sábado, março 17, 2007

O Espírito Nómada, de Kenneth White, a publicar em Maio

O Espírito Nómada, livro central da teoria da geopoética de Kenneth White e impulsionador do Instituto Internacional de Geopoética vai ser editado na Deriva em Maio, ainda a tempo do autor nos visitar.
Meditando profundamente sobre a crise da vida moderna, questiona sem cedências o sentido do nomadismo e da deriva como alternativa de vida. Um sentimento poético baseado na procura e na forte ligação à terra e à natureza. Neste ensaio, onde Kenneth White, escocês há muito radicado na Bretanha, viaja pelos nomes de vários poetas a fim de dar um sentido político, poético e cultural da vida que nos resta. Daremos mais notícias em breve.

«Capítulo I
ESBOÇO DO NÓMADA INTELECTUAL
Foi assim que enquanto íamos fazendo caminhadas de milhares de verstas… não deixávamos passar nenhuma oportunidade para declararmos a nossa identidade e ao mesmo tempo contarmos tudo o que tínhamos visto, pensado e feito.
GORKI


Na deriva anarco-niilista e cosmo-poética que segue, o leitor vai encontrar algo semelhante a uma rede de afinidades electivas. Encontrará figuras e movimentos ocultados e postos à margem pela sociologia e a psicologia ditas sérias que as consideraram até aqui, de uma perspectiva maciamente humanista, como «excêntricas», «marginais», «perigosas», em suma.
Se o nómada intelectual que vamos considerar sob formas diversas nestas páginas, for niilista (o «niilista perfeito» de Nietzshe) orientalizante (pesquisador, em última análise de um «Oriente» não situado nos mapas), mundialista (mas que, como Husserl, põe durante muito tempo a tese do mundo entre parêntesis), anarquista (sem bomba nem bandeira), demoníaco (como Sócrates e não como Cagliostro) e errático (dado que nenhuma via é a via completa), é antes de mais um intelectual de novo tipo, móvel e múltiplo, abrupto e rápido, que não pertence a qualquer intelligentsia, não se liga a qualquer ideologia e é de difícil solidariedade, excepto com o universo (e mais - ao filocosmismo pode misturar-se, como o sal na água, um quanta de acosmismo superniilista).
Esse novo intelectual não surgiu ex nihilo. Nasceu num dado momento da cultura ocidental e tem uma história. É essa história que eu tentarei trazer à luz nas páginas que seguem. (...)»


O Espírito Nómada, de Kenneth White (a publicar em Maio, Cap.I, pág. 1 e 2) Tradução de Luís Nogueira

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