Não se compara os 100 anos da URSS com os 100 da revolução de 1917. A primeira não me entusiasma por aí além. Em 1922 a revolução era ainda uma festa. A burguesia perdeu a guerra civil e o apoio ocidental foi um fracasso. Até perto de 1932 a imprensa de esquerda era livre e plural. A arte revolucionária florescia. Embora com Cronstad e Mackno, que manchou para sempre os primeiros anos, a liberdade vivia-se na rua, nas fábricas, nos campos. Os sovietes eram livres e autónomos. Ligo a URSS à burocracia nascente e cada vez mais forte desde a doença e morte de Lenine e o exílio de Trotsky e a consequente subida ao poder de Estaline que, por mero poder de adivinhação e forte intuição política achou que a grande maioria do comité central dos bolcheviques iria morrer primeiro que ele, aquilo começou a descambar. Até 1953 e nos anos seguintes até à estagnação foram os planos quinquenais e a grande industrialização que marcaram o país e os grandes projetos agro-industriais que vingaram. Essa é a imagem que me ficou da URSS. Há mais imagens, mas fico-me por aqui. Estaline é o 18 do Brumário da Revolução libertária e conselhista, soviética, de 1917. Kruchev enterrou-a definitivamente ao querer competir com o capitalismo. Brejnev era velho desde a adolescência. Triste fim de uma Utopia generosa.