segunda-feira, março 15, 2010

A Invenção da Teatralidade, seguido de Brecht em Processo e O Jogo dos Possíveis, de Jean-Pierre Sarrazac



"A lição merece ser ouvida: não deveríamos nunca abordar a mínima questão de estética teatral sem antes nos termos instalado, ainda que mentalmente, em frente ao palco." (pg. 15)
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"Desactivar a "máquina infernal" significa, tal como o sugerimos anteriormente, permitir acesso a uma dramaturgia não do "antes" mas do pós-catástrofe." (pg. 87)
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"Produzir possíveis infinitamente: este poder da máquina utópica é antinómico, pensamos nós, com o facto de lançar acusações e de decretar culpabilidades." (pg. 88)
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Prosseguir a tarefa (beckettiana) de acabar (outra vez) com o teatro, sonhando sempre com a possibilidade de começar tudo de novo, talvez seja este o novo último paradoxo da teatralidade. Porque o teatro só se realiza verdadeiramente fora de si mesmo, quando consegue desprender-se de si mesmo… Fazer, de cada vez, no teatro, o vazio do teatro.

Jean-Pierre Sarrazac - Ensaísta, autor dramático, encenador, professor no Instituto de Estudos Teatrais da Universidade de Paris III – Sorbonne Nouvelle, Jean Pierre Sarrazac tem desenvolvido, ao longo dos últimos trinta anos, uma vasta reflexão sobre as dramaturgias modernas e contemporâneas que está na origem de uma importante e diversificada obra ensaística, reconhecida recentemente com Prémio Thalia 2008, atribuído pela Associação Internacional de Críticos de Teatro.


A colecção Pulsar dirigida pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, inclui textos relevantes em torno da literatura e de outras artes. Estes pequenos livros, que se podem ler numa viagem de comboio ou a uma mesa de café, pretendem emitir um sinal luminoso, sentidos de um pensamento, fulgurações de palavras. Como os enigmáticos e distantes pulsares.