"Sim, talvez continue à espera que chegues. Que venhas: e sorrias.Dirás (possivelmente) que tiveste saudades e olharás para mim em silêncio, durante um instante; e depois? Um beijo, breve, na face ou na testa ou no cabelo; e pegarás no meu copo de água, beberás um pouco. Depois, ficaremos em silêncio, olhando-nos, confortáveis. Sem nada para dizer, para acrescentar." (Paulo Kellerman, Chega de Fado)
Chega de Fado é um livro sobre os intervalos da vida. Sobre os entretantos que ocupam mais que a própria vida. Não há aqui epifanias, revelações, apenas quotidianos e banalidades. Os piores quotidianos e as piores banalidades, porque são exactamente aquelas que não queremos ver, aquelas que não admitimos viver. Chega de fado não é sobre a "vidinha," é sobre as vidas dos outros e a nossa. Vidas precárias, sentimentos precários, sensações precários. Um retrato da nossa imperfeição.
Um livro sobre a indiferença, sobre as barreiras, sobre as insuficiências das palavras e dos silêncios.