«Ora, a campanha do Marechal Soult em Portugal, nos primeros mezes do anno de 1809, é muito rica de ensinamentos sob o ponto de vista da defeza das províncias do norte, e, especialmente da defeza da cidade do Porto, centro importantíssimo d'essas províncias, pela sua grandeza, commercio, industria, actividade, e comprovado patriotismo.
Assim, no caso da cidade do Porto ser novamente ameaçada por um corpo d'exercito inimigo partindo da Galliza, como o foi em 1809 pelo exercito de Soult, o estudo d'essa campanha deve orientar muito os generaes e os estados maiores que forem encarregados da sua defeza.
É verdade que hoje as guerras differem muito das antigas, não só pela rapidez das operações, como também pelos enormes effectivos dos exercitos modernos, que são as nações armadas. Mas no fundo os principios geraes da estratégia são sempre identicos. O passado pôde sempre servir de lição ao futuro. Os conhecimentos das operações que foram, fará prever as operações que serão.(...)»
Alfredo Pereira Taveira, Tenente-Coronel do Estado Maior, 1898
Este Estudo que agora se reedita é de uma grande utilidade porque contém uma descrição muito rigorosa da campanha do Marechal Soult, em 1809, no norte de Portugal. O relato é feito por um oficial do Corpo de Estado-Maior, manifestamente competente, que analisa com precisão todos os episódios da Invasão. Não se circunscreve, todavia, aos diversos passos que ela seguiu; junta-lhes comentários muito ajustados e que ajudam à compreensão dos acontecimentos e das decisões tomadas. Ele não disfarça as dificuldades quer dos Franceses quer das tropas aliadas luso-britâncias. E não cai em manifestações “patrioteiras”. Fala, com lucidez, da falta de preparação das nossas tropas e da disciplina violenta e, por isso, muito contraproducente das populações.
Luís Valente de Oliveira
Presidente da Comissão para a Evocação do Bicentenário das Invasões Francesas no Porto