sábado, março 06, 2010

Filipa Leal no Expresso/Única de hoje

(foto de Luiz Carvalho)

No Expresso, anunciam-se Talentos Para a Próxima Década: Inês Henriques, novas tecnologias; Joni, na moda; Sofia Antunes e Cristina Mendonça, na arquitectura; Marta Alberto, enquanto empresária; Sofia Dinger, na representação;Maria José Oliveira, nas Ciências; Carla Filipe, nas Artes Plásticas e Filipa Leal, na literatura.

«NASCEU no Porto, numa casa no centro da cidade que tinha um enorme armário, refúgio de brincadeiras secretas. Aos onze anos disse: "Quero ser escritora. A poesia já estava lá, ocupando o espaço do silêncio. Escrever poemas significa "ir ao mais profundo e à superfície de nós próprios", diz. "Apesar de a poesia ser um lugar cheio de artifícios, é onde me sinto com maior exactidão. Pego no meu real, desdobro-o e alargo para o campo da imaginação». O processo começa assim: "Deixo-me habitar pelas palavras e pelas imagens, o poema só acontece muito depois". Desde 2005 já publicou cinco livros, entre eles "Cidade Líquida'' e ''A lnexistência de Eva", na editora Deriva, um livro de contos, "Lua Polaroid". Em breve, vai trabalhar com uma editora espanhola. Entretanto, construiu uma casa de alicerces sólidos para as suas palavras. Escreve coisas como esta: "A melancolia é uma questão de tempo, disse-me o homem. Era um homem que existia, normal como os que existem." Entre os 18 e os 21 à anos, cursou jornalismo em Londres. Fez um mestrado em literatura portuguesa e brasileira. Agora, que vive em Lisboa, é jornalista no "Diário Câmara Clara', na RTP2, faz recensões de livros em revistas, participa em numerosos recitais de poesia... A escrita escasseia-lhe na voragem do tempo. "Os meus dias são acordar, fazer 50 coisas necessárias e pelo caminho tentar uma vida pessoal. O livro é sempre o último a pendente". E a condição de poeta à procura do seu lugar? Filipa prefere contar uma história: "Num encontro de escritores em Zagrebe, tínhamos de descrever o nosso quotidiano. Uma finlandesa começou: acordo, vou à varanda, faço um chá, leio o jornal, volto à varanda... Nós, os outros, desatámo-nos a rir."»
in Expresso/Única de 6 de Março de 2010 [Talentos Para a Próxima Década]