, em contraponto com a enorme promoção que Rosa Montero tem tido em Portugal. Nada tinha lido dela, mas aventurei-me à leitura este Lágrimas de Chuva, uma eventual continuação de Blade Runner de Ridley Sott, adaptação ao cinema do livro de Do Androids Dream of Electric Sheep? de Philip K. Dick. De continuação da saga nada existe, a não ser uma contínua passagem mais ou menos rápida e muito ligeira de algumas referência avulsas a Blade Runner e de personagens muito mal construídas. Bruna Husky é uma androide que não chegamos a conhecer bem por preguiça da autora que não nos dá uma personalidade sólida com que nos identifiquemos e conheçamos os seus desejos, nem sequer nas suas «memórias» falsas, dadas por um memorista que seriam os novos escritores contratados por empresas. Que vendem essas mesmas memórias adulteradas. O recurso ao mantra de Bruna, quando se lembra do desconto dos dias da sua vida limitada também é uma forma extremamente cansativa de nos relembrar que a andróide tem quatro anos de vida. A sua relação com Paul Lizard fica muito aquém do que se poderia esperar, em recursos literários, entre um humano criado por uma androide e por Bruna, uma robô criada por humanos. As descrições da cidade de Madrid em 2109 poderiam ser mais ricas e mais imaginativas, assim como a trama política completamente falha em verosimilhança.