"Há que enfrentar esta aversão.
Pode-se defender hoje em dia o conector ou a moda consiste nos brancos.
A regra parece ser o texto esfarrapado. Pelo menos na arte moderna o efeito de descontínuo substituí o efeito de ligação. Aliás, o próprio procedimento parece contraditório. Para começar, o fragmento coloca uma dupla dificuldade que não é confortável ultrapassar: a sua insistência satura a atenção, a multiplicidade adoça o efeito que a sua brevidade aguça." (pg. 23)
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Para ler mais, clique aqui."G. Agamben assinala que desde Miguel Ângelo o inacabamento é teimosamente exaltado pela arte e que se pode explicar este gosto por uma espécie de prazer derivado do fetichismo. Schlegel mostrava que, como as obras que admirávamos mais - quer dizer, desde a Renascença, as obras da Antiguidade - tinham chegado no estado de fragmentos, as obras dos modernos procuravam assumir esse estado logo ao nascerem, imputando o fascínio que exercem à fragmentação e julgando que estes pedaços, que evocavam totalidades indizíveis e ausentes ao provocarem o desejo do todo, ampliavam a emoção."(pg. 45)
Um Incómodo Técnico em Relação aos Fragmentos, Pascal Quignard
A colecção Pulsar dirigida pelo Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa, inclui textos relevantes em torno da literatura e de outras artes. Estes pequenos livros, que se podem ler numa viagem de comboio ou a uma mesa de café, pretendem emitir um sinal luminoso, sentidos de um pensamento, fulgurações de palavras. Como os enigmáticos e distantes pulsares.