sexta-feira, junho 16, 2006

Lurdinhas no país dos Galifões, por Luís Nogueira


Acontece que a senhora Ministra da Educação - ou alguém por ela - teve a ideia (?) de fazer depender o desempenho dos professores do secundário da apreciação dos pais dos pequenos.
Como no Governo do sr. Sócrates-PS estas coisas se pegam, podemos esperar que em breve saiam mais “ukases” determinando por exemplo que os médicos sejam “apreciados” pelos doentes, que os juízes sejam “apreciados” pelos réus, que os lojistas sejam “avaliados” pelos clientes e assim por diante.
Pura demagogia. O Governo do PS-Sócrates, com esta tirada de génio, pretende apenas “pintar a paisagem”, disfarçar, atirar para os professores as culpas do seu absoluto fracasso (também) no domínio da Educação.
De maneira que para esconder mais lixo governativo, vá de coalhar uns tantos ódios contra os professores, tal como em certos cacicados deste rectângulo de fome se coalham ódios contra os “ciganos”, os “pretos”, “os drogados”, os “chineses”, “os panascas” e por aí fora, todos culpados dos nossos fracassos, do nosso mal estar, das nossas claras e demonstráveis incapacidades.
Note-se: ninguém pretende afastar os encarregados de educação da valorização da Escola, coartar-lhes o legítimo direito à intervenção sempre que haja razões para isso; à apresentação e discussão de propostas para melhoria da qualidade do serviço prestado. Mas parece evidente a qualquer cérebro não formatado no socrático sistema, que a colaboração dos Pais e Encarregados de Educação, sendo necessária, imprescindível, seria mesmo utilíssima se uma mínima percentagem deles participasse de algum modo na vida da Escola, o que, sabe-o quem por lá anda e quem por lá andou, não acontece.
E muitas vezes, quando acontece, não é da melhor maneira: há muitos Encarregados de Educação cuja participação se faz com os olhos postos nos interesses do seu próprio Educando, o que se compreende, mas deve reconhecer-se que não é a melhor maneira de se integrar na situação.
Essa participação dos genitores, boa ou má, é, pois, necessária. Indispensável, repito. Agora pedir-lhes que “apreciem” o desempenho dos professores, é coisa que parece mais deslize do intestino grosso, do que ideia amadurecida em cérebro pensante. Onde está a a competência científica, onde está a formação e a experiência pedagógica dos Encarregados de Educação para, e de mais a mais de modo mediatizado, avaliarem os professores? No mesmo sítio onde está a minha capacidade para avaliar o modus operandi de um cirurgião ou de um engenheiro. Quando muito poderei indagar se houve incúria ou mau procedimento no caso de um doente mal tratado ou de um edifício que vai ao charco dois dias depois de construído. E para isso terei que recorrer à peritagem de médicos ou de engenheiros.
Também o facto de alguns Encarregados possuírem essas capacidades, não tira: além de não terem testemunhado directamente os procedimentos pedagógicos, sabe-se que a democracia pressupõe a participação de todos e não apenas de uns quantos.
Os professores, os sindicatos e demais agentes ligados ao ensino começaram já a reagir mal a mais esta idiotice do PS. O Engenheiro Sócrates “é um ciganão”, como disse o Almada do Júlio Dantas. Ele e o seu Governo usam estas demagogias para a malta esquecer a tristeza em que deixam o País, tal como se servem dos futebois, dos choques tecnológicos e de outras regueifas saloias de três ao vintém.
No rasto deste Governo reage também contra professores e sindicatos, a canalha lírica de certa comunicação social: leia-se por exemplo a artigalhada imbecil de um tal Pedro Norton na Visão de 1 de Junho de 2006, um vómito demagógico e malevolente contra todos os professores (o homem aprendeu sozinho, vê-se logo...) e os sindicatos que os representam, usando de modo sujo a mentira e a insinuação pelintra. É certo que Visão (e se calhar o sr. Norton) é uma espécie de voz do dono do PS. Mas mesmo assim, o engendro gráfico do Dr. De Vasconcelos (pg. 30), traz as respostas de Paulo Sucena a estas questões, e essas respostas, bebidas na fonte, contradizem as baboseiras do tal Norton. Perdoa-lhes, Pai.
No fundo, quero crer que a Drª Lurdes Rodrigues, na sua santa inocência, não é a autora da mirífica proposta. Deve ter vindo, tal como aquela de ensinar inglês a cachopos que pouco ou nenhum português sabem, do núcleo duro do Governo Sócrates-PS e seus galifões. O poder, D. Lurdinhas, é muito bonito, mas os galifões não dão nada à borla. Vá a Lourdes, amiga Lurdes. Peregrine.

Luis Nogueira

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