quarta-feira, março 28, 2007
Meridionais, de João Pedro Mésseder. A sair em Abril.
Quotidianos sublimados. Ricardo Duarte entrevista Paulo Kellerman no JL de hoje.
Elas Somos Nós, livro de Andrea Peniche
«Fomos testemunhas de uma sociedade que se comoveu mas, quando pôde, não se moveu (p.16)»
terça-feira, março 27, 2007
Colagem 3 para Futuro Primitivo, de John Zerzan
domingo, março 25, 2007
Colagem 2 para Futuro Primitivo, de John Zerzan
sábado, março 17, 2007
O Espírito Nómada, de Kenneth White, a publicar em Maio
ESBOÇO DO NÓMADA INTELECTUAL
GORKI
Na deriva anarco-niilista e cosmo-poética que segue, o leitor vai encontrar algo semelhante a uma rede de afinidades electivas. Encontrará figuras e movimentos ocultados e postos à margem pela sociologia e a psicologia ditas sérias que as consideraram até aqui, de uma perspectiva maciamente humanista, como «excêntricas», «marginais», «perigosas», em suma.
Se o nómada intelectual que vamos considerar sob formas diversas nestas páginas, for niilista (o «niilista perfeito» de Nietzshe) orientalizante (pesquisador, em última análise de um «Oriente» não situado nos mapas), mundialista (mas que, como Husserl, põe durante muito tempo a tese do mundo entre parêntesis), anarquista (sem bomba nem bandeira), demoníaco (como Sócrates e não como Cagliostro) e errático (dado que nenhuma via é a via completa), é antes de mais um intelectual de novo tipo, móvel e múltiplo, abrupto e rápido, que não pertence a qualquer intelligentsia, não se liga a qualquer ideologia e é de difícil solidariedade, excepto com o universo (e mais - ao filocosmismo pode misturar-se, como o sal na água, um quanta de acosmismo superniilista).
Esse novo intelectual não surgiu ex nihilo. Nasceu num dado momento da cultura ocidental e tem uma história. É essa história que eu tentarei trazer à luz nas páginas que seguem. (...)»
O Espírito Nómada, de Kenneth White (a publicar em Maio, Cap.I, pág. 1 e 2) Tradução de Luís Nogueira
Futuro Primitivo de John Zerzan, a publicar em Abril
No entanto, a literatura especializada pode dar-nos uma ajuda bastante apreciável, na condição de a abordar com método e vigilância apropriadas, na condição de decidir não ultrapassar os seus limites. De facto, as deficiências destas maneiras de pensar mais ou menos ortodoxas correspondem às exigências de uma sociedade cada vez mais frustrada. A insatisfação da vida contemporânea transforma-se em desconfiança perante as mentiras oficiais que servem para legitimar tais condições de existência; ela permite, assim, desenhar um quadro mais fiel ao desenvolvimento da humanidade. Explicou-se, exaustivamente, a renúncia e a submissão que caracterizam a vida moderna pelas contingências da «natureza humana». No fim de contas, o mito da nossa existência pré-civilizada, pretensamente vivida por privações, brutalidade e ignorância acabou por fazer parecer a autoridade como uma benfeitoria que nos salvou da selvajaria. Invoca-se sempre o «Homem das Cavernas» e o «Homem de Neanderthal» para nos lembrar como nós seríamos sem religião, Estado ou trabalhos forçados.(...)»
Futuro Primitivo, de John Zerzan (a publicar em Abril, págs. 1 e 2)
terça-feira, março 13, 2007
Meridionais, João Pedro Mésseder
terça-feira, março 06, 2007
Carta a uma amiga
Moebius
Como estás? Deixaste-me um mail indignado com o que se passou em Santa Comba e o caso não é para menos. Vi, de soslaio porque o estômago não permite (certamente por cansaço) o olhar de frente para a ignomínia, as gentes que gritavam por Salazar. Não me admirou que não fosse a extrema-direita a organizar o evento que é sempre espontâneo, nestas ocasiões. Portugal desde há anos, desde sempre, guarda dentro de si esta vocação para a ordem e bem-estar, para a couve, a sardinha e a sopa dos pobres, para o trabalho honesto e poupadinho, para as mulheres submissas e obedientes, castigadas e humilhadas e, quando é preciso, fatalmente violentadas por companheiros desgraçadamente ciumentos que compõem a «vida» com que nos cosemos e, pela qual, um primeiro-ministro já se pôs a milhas. A milhas também pusemos nós levas sucessivas de emigrantes que engordavam os bidonvilles de Paris e as contas bancárias de angariadores de lá e de cá. Nunca quisemos saber deles e gozávamo-los quando cá vinham em férias (talvez as primeiras das suas vidas). Tratámos mal os nossos putos, batendo-lhes e educando-os à boa maneira portuguesa, entre escândalos de estado e os vícios privados. Sempre fomos bons a cultivar a violência com um leve sorriso cristão na boca. Nunca soubemos a verdadeira dimensão dos bufos da Pide e da panóplia incrível de gente que alimentou a melhor polícia política do mundo, como orgulhosamente se dizia, então. Ficou-nos, desse tempo, o anonimato e a denúncia, a inveja e o contentamento alvar pela maldade e pelo boato. Ficou-nos do futebol e da alienação dos copos de domingo, as claques organizadas de seres simiescos e dos santuários de fátima, as campanhas pela «vida». Dos filmes de Leitão de Barros e do Santana, ficou-nos a telenovela salvadora e o filme da treta que nos faz rir. Os parodiantes deram lugar aos malucos do riso. O mofo e o bafio estão aí e, em Santa Comba, erige-se um novo santuário de fascistas anónimos. Já andaste, em Berlim, pela avenida Hitler? Em Roma, no Museu Mussolini? Já foste à Alameda Francisco Franco, em Madrid? Deixa que te diga que nunca, mas nunca, nos deixámos levar por essas toponímias. Existe um bairro Salazar? Ou rua Dr. António Oliveira Salazar? Claro que sim. Somos todos democratas, não somos?