terça-feira, maio 12, 2009

Noites da Sociologia - A Cultura do Novo Capitalismo. Labirinto, 13, 14 e 15 de Maio, Porto. Com a presença de Rui Pereira

Este ano as Noites de Sociologia aí estão com a presença de Rui Pereira e Suzana Ralha entre outros. Quando tivermos mais notícias, diremos. O Labirintho é na Rua Nossa Senhora de Fátima, 334 e as noites iniciar-se-ão pelas 21h30.


13/05/2009 – O Capital e os Capitais: sistema económico e sistemas sociais

«Tudo o que era sólido volatiliza-se», escrevia Marx há cento e sessenta anos, numa fórmula memorável a propósito do capitalismo. (…) Desde a época de Marx, a instabilidade parece ser o único factor constante do capitalismo. O sobressalto dos mercados, o bailado desenfreado dos investidores, o crescimento súbito, a queda e a deslocação de fábricas, a migração maciça de operários em busca de melhores postos de trabalho ou de um emprego são imagens da energia do capitalismo que impregnou o século XIX e que foram evocadas, no início do século seguinte, por outra fórmula célebre, desta vez, do sociólogo Joseph Schumpeter: a «destruição criadora». Actualmente, a economia moderna parece precisamente repleta dessa energia instável devido à propagação mundial da produção, dos mercados e da finança, e ao desenvolvimento de novas tecnologias.” (Sennett, 2007, p.21)



14/05/2009 – Encruzilhadas da Política e do Consumo no Novo Capitalismo

“ Apesar de real, o ressentimento parece-me ser uma maneira demasiado restringida para relacionar economia e política, porque a insegurança material não leva apenas a diabolizar os arautos da mudança desestabilizadora. Com efeito, a economia também cumpre uma função de magistério: temos de auscultar mais profundamente a experiência quotidiana das pessoas explorando as formas típicas como elas aprendem a consumir o que é novo – os bens e serviços – antes de nos perguntarmos se escolhem os políticos como escolhem a roupa que compram. Antes de considerar o cidadão como um eleitor irritado, gostaríamos de considerá-lo como um consumidor de política que enfrenta as pressões que o levam a comprar.” (Sennett, 2007, p.94)



15/05/2009: Transformação do «Eu» na vida quotidiana das sociedades contemporâneas

“Que valores e práticas podem manter unidas as pessoas quando se fragmentam as instituições em que vivem? (…) Só um determinado tipo de ser humano pode prosperar em condições sociais instáveis e fragmentárias. Esse homem – ou mulher – ideal tem de enfrentar três desafios.
O primeiro relaciona-se com o tempo, pois consiste na maneira de gerir as relações a curto prazo e de se autogerir, enquanto se muda de ocupação, emprego ou local de trabalho.(…) O segundo desafio relaciona-se com o talento: como explorar capacidades potenciais à medida que as exigências da realidade vão mudando. Na prática muitas competências têm a vida curta na economia moderna. (…) [o terceiro desafio] diz respeito à renúncia, isto é à forma de se desprender do passado. (…) Isso requer um traço de personalidade bem peculiar, que descarte as experiências vividas.” (Sennett, 2007, p.14-15).