quinta-feira, abril 30, 2009

Pedro Eiras e Luis Maffei na Feira do Livro de Lisboa, hoje, dia 1 de Maio, pelas 17:00. Com Carlos Pessoa e Silvina Rodrigues Lopes

Pedro Eiras e Luis Maffei

É, hoje, dia 1 de Maio, pelas 17:00, no auditório da Feira do Livro de Lisboa que estarão presentes Pedro Eiras, com o seu Um Punhado de Terra e Luis Maffei com Telefunken. Serão apresentados respectivamente por Carlos Pessoa e Silvina Rodrigues Lopes.

Podem contudo adquirir os livros da Deriva no Pavilhão da Prodidactico, do Sr. Fernando Castro, cuja localização tiramos directamente do blogue Planeta Tangerina: «Se quiserem fazer-nos uma visita, sigam as indicações:De costas viradas para o Marquês, estamos no corredor mais à direita, na fila do meio, do lado esquerdo. Se começarem a contar pavilhões desde a rotunda, estamos, mais coisa menos coisa, na 9.ª fila de pavilhões.Para quem gosta de coordenadas mais concretas, disseram-me que a identificação do nosso pavilhão é a seguinte "E- I- 12". Não sei o que significam as letras nem o número, mas in loco este código deve ser bastante útil.»

terça-feira, abril 28, 2009

Livraria Leitura do Shopping Cidade do Porto, 29 de Abril, 21:30: Joana Matos Frias apresenta O Mundo Sólido de João Paulo Sousa



É já na Quarta-feira, pelas 21:30, na Livraria Leitura do Shopping Cidade do Porto (Boavista), que Joana Matos Frias apresenta O Mundo Sólido de João Paulo Sousa. Esperamos todos que seja uma boa ocasião para falar-se de literatura, de boa literatura, que se faz por cá e que encontremos alguns amigos que não vemos há muito. Entendam este convite para todos vós.

sábado, abril 25, 2009

Índex, Hoje, 25 de Abril, pelas 18:30, Isabel Alves Costa e Rosa Maria Martelo apresentam Pedro Eiras e Luis Maffei

A minha proposta tem sentido: depois de passar a noite de 24 para 25 de Abril com amigos e com a sensação um pouco desconfortante de, este ano, o feriado ter coincidido com um sábado, rondar pelas festividades públicas ou privadas que há por todo o lado e lançar-se, pelas 18:30, para a Livraria Índex ali ao Palácio de Cristal. O programa é estar com a Isabel Alves Costa que apresentará Um Punhado de Terra de Pedro Eiras e Rosa Maria Martelo que nos dará a conhecer a poesia de Luis Maffei e particularmente o seu último livro editado pela Deriva, Telefunken.


Já se sabe que há amigos que não se vêem há muito, dois dedos de conversa, um copo, um café e uma nata se faz favor, dois livros que se metem connosco... e ouvir palavras com todo o sentido. Às vezes faz bem.

sexta-feira, abril 24, 2009

Booktrailer de Por um Punhado de Terra, de Pedro Eiras

Pedro Eiras: «Gostaria de ver a peça estreada em Portugal, porque ela se dirige a mim, como pessoa educada dentro do próprio mito dos descobrimentos»

A capa de Um Punhado de Terra que se encontra, a partir de hoje, nas livrarias e Pedro Eiras

Pedro, como te surgiu a ideia de escrever um monólogo sobre a expansão portuguesa? E porquê um monólogo? Pergunto-te isto porque uma obra sobre a expansão teria um carácter, digamos, mais epopeico, com muitos actores e imensos meios.

Precisamente, António Luís: o épico não me interessa. Escrevi um monólogo para recusar determinados heroísmos prontos-a-consumir, míticos. Não quis a narrativa colectiva de um poder legitimador, mas o testemunho individual e silenciado. Que não é épico. Talvez seja trágico, se a palavra não tiver demasiadas ressonâncias gregas para o que quero experimentar aqui. A epopeia exalta, a tragédia interroga; eu quero interrogar, interrogar-me. Para responder à tua pergunta: escrevi porque compreendo aquela maldição que o homem negro endereça no fim, contra os torturadores e os seus descendentes. Sou amaldiçoado. Ouvi essa maldição. Precisei de a escrever.

Há pouco tempo chegou-me um documento internacional, através do Le Monde Diplomatique, que focava a necessidade de enfatizar os crimes em nome da expansão portuguesa. Achas que se está perante um branqueamento ou revisionismo histórico dos chamados descobrimentos, 35 anos depois de inaugurada a democracia?

Liverpool, que foi um porto nuclear na passagem e distribuição de escravos ingleses, tem um museu sobre a escravatura. Portugal escravizou três continentes durante 500 anos e não tem um museu. Mas tem incontáveis narrativas épicas: de Os Lusíadas a Mensagem, para não falar dos monumentos, e de uma mitologia tenaz. A interrogação está por fazer. Há, claro, o aviso lúcido de Eduardo Lourenço, para quem Portugal não pensa a História que fez; vivemos uma cegueira histérica, um tabu. Esse pensamento às vezes é desenvolvido mais depressa fora de Portugal, o que é assustador. Por que nos censuramos, então? Porque desfazer mitos é doloroso? Não tenho medo dessa dor.

