Alexandre T. Morais Sarmento tentou libertar o Porto em 1809 integrado no Batalhão Académico de Coimbra
Com o apoio da Associação de Municípios das Terras de Santa Maria e no âmbito da evocação do bicentenário das Guerras Peninsulares a Deriva publicou o livro de Alexandre Tomás de Morais Sarmento, Relação das Medidas de Defesa do Vouga contra o Exército de Soult em 1809. Este, mais tarde deputado liberal e opositor do absolutismo miguelista, fez parte do Estado Maior do General Trant representando o Batalhão Académico que tentava a libertação do Porto naquela data.
"Como me propusesse lançar por escrito o que aconteceu enquanto duraram as operações defensivas sobre o Vouga, darei agora fim ao meu pequeno trabalho, porque., ainda que os mesmos corpos entrassem nas operações ofensivas dos dias 10, 11 e 12 de Maio, e sendo a artilharia do Coronel Trant a primeira que rompeu fogo sobre os Franceses na manhã do dia 10 de Maio, estas tropas já obravam debaixo da ordem do Marechal General, cuja campanha é totalmente distinta. Induziu-me a este pequeno trabalho a curiosidade dalguns amigos, e o meu desejo de corresponder às suas patrióticas intenções me obrigou a aclarar alguns apontamentos que fiz a este respeito, aonde não entrou outra consideração mais do que a justa admiração por um acontecimento que tanto enobrecera a História Portuguesa do ano de 1809. Os povos da esquerda do Vouga, levados de uma gratidão pelos esforços que fez o Coronel Trant para salvar o país entre o Vouga e a Mondego, pretenderam colocar num monumento sobre a altura do Marnel, situada entre a ponte deste nome e a do Vouga"
Este Estudo que agora se reedita é de uma grande utilidade porque contém uma descrição muito rigorosa da campanha do Marechal Soult, em 1809, no norte de Portugal. O relato é feito por um oficial do Corpo de Estado-Maior, manifestamente competente, que analisa com precisão todos os episódios da Invasão. Não se circunscreve, todavia, aos diversos passos que ela seguiu; junta-lhes comentários muito ajustados e que ajudam à compreensão dos acontecimentos e das decisões tomadas. Ele não disfarça as dificuldades quer dos Franceses quer das tropas aliadas luso-britâncias. E não cai em manifestações “patrioteiras”. Fala, com lucidez, da falta de preparação das nossas tropas e da disciplina violenta e, por isso, muito contraproducente das populações. (do prefácio de Luís Valente de Oliveira, Presidente da Comissão para a Evocação do Bicentenário das Invasões Francesas no Porto)