terça-feira, junho 20, 2006

A Formação da Mentalidade Submissa, de Vicente Romano, sai em Outubro, pela Deriva

Estilhaços para uma pré-publicação:

Há caminhos mais fáceis e outros mais difíceis de se fazerem as coisas. Buscar a dificuldade não constitui, por si só, especial mérito para quem o faça. Mas, descer as azinhagas do facilitismo, isso sim é uma razão de superlativo demérito. Abrir uma colecção de ensaio sobre comunicação com o livro de um herege como Vicente Romano, é obra ao alcance de não muitos dos actores do panorama editorial, ou daquilo a que mais modernamente chamaríamos “o mercado do livro”.

Ainda assim, é isso que vai acontecer com este primeiro volume de um estudo comunicacional, editado pela Deriva, “A Formação da Mentalidade Submissa”, uma obra que transcende o espectáculo mediático em si mesmo. Para inserir, como diria Michel Foucault, na ordem das coisas e da batalha, a ordem das palavras e do discurso.

A obra é do catedrático de Sevilha, professor Vicente Romano, doutorado pela Universidade Complutense de Madrid e pela Universidade de Münster e dotado de um currículo científico tão invejável quanto de um desassombro conceptual total [ver dados biográficos]. Romano junta ao rigor do pensamento a coragem de o dizer, liberto das peias que tolhem e encolhem as palavras ditas apenas para deixarem de bem com todos, aqueles que as disseram. Perdendo, ocasionalmente, esplêndidas oportunidades para guardarem um pouco de um bem tão crescentemente mais raro como é, se não o da reflexão, pelo menos o do silêncio.

Com os devidos agradecimentos ao sítio Rebelión.org e ao próprio professor Romano pelas facilidades com que disponibilizaram vontades, recursos e trabalho para que possamos a aceder a esta estreia em português de um autor tão influente pela sua heterodoxia e profundidade, deixam-se alguns fragmentos deste volume em que a escassa quantidade das páginas contrasta com a importância da sua fundamental qualidade.

As sessões de lançamento, a que se prevê associarem-se vários sectores académicos e da investigação no nosso país, bem como outros colectivos e pessoas, ainda se encontram por agendar em termos definitivos. Aponta-se para Setembro / Outubro, próximos. Até lá, alguns excertos ou –melhor dito- alguns estilhaços não sobre, mas contra a mentalidade submissa que renasce a cada esquina deste volátil tempo em que agonizamos sorridentemente uns para os outros.

Rui Pereira

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