Inicias Um Punhado de Terra com um provérbio muito português «Além do Equador tudo é permitido». É em nome dessa pretensa liberdade que se fizeram os maiores crimes? Não é uma contradição?

Se compreendo bem o provérbio, não é uma contradição, é uma justificação, aliás cínica. Depois do Equador, as leis deixam de vigorar, ou de existir, portanto todo o crime é permitido. Deixa de haver justiça: não é a liberdade, mas a ditadura selvagem dos conquistadores. Já que falamos aqui de tragédia grega: é o percurso contrário ao da Oresteia – da justiça para o caos, onde só vale a soberania das armas. Depois do Equador, já não se trata do mundo, mas da terra de ninguém, onde se pode cometer violência sem se ser vigiado e julgado. Como dizem Benjamin e Agamben, noutros contextos: o estado de excepção torna-se a regra.

Tens necessidade de apelar no fim do livro à veracidade dos factos e vais às fontes coevas como Zurara ou Las Casas. Contudo, dás uma especial ênfase aos Ministros da Noite de Ana Barradas. De algum modo te impressionou este livro?

Acho que nenhum leitor, em boa-fé, pode deixar de se sentir impressionado. O livro de Ana Barradas tem como sub-título – e penso que é sintomático – O Livro Negro da Expansão Portuguesa. Lê-se aí a expansão como séculos de crimes, incluindo a guerra colonial. E a guerra colonial foi ontem. Foi real, não um pesadelo de que acordássemos intactos. O livro de Ana Barradas é muito corajoso, ao escrever uma História ao arrepio das versões oficiais. Os próprios manuais nas escolas incluem hoje uma secção sobre a escravatura: uma ou duas páginas. Mas a história dos descobrimentos, inovações técnicas, “trocas culturais”, etc., ocupa dezenas de páginas. A escravatura aparece como um episódio infeliz que teve de ser pago para se conseguir a grande empresa dos descobrimentos. Mas eu leio os livros e manuais, e só consigo sentir o sofrimento.

Tenho a sensação que não vai ser fácil a encenação desta obra de teatro; primeiro, porque é um monólogo e todos os monólogos são difíceis, mas também porque o texto é como se fosse uma faca apontada a cada um de nós. Tens essa noção?

Sim, todos os monólogos são difíceis, espero que isso seja um desafio aliciante. Este é um monólogo muito simples, é simplesmente uma voz que diz a dor. Espero que isso seja muito, muito difícil. E estou de acordo contigo, é – deve ser – uma faca apontada a cada um de nós. Mas o teatro que me interessa é uma faca, sempre. Quanto a encenações, de qualquer modo, já há uma companhia interessada…

As tuas peças de teatro estão traduzidas em França, na Roménia e no Brasil. Gostarias de ver esta peça encenada em países que sofreram na pele a escravatura?

Gostaria de ver a peça estreada em Portugal, porque ela se dirige a mim, como pessoa educada dentro do próprio mito dos descobrimentos, dirige-se a nós, portugueses, europeus, ocidentais. Depois dessa estreia, sim, claro que gostaria de a ver encenada fora de Portugal. Mas penso que a peça deve começar por dirigir-se à nossa escrita da História, foi daí que parti. De resto, a escravatura mudou de nome, mas não deixa de existir, de muitas formas, perto de nós. Infelizmente, não é um tema inactual. Se a maldição daquele homem negro puder obrigar-nos a pensar e a reconhecer os novos escravos, os despojados de terra, de identidade, de justiça, então talvez este punhado de terra possa ser partilhado.

Booktrailer de Telefunken de Luis Maffei

Luis Maffei sobre Telefunken: «...em certa medida, viver não deixa de ser infernal.»


Luis Maffei e a capa de Telefunken que saiu hoje para o público
Luis, o facto de ser professor de Literatura Portuguesa na Universidade Fluminense, ter uma tese de doutoramento sobre Herberto Helder e colaborar amiúde com revistas como a Relâmpago e Telhados de Vidro influenciam, de algum modo, a sua poesia?

Leio Literatura Portuguesa e lido com ela há bastante tempo. Em certo momento, passo a tê-la como objeto direto de trabalho, mais especificamente quando começo, no mestrado, a estudar Herberto Helder a sério. É inevitável, portanto, que a Literatura Portuguesa, que tanto participa de minha vida, participe também de meu modo de enxergar a literatura, e, em particular, a poesia. Não se trata, suponho, de uma angústia da influência, mas da percepção apaixonada e talvez íntima de um vasto universo a se ter em relação. É óbvio que, se eu crer em Borges (penso em “El escritor argentino y la tradición”), inapelavelmente terei de ser um poeta brasileiro, e gosto que seja assim: sou um poeta brasileiro, faço minha poesia no Brasil e dentro de uma, agora sim, angústia bastante brasileira, ou melhor, advinda de uma noção particular do que seja viver neste lugar, o Rio de Janeiro, neste momento e sob diversas variantes de uma cultura na qual me insiro. Isso tampouco terá que ver com influência no sentido consagrado por Bloom; talvez seja da ordem do combate. Por outro lado, diante dos olhos de todos nós há um campo mais vasto ainda, que é o da poesia de todos os tempos, todas as línguas e todos os lugares. Não lemos tudo, mas muita coisa ainda é legível.

