Concluo que leio demasiados jornais e estou certo que o retorno é nulo. O hábito obriga-me a comprar o diário de todos os dias, às vezes dois ou três diferentes. Conheço-lhe as manhas e dobro-o recusando-me a ler, de imediato, o título que eles julgam ser o principal. Sento-me, com um café pedido à pressa, e, só aí, espreito a notícia que aguarda a minha reacção desconfiada. Acredito pouco neles. Sigo a coluna da esquerda que chama, solícita, a leituras várias de páginas interiores. Não o faço. Já me recuso inconscientemente. Vou, então, à última página e folheio-o de trás para a frente. Páro, quando encontro as notícias da Local - sai a facada, a burla, o despedimento, a fraude do patrão e um abuso. Tudo local. Vou aos cinemas e procuro, também em vão, os livros. A música. Tudo é mainstream e farto-me depressa. Leio a última página geralmente dedicada à «ciência» (espera-se o desmentido rápido do descrito hoje), à cura do cancro, ao «primeiro homem», ao turismo espacial que já tem um português inscrito. Fiz as palavras cruzadas - prefixo grego de oposição, lavrar, recitar, símbolo químico do telúrio - e o sudoku, hoje, é muito difícil, grande chatice e assim não tenho tempo! Não li nada do jornal, não o vou ler, e já me sinto cansado dele. Resta-me a meteorologia, o tamanho das ondas e a velocidade do vento. saber onde está o anticiclone dá-me jeito para a deriva.
Se deixei de fumar...
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