O único maremoto de que