Há referências que nos são óbvias, para além da grande originalidade da poesia que faz, como o já referido Herberto Helder, mas também O’Neill, Camões ou Bocage, não é? Chega a fazer sonetos de uma musicalidade fantástica como em Pano de Corte e Vocativa.

Obrigado. O notável Alexandre O’Neill aparece em Telefunken por causa de seu poema “Gato”, com que converso no meu “Prioritárias 1”. Quanto ao soneto, é presença muito forte na tradição ocidental, especificamente na tradição da poesia em português. Sinto-me à vontade nessa forma fixa, e “Vocativa” é uma pequena homenagem a Bocage, poeta que reputo merecedor de novas e renovadas leituras, sobretudo no que toca a seus poemas que levam o erotismo a uma pornográfica alcova. “Vocativa” é baseado em “[Amar dentro do peito uma donzela]”, e devo ao Bocage a fluidez que meu soneto tem, pois peguei a métrica, por assim dizer, pronta. Já Camões me parece uma grande razão para que se escrevam poemas em português até hoje e até sempre, e também uma grande razão para que não se escreva nada. Isso porque é preciso voltar constantemente, como homenagem, conflito, dúvida e humanidade, ao mais vivo artista que nossa língua possui e que possui nossa língua, e tal gesto (metaforizável, penso agora, pela ideia de “porta giratória” que encontro em Luiza Neto Jorge) foi praticado por multidões de poetas desde que Camões passou a ser lido. Por outro lado, não tanto em virtude das trapaças que Camões sofreu ao longo do tempo (penso no Sena de “Camões dirige-se a seus contemporâneos”, na Sophia de “Camões e a tença”, no Gastão de Outro nome, etc., como, além de muito mais, denúncias dessas trapaças), mas da inesgotável contemporaneidade do que esse poeta está escrevendo, talvez conversar com ele seja um tanto perigoso, já que corremos o risco de apenas, maravilhados, ouvir.

Este é o seu segundo livro de poesia (o primeiro, A, foi editado no Brasil, em 2006). Não se pode dizer que é um poeta muito prolixo ou dará «…todo o meu tempo a verso alheio…»?

A reúne bastante coisa do que eu escrevi até 2006, ano em que foi lançado. É um livro talvez com demasiados poemas, não sei. O seguinte, este Telefunken, veio dois anos depois.Não há, tem razão, prolixidade, nem na internalidade dos meus poemas nem na frequência da minha escrita, mas isso não tem que ver com dedicar muito “tempo ao verso alheio”, mas sim com um ritmo de produção sobre o qual não tenho muito poder deliberativo. Na pergunta anterior, fala generosamente numa “originalidade” do que faço. Não a procuro. Mas procuro fazer com que meus poemas não se bastem em redizer o já dito, ou em estabelecer uma mera leitura de poemas alheios que meu cânone pessoal tenha elegido. O poema que cita termina do seguinte modo: “Não dou todo o meu tempo ao verso alheio/ mas/ ao meu/ prefiro a prosa/ não da vida e sim/ de pêlos sem metáfora ou/ mentira”. Longe de querer desconfiar muito da poesia, seja ela minha ou alheia, penso que temos todo o direito (talvez ético...) de dizer daquilo que esteja fora das bibliotecas, fora do imenso e restrito universo da literatura, mesmo porque o mundo nos exige atenção e escuta para que os livros façam sentido e possam mudar alguma coisa no próprio mundo extralivros – e existe, por mais que nos possa parecer estranho, um mundo extralivros.

Qual o papel da música na sua poesia? Editou um disco com Marcelo Gargaglione.

Sim, há esse disco, na mesma situação de blake, lançado em 2005. O título foi retirado de um poema de Fiama Hasse Pais Brandão, “A minha vida, a mais hermética”. Não sei dizer se há um papel da música em minha poesia. Talvez me fosse mais fácil dizer de um papel da literatura na música que Marcelo Gargaglione e eu fazemos: lá está Fiama, também um poema de Jorge de Sena, uma adaptação de Ésquilo, uma transgressão a um poema de Eugenio Montale, etc. Não obstante, nossa música não persegue poemas ou textos literários, pois quer ser efetivamente música, tanto que boa parte da força (talvez a mais nuclear) de na mesma situação de blake advém da própria música – o canto, os longos instrumentais, certo desafio à lógica consagrada do sistema tonal. No caso da música em minha poesia, talvez eu preferisse falar de ritmo e quebra, mas há quem diga de efetivos traços musicais. Deixo essa consideração aos bons leitores.

Explique-nos um pouco melhor a série coordenada por si na Editora Oficina Raquel com um nome tão singular como Portugal, 0.

