Não sei onde Miguel Relvas tirou a licenciatura e nem quero pôr a hipótese de existir mais qualquer dúvida socrática sobre este tema que se tornou tão político nos últimos tempos. Mas o que tem isto a ver com o Manchester City, o FCP e o Hulk? Ora, o clube inglês processou, na UEFA, o Porto por insultos racistas a dois seus jogadores de origem africana quando jogou no Dragão. Não bastava a figurinha de Hulk a argumentar que os urros que se ouviam no estádio quando Balotelli pegava na bola eram da massa associativa do Porto a gritar o nome dele «Hulk! Hulk! Hulk!», como agora vem Miguel Relvas, concentradíssimo, indignadíssimo, afirmar que não recebemos lições de ninguém de racismo, visto que o povo português foi dos que deram lições de miscigenação e boa convivência entre diferentes povos. Ora, um estudante do 12º ano, que tenha estudado História, sabe que esta era a tese de Gilberto Freire que nos anos 30 defendia o lusotropicalismo e que levou ao isolamento posterior de Portugal perante o mundo e a uma guerra de 13 anos «orgulhosamente sós» levando-nos a crer da especificidade da nossa presença nas colónias. Foi preciso existir um Miguel Relvas para nos lembrar a tese. Mais um pouco e acabamos a citar António Sardinha!