Durante os anos 80, as pessoas que partilharam a Centelha e, mais tarde, a Fora do Texto, em Coimbra, sabem da importância da Maison des Sciences de L’Homme. Muitas cartas foram endereçadas dali para o Boulevard Raspail, sempre com respostas solícitas. Muitas delas acabaram em publicações. No dia 18 de Dezembro, folheando distraidamente o Le Monde, dei com uma notícia que prefigurava a morte desta casa, após 46 anos de actividade ininterrupta a que amigos actuais do poder político chamaram de «repaire de gauchistes». Nada que nos admire nos tempos que correm. Mas a História e as Ciências Sociais não saem bem disto. Mais: num tempo estranho em que se coloca em causa os direitos adquiridos ao longo de séculos é simultâneo o processo franco-alemão de controlo da História, acompanhado de uma grande desconfiança dos historiadores destes países sobre os verdadeiros objectivos que norteiam a abertura das novas Casa da História de França e do Museu de História Alemã. Também nestas novas instituições a avidez dos processos de controlo não têm que ver só com os mercados. A ideologia é também parte integrante da recuperação neoliberal.