A série é dedicada à literatura recente feita em Portugal, sobretudo a poesia. Até agora foram lançadas antologias de Manuel de Freitas, Rui Pires Cabral, Luís Quintais e Pedro Eiras. Por ser a novíssima literatura a que interessa à série, Portugal, 0: ponto zero, princípio, hoje. As antologias vêm com estudos (prefácio ou posfácio) feitos por pesquisadores brasileiros de poesia portuguesa (Maria Lucia Dal Farra, no caso de Rui Pires Cabral, e Ida Ferreira Alves, no caso de Luís Quintais, por exemplo, além de mim próprio), já que: por aqui, pelo Brasil, alguns estudiosos andam dando inteligente atenção à nova literatura portuguesa; os estudos de literatura portuguesa no Brasil, nos dias de hoje, possuem uma inegável força; o que Portugal, 0 quer, sendo uma coleção brasileira, é apresentar esses autores ao público brasileiro (nada vasto, em verdade bastante pouco, mas...) e permitir uma leitura “à brasileira” (devo a expressão a um gigante dos estudos portugueses no Brasil, Jorge Fernandes da Silveira, sem o qual eu não saberia ler direito) desses poetas. Torço para que a coleção tenha vida longa, pois o fôlego que a nova poesia portuguesa possui e o generoso número de bons autores são dignos de nota.


Pedro Eiras, no posfácio a Telefunken afirma, referindo-se a Ikeda’s Morning que o seu poema obriga à igualdade do rei na medida do homem. Homem esse, aliás, que deve ter a atitude de um rei. Assim é?

Daisaku Ikeda é o líder da Soka Gakkai, organização leiga que se dedica a promover paz, cultura e educação com base no Budismo de Nitiren Daishonin. Tenho orgulho de ser membro da Gakkai e, portanto, “singelamente/ atento” ao que diz Ikeda, humanista mais lúcido de que tenho notícia. “O homem deve ter a atitude/ de um rei” são versos escritos por Ikeda, para quem o ser humano atinge algum reinado (no mais generoso sentido) na medida mesma de sua humanidade (no mais corajoso sentido), não de sua aristocracia (no mais segregacional sentido). Estou de pleno acordo com o que escreveu Pedro Eiras em seu magnífico posfácio a meu livro, e poderia dizer mais: estar “singelamente/ atento” ao que diz e escreve Daisaku Ikeda é meu modo de acessar uma rara esperança na construção de algo distinto do que nosso mundo nos tem mostrado.


Que inferno é esse criado por «…boa vontade dum / filho da puta que não existe chamado / Deus…»?

O subúrbio do Rio de Janeiro, este “inferno sem beira ou piscina de nome/
subúrbio”. Em verdade, o Rio de Janeiro, já que o poema se chama “Rio, subúrbio”. Ou melhor, nada disso, mas certa impressão que toca minha vivência carioca, terceiro-mundista em muitos aspectos, bastante credora do que Pedro Eiras, no posfácio a Telefunken, chama de “Deus, mercadoria”: um pouco as Igrejas Evangélicas e Neo-Evangélicas, febre na maioria dos casos nociva, corrupta, corruptora e torpe, que transforma a poderosa simbologia de Deus no “mais escrito nome duns/ cartazes de publicidade”. Também a insistente pobreza que vitima muitos habitantes de minha cidade, que é, a propósito, muitas vezes “imbecilmente quente”, pois por aqui uma temperatura acima dos 35º é comum. Mas, em certa medida, viver não deixa de ser infernal, tanto pela necessidade de lidar com o outro como pela eventual maravilha da diferença e do desvio. Não é à-toa que Pedro Eiras escolheu como título de seu posfácio um sintagma de “Hélice”, “com esquerda mão”. Isso, sim, me interessa imensamente. Interessa-me também certo comentário de Sebastião Edson Macedo, poeta e amigo que comparece a dois poemas de Telefunken e que me deu o prazer de apresentar o livro no Rio de Janeiro. Ele percebe certo não-inferno em minha poesia, algo como um paraíso em construção ou a construir.

Há mais projectos no ar? Que expectativas na sua viagem a Portugal em duas datas de referência: o 25 de Abril, no Porto e a 1 de Maio, na Feira do Livro de Lisboa?

As datas das apresentações de meu livro em Portugal são inegavelmente significativas, sobretudo a primeira, já que vivo às voltas com a Literatura Portuguesa e 25 de abril é uma das datas a que mais vezes me referi em sala de aula. Além disso, o ano de 1974 é o de meu nascimento, a 16 de fevereiro, o que torna tudo ainda mais propício. Estar bem perto da Literatura Portuguesa faz-me estar bem perto de Portugal, de modo interessado, por vezes crítico mas sempre na esfera da paixão. Desde que comecei a pesquisar Literatura Portuguesa, venho construindo relações muito afetuosas com diversos portugueses que muito me ensinam, e com quem partilho afinidades, interesses e inquietudes. Um pormenor: desde sempre estive com Portugal por perto, em virtude de algo muito forte e pré-literário: a mais antiga de minhas paixões tem por nome Vasco da Gama, e é um Clube de futebol. Portanto, sou “adepto” de um nome português desde sempre.
Projetos? Vários. A Universidade por si só leva seus Professores a constantemente projetar coisas, desde as atividades cotidianas (muitas vezes mais surpreendentes que cotidianas, pois lecionar é de fato uma aventura) até as pesquisas de vulto um bocado mais ambicioso. Não penso que meu terceiro livro de poemas surja em 2009, pois os inéditos ainda não são muitos; isso fica, provavelmente, para 2010. Para este ano, é provável que seja lançado o quinto volume de Portugal, 0 e, talvez, um livro que reúna minhas reflexões sobre música, pois escrevo desde 2000 sobre o tema para uma revista ítalo-brasileira de nome Forum Democratico. Além disso, ensaios, as recensões periódicas para a revista pequena morte, e o que mais possa vir.

