O Espírito Nómada é um livro central da teoria da geopoética de Kenneth White. Meditando profundamente sobre a crise da vida moderna, Kenneth White questiona sem cedências o sentido do nomadismo e da deriva como alternativa de vida. Um sentimento poético baseado na procura e na forte ligação à terra e à natureza. Neste ensaio, Kenneth White, escocês há muito radicado na Bretanha, viaja pelos nomes de vários poetas a fim de dar um sentido político, poético e cultural à vida que nos resta.
"Se o nómada intelectual que vamos considerar sob formas diversas nestas páginas, for niilista (o «niilista perfeito» de Nietzshe) orientalizante (pesquisador, em última análise de um «Oriente» não situado nos mapas), mundialista (mas que, como Husserl, põe durante muito tempo a tese do mundo entre parêntesis), anarquista (sem bomba nem bandeira), demoníaco (como Sócrates e não como Cagliostro) e errático (dado que nenhuma via é a via completa), é antes de mais um intelectual de novo tipo, móvel e múltiplo, abrupto e rápido, que não pertence a qualquer intelligentsia, não se liga a qualquer ideologia e é de difícil solidariedade, excepto com o universo (e mais - ao filocosmismo pode misturar-se, como o sal na água, um quanta de acosmismo superniilista). Esse novo intelectual não surgiu ex nihilo. Nasceu num dado momento da cultura ocidental e tem uma história. É essa história que eu tentarei trazer à luz nas páginas que seguem."in Espírito Nómada, de Kenneth White