Édipo, de Sófocles, foi encenado por Kuniaki Ida e teve interpretações memoráveis de António Capelo e Pedro Lamares. |
Tomem e embrulhem: no dia das eleições gregas (em França não importa e entre Hollande e Sarkozy venha o diabo e escolha), cá o indivíduo deu corda aos sapatos e foi, lesto, ver Édipo de Sófocles, encenação do Teatro do Bolhão e que nunca ganhou, a seu tempo, qualquer festival da Grécia antiga. Lá, como cá, os árbitros tinham os seus critérios e quedas súbitas por este ou por aquele. Sófocles é que provavelmente não era simpático ou não tinha acesso às mistoforias públicas. Mal um tipo se senta, ouve: «Salva esta cidade das ruínas, ó Édipo!» e quer se queira, ou não, pensamos que existe um paralelismo entre a nossa sociedade e a deles, dos gregos antigos. Só que Jocasta é a Democracia e Édipo, nós todos. Deixámos que nos privassem da sociedade, da economia, da ciência, da cultura e da solidariedade, para nos entregarem ao dinheiro e às finanças. Não sei como vai ser o fim desta tragédia, mas os gregos inventaram tudo e há quem diga que de uma maneira ou de outra pagaremos sempre os nossos erros. A cegueira como destino? É provável. Mas não gosto.