quarta-feira, abril 22, 2009

Dia Mundial do Livro com Paulo Kellerman na Bertrand. Caldas da Raínha, 18h


É Paulo Kellerman que vai falar com os seus leitores na Bertrand das Caldas da Raínha pelas 18h. Também lá estarão os seus livros Gastar Palavras, que o levou ao Prémio APE do Conto Camilo Castelo Branco, Os Mundos Separados que Partilhamos e Silêncios Entre Nós. Façam favor de passar por lá.

terça-feira, abril 21, 2009

Bulhosa de Entrecampos, 5ª dia 23, pelas 18h, apresentação de O Mundo Sólido de João Paulo Sousa. Com Tiago Bartolomeu Costa

Já se iniciou a contagem decrescente para a apresentação de O Mundo Sólido de João Paulo Sousa que terá lugar na Bulhosa de Entrecampos já na 5ª feira, pelas 18h. Lá estará Tiago Bartolomeu Costa, da Revista Obscena, a apresentar o autor e o seu livro. Mais uma boa ocasião para nos revermos e falarmos do que gostamos - literatura.
Ver booktrailer de O Mundo Sólido e entrevista a João Paulo Sousa aqui

segunda-feira, abril 20, 2009

1º Mostra Anual de Dramaturgia do Teatro Art'Imagem

O Teatro Art'Imagem apresenta a primeira Mostra Anual de Dramaturgias, com as seguintes leituras encenadas:
SEG 27 - Testa-de-Ferro, de Jorge Palinhos Direcção: Valdemar Santos
TER 28 - A Irrisão das Flores, de Rui Pina Coelho
Direcção: Sílvia Correia
QUA 29 - Ida e Volta, de Tiago Rodrigues
Direcção: Ricardo Correia
QUI 30 - Uma Carta a Cassandra, de Pedro Eiras
Direcção: Armando Pinho
SEX 1 – A Minha Mulher, de José Maria Vieira Mendes
Direcção: Fernando Moreira


sexta-feira, abril 17, 2009

Hoje, nas Caldas da Raínha, na Chá de Limão, pelas 21:30, apresentação de Versos Olímpicos de José Ricardo Nunes. Com Henrique Fialho.


É já hoje a apresentação de Versos Olímpicos de José Ricardo Nunes. Encontramo-nos pelas 21.30h na Chá de Limão e é organizado pela Livraria Loja 107. Irá abrir as hostilidades, o mesmo será dizer a conversação, o Henrique Fialho, poeta, blogger, crítico, professor. Vale a pena aparecer por lá.

Capa de Apócrifo a último livro antes de Versos Olímpicos

quinta-feira, abril 16, 2009

II Simpósio Poéticas da Resistência, Santiago de Compostela, 16 e 17 de Abril

Xosé L. Mosquera Camba
Aqui estão os resumos das intervenções deste simpósio que decorre em Santiago de Compostela. Poéticas da Resistência: um nome que já é todo um programa. Organizado polo Grupo de Investigación e Teoría da literatura e Literatura Comparada da USC e a Rede Internacional Poetics of Resistance. Para consultar

«Regime de 1/2 Pensão», autores nos cafés do Porto, 16 a 18 de Abril

“Regime de 1/2 Pensão” é um projecto de residências de autores, criadores, pensadores activos da produção literária, do teatro, das artes plásticas, da memória colectiva do local e da cidade, que tem como principal objectivo trazer de volta o artista a um dos espaços de excelência de criação, discussão e trabalho – o café.

A decorrer de 16 a 18 de Abril de 2009, esta iniciativa reúne um grupo de artistas, entre os quais Isabel Carvalho, João Gesta, Jorge Andrade, Pedro Eiras e valter hugo mãe, que irão estar em produção em cinco cafés de referência incontornável da cidade do Porto (Café Ceuta, Café Guarany, Leitaria da Quinta do Paço, Maus Hábitos e Plano B).

O público poderá visitar os artistas residentes em qualquer altura, acompanhando assim os processos criativos de cada um dos autores envolvidos.

Os artistas vão estar em residência nos seguintes horários:
Isabel Carvalho – Café Guarany
16.Abr > 11:00 - 13:00 / tarde - horário livre / 21:00 - 24:00
17.Abr > 10:00 - 12:00
18.Abr > 11:00 - 13:00 / tarde - horário livre / 21:00 - 23:00

João Gesta – Leitaria da Quinta do Paço
16.Abr > 14:30 - 18:30
17.Abr > 14:30 - 18:30
18.Abr > 14:30 - 18:30

Jorge Andrade – Plano B
16.Abr > 22:00 - 02:00
17.Abr > 22:00 - 02:00

Pedro Eiras – Café Ceuta
16.Abr > 10:30 - 14:30
17.Abr > 10:30 - 14:30
18.Abr > 16:30 - 22:00

valter hugo mãe – Maus Hábitos
16.Abr > 23:00 - 02:00
17.Abr > 23:00 - 02:00
18.Abr > 22:00 - 01:00

Contamos com a vossa presença,
Ana Conde, Ana Rocha e Marta Bernardes

(Arco da Velha)
Para mais informações: (clicar aqui)
regimedemeiapensao.blogspot.com
arcodavelh@gmail.com

quarta-feira, abril 15, 2009

Booktrailer de O Mundo Sólido, de João Paulo Sousa



Booktrailer de O Mundo Sólido, de João Paulo Sousa, com música de John Cage. Deriva Editores

«A negatividade do narrador é uma forma de recuperar a espessura da memória, de recusar a sua transformação em artigo de fancaria.», João Paulo Sousa

João Paulo, depois de A Imperfeição (2001) e Os Enganos da Alma (2002) escreveu este livro notável, O Mundo Sólido. Sete anos de interregno na produção literária. Há alguma razão plausível para isso?
Não estive afastado da literatura durante esse tempo, apenas não publiquei nenhum livro. Escrevi um ensaio longo sobre a obra ficcional de Almada Negreiros (uma dissertação académica) e vários outros, mais breves, sempre relacionados com a arte literária. Além de textos de carácter mais fragmentário, comecei já um novo romance. Faço notar, contudo, que o ritmo de escrita de Os Enganos da Alma foi mais rápido porque tive a felicidade de beneficiar de uma bolsa de criação literária, atribuída pelo Ministério da Cultura de então, permitindo que eu dispusesse de mais tempo para esse trabalho.


Enquanto estive a ler os seus primeiros livros assaltava-me a ideia de fazerem parte, juntamente com O Mundo Sólido, de uma trilogia, visto que as relações pessoais e a solidão estão sempre presentes. É assim?
Não pensei neles nesses termos, visto que tenho tendência para encarar cada livro como um objecto autónomo, ou mesmo independente, dos outros. Em todo o caso, admito que haja obsessões que transitem de uma obra para outra, pois nenhum escritor que procure efectivamente criar os seus mundos escapa a essa reiteração (que não deve, de qualquer modo, ser confundida com o que Danilo Kiš designou como autoplágio).

O mundo é sólido ou contingente? Explico melhor: há sempre a possibilidade de uma ruína iminente, não é?
Para o narrador do meu romance, esse é um problema recorrente. Ele confronta­‑se com a perda de solidez do mundo, com a ideia de que a passagem do tempo conduz inexoravelmente a uma desagregação, mas insiste em tentar reconstruir alguma da ordem perdida.

Um dos momentos mais especiais do livro é quando Francisco se encontra com Paola no Coliseu romano e revê o passado, a dor dos mártires. O passado é essencialmente constituído pela dor?
Nessa cena, Francisco tem, de súbito, uma consciência aguda do que poderia ter sido a dor de seres humanos que passaram por aquele espaço. É uma espécie de epifania negativa, que contrasta com o modo como o lugar é vendido aos turistas, como a memória se banaliza e o passado se reduz a um mero ornamento. A negatividade do narrador é, portanto, uma forma de recuperar a espessura da memória, de recusar a sua transformação em artigo de fancaria.

Para além do recurso ao Coliseu, a Ilíada aparece igualmente como explicativa desse mesmo desfasamento com o passado, dessa dificuldade em compreender o presente a não ser pela dor, principalmente pela acção de Príamo, pai de Heitor. Preparação do leitor para a relação de Francisco com o seu pai?
A relação de Francisco com o pai é marcada por vários equívocos, como também o é a relação com o filho. Ao contrário da visão idílica das ligações familiares, estas personagens expõem com nitidez os seus conflitos, e Francisco procura mesmo dissecar os fundamentos dessa incompreensão. Não se trata, porém, de um problema específico da contemporaneidade, como a presença da Ilíada o vem demonstrar.

A arquitectura está sempre presente em O Mundo Sólido desde Piero della Francesca, até Le Corbusier passando por Eiffel. À procura de uma cidade ideal, como Campanella, Santo Agostinho ou mesmo More?
Não será, naturalmente, por acaso que ao narrador coube a profissão de arquitecto. Os seus conhecimentos específicos servem­‑lhe para reflectir sobre a ocupação do espaço pelo indivíduo e para concluir pelo absurdo de várias propostas, elaboradas ao longo dos tempos. Essas construções funcionam, para Francisco, como uma expressão da irracionalidade do ser humano, em contraponto com as soluções ideais, mas nunca concretizadas, que ele também refere.

Durante a leitura de O Mundo Sólido deparamo-nos com várias impossibilidades: de alegria, da família, até de uma «pátria» impossível e aparentemente sólida. Mesmo a revolução que a substitui é encarada como inverosímil. É pessimismo?
Eu diria que o optimismo ilusório do narrador se foi perdendo ou gastando com o decurso do tempo. A crença em qualquer tipo de solução colectiva, quer ela passasse pela pátria, pela revolução ou, mais humildemente, pela família, parece destinada ao fracasso. Em todo caso, e até pelo simples facto de a personagem narrar todos esses dilemas, de os problematizar até com uma certa dose de exagero, não se poderá dizer que é um desistente. Talvez, portanto, possamos falar em pessimismo à maneira de Schopenhauer ou de Nietzsche.

Parece que a única existência real, portanto sólida, é a do indivíduo e do seu centro perante a infinitude do universo. O recurso a Giordano Bruno é, em si mesmo, uma metáfora do mundo?
Giordano Bruno representa a defesa da razão contra todos os tipos de obscurantismo. Nessa medida, ele torna­‑se também um representante do indivíduo, preso na solidão a que o confronto com o mundo o condena, mas é também uma estátua, relativamente ignorada, no centro de uma praça onde o mais importante é o negócio, porque aí decorre habitualmente uma feira.

Colóquio Internacional e Interdisciplinar Artes da Perversão, 23 e 24 de Abril, Faculdade de Letras da Universidade do Porto


Clicar na imagem para ver o programa

Nos próximos dias 23 e 24 de Abril realiza-se na Faculdade de Letras da Universidade do Porto o Colóquio Internacional e Interdisciplinar Artes da Perversão, que será acompanhado, ao longo da semana, por um Ciclo de Cinema com quatro sessões (20-23 de Abril), a decorrer na Leitura Books & Living e nos Cinemas Medeia do Shopping Cidade do Porto. O Colóquio encerrará com um encontro de criadores, no espaço Trintaeum, que contará com a presença de Ana Luísa Amaral, de José Emílio-Nelson e de valter hugo mãe. Junto envio os programas do Colóquio e do Ciclo de Cinema.
Eu não perderia isto por nada... vamos dando notícias.

segunda-feira, abril 13, 2009

«É, creio eu, um livro sobre a poesia. A poesia como performance. A poesia como vitória e como derrota.» José Ricardo Nunes

José Ricardo, depois de Apócrifo no ano passado, surge agora Versos Olímpicos. Porquê a temática olímpica, este virar as páginas para os deuses?
O livro, a meu ver, é sobretudo um virar de página muito irónico. Pretendo afirmar a forçosa relação da poesia com os deuses, mas também o seu contrário. A escrita encontra-se demasiadamente marcada por imagens negativas. Quase todos cospem na sopa onde vão depois comer. Mas talvez tenha sido sempre assim.

Num mundo cada vez mais em comunicação (se é real ou não, é outra conversa) afirmas, como um aedo, «Foram as mais grandiosas Olimpíadas de sempre. / Participaram todas as nações conhecidas./ Resultados muito além do que seria de esperar(…)». Será isto um olhar para trás, uma provocação aos deuses da modernidade?
O que está em causa é a literatura como resultado. Sempre entendi a poesia como um processo de descoberta interior. A poesia é, para mim, auto-revelação - lida ou escrita. Talvez este entendimento seja desadequado aos dias de hoje.

«O mundo subsiste/ graças ao movimento das suas imagens (…)» é este o mundo do espectáculo que glosas nos teus poemas? Tudo é imagem? O Homem já não transforma o mundo?
Verdade: o homem já não transforma o mundo. O que transforma o mundo são as imagens e as imagens não são já forçosamente humanas.
Dito isto, assumo uma atitude céptica face ao mundo. Aliás, o mundo cada vez mais se resume aos meus gestos, às minhas pessoas, ao meu mundo. Não poderia ser doutro modo. E também eu existo cada vez menos.

No poema Versos Olímpicos, que dá o título ao livro, chegas a dizer que desejarias não ter escrito o poema. Ou que a retórica diminui os versos porque esta vem da prosa. Há mesmo uma contaminação a que queres fugir?
A escrita fica sempre aquém. O poema é sempre uma construção que se afasta da fulguração que, por um momento, o trouxe presente ao espírito e à mão do poeta. A palavra é uma degradação. A retórica salva (mas pouco, obviamente...).A poesia trata-se, por natureza, de um processo retórico, por mais que digam o contrário. É essa a felicidade da escrita, mas também o seu inferno: tentar captar essa fulguração.

«(…)Deus vê com os atletas / e corre por dentro dos espectadores». Deus somos nós? Então de que é feito este deus que permite que o mundo fique pior nesses 40 dias?
Esse poema da contra-capa é pura blague. O mundo está pior desde o início. Todas as épocas têm o seu lamento característico.

Mais uma questão, José Ricardo: este livro tem pouco a ver com os Jogos. Ou tem somente na sua teatralidade, na relação construída entre deuses e homens?
É, creio eu, um livro sobre a poesia. A poesia como performance. A poesia como vitória e como derrota. Enfim, como coisa de nenhuma valia. Porque, na verdade, o que importa é o processo de crescimento e aperfeiçoamento interior de quem escreve e lê os versos. Se estes permitirem um (re)encontro já não é nada mau.

Diz-me qual a tua opinião sobre o estado da poesia no nosso quintal? Estamos condenados a sermos os eternos 200 leitores de poesia? Ou Herberto Hélder abre portas?
Já atrás me referi ao interesse que a poesia tem para mim. Não sou daqueles que acreditam que a poesia traz a verdade ao mundo. Quanto muito trará a cada um a sua verdade. Penso que isso é suficiente.

sexta-feira, abril 10, 2009

Versos Olímpicos, José Ricardo Nunes


A capa de Versos Olímpicos de José Ricardo Nunes
Foram as mais grandiosas Olimpíadas de sempre.
Participaram todas as nações conhecidas.
Resultados muito além do que seria de esperar.
A organização excedeu-se e merece os elogios
e o aplauso. Passados quarenta dias,
é tempo de entregar o testemunho
a mais uma cidade. Prudente omitir
como ficou pior o mundo nestes quarenta dias.
Apresentação por Henrique Fialho no Chá de Limão, Caldas da Raínha, dia 17 de Abril, pelas 21:30 com apoio da Livraria Loja 107.

Fez no dia 7 de Abril 30 anos da prisão de Toni Negri

Foi há 30 anos que se deu um dos mais abjectos casos da justiça italiana: o caso Negri que o levou a ser acusado e condenado num processo todo ele construído com provas inexistentes. Em Junho de 1987, Soveral Martins, Filomena Ferreira e eu próprio, editámos Os Novos Espaços de Liberdade de Félix Guattari e Toni Negri, na Centelha. Nessa ocasião, ele estava na clandestinidade e iniciámos um processo de solidariedade que deu os seus frutos. Hoje, encontra-se ainda em Paris e escreveu este texto. A ler aqui

quinta-feira, abril 09, 2009

Grafias - Ana Haterly
«Cultura é conversação. Mas escrever, ler, editar, imprimir, distribuir, catalogar, criticar podem ser lenha para o fogo dessa conversação, formas de animá-la. Até se poderia dizer que publicar um livro é colocá-lo no meio de uma conversação; que organizar uma editora, uma livraria, uma biblioteca é organizar uma conversação. (...)
O aborrecimento é a negação da cultura. Cultura é conversação, animação, inspiração. A promoção de um livro que nos interessa não pode limitar-se a aumentar as vendas, as tiragens, os títulos, as notícias, os actos culturais, os empregos, os gastos e todas essas quantidades que é conveniente medir. O importante é a animação criadora que se pode sentir, embora sem a medir; que nos pode orientar para saber se estamos na direcção certa, embora não haja receitas para a desenvolver.»
Gabriel Zaid in Livros de Mais, Ed. Temas e Debates, págs. 71-72

quarta-feira, abril 08, 2009

João Paulo Sousa escreve O Mundo Sólido. A sair em breve

O Mundo Sólido é uma narrativa centrada na figura de um arquitecto no exílio, onde será obrigado a confrontar¬ se com um passado de que julgava estar definitiva¬mente separado. Nesse combate da memória com um tempo em que lhe era prometido um futuro radioso, o narrador distingue os sinais de morte que atravessam os edifícios e as pessoas com quem se relacionou ao longo de mais de cinquenta anos, até um presente marcado pela sensação de completo abandono, a que nem a ligação mais íntima escapa.

João Paulo Sousa nasceu em 1966. Licenciou­‑se e fez o mestrado em Literatura na Faculdade de Letras do Porto. É autor dos romances A Imperfeição (2001) e Os Enganos da Alma (2002). Publicou ensaios nos domínios da estética e da crítica literária, tendo colaborado no volume Jovens Ensaístas Lêem Jovens Poetas (2008), editado pela Deriva. É um dos responsáveis pelo blogue Da Literatura e escreve sobre teatro na revista de artes performativas Obscena.

terça-feira, abril 07, 2009

segunda-feira, abril 06, 2009

Capas que nos incomodam?

Acham possível ser incomodados com estas capas da Penguin Books? Podem ler melhor os comentários aqui , mas a bem da verdade também nunca aderimos ao formato de bolso. Estava a imaginar ler este The Vivisector, de Patrick White, no metro com a capa bem aberta para o meu vizinho da frente ou, em alternativa, num qualquer consultório de oftalmologia.

sexta-feira, abril 03, 2009

Livros mutantes de Brian Dettmer

Brian Dettmer - Livros Mutantes

Através de José Afonso Furtado tivemos acesso a estes livros mutantes de Brian Dettmer. Podem ser consultados aqui

Desembarque: 14 piratas no Gato Vadio

Foram catorze os piratas que desembarcaram, ontem, no Gato Vadio, entre livros, algumas bebidas simpáticas e boa disposição suficiente para um debate sobre pirataria, sufismo, corsários, renegados, propriedade, islamismo, etc., etc. moderado por Miguel Mendonça e António Alves da Silva.


Deva-se registar um espaço extremamente agradável que é o Gato Vadio, com bons livros criteriosamente escolhidos à venda e uma gestão impecável do Júlio. A ir sem falta a permanecer lá por uns tempos.

quarta-feira, abril 01, 2009

Gato Vadio: pirataria à solta quinta, dia 2, pelas 22h

A pirataria vai atracar no Porto (não, não estamos a falar do BPN e outros negócios igualmente lucrativos) durante perto de duas horas ali para a Rua do Rosário, que é sempre uma boa toponímia para o tema.

As Utopias Piratas de Peter Lamborn Wilson vão ser assunto de conversa pela noite dentro com uma bebida a condizer (uma cuba libre ou um rum forte vinha a calhar!) e se possível com o espírito tão aberto que possibilite a deriva para as «novas» piratarias dos dias de hoje.


A República de Salé, no século XVII, foi uma república livre como a tão livre Veneza. Os negócios de rapina de uma e de outra encontrar-se-iam amiúde pelos tempos fora. As diferenças, sendo muitas, foram-no igualmente na morte. Uma deixou o capitalismo a fermentar no mundo, a outra, a de Salé, deixou-nos sem nenhum registo ou menção escrita. No entanto, ainda hoje nos sentimos impreterivelmente atraídos por esta República pirata de Salé. Assim como múltiplos renegados voluntários que nunca chegaram a regressar...

Barba Negra e Utopias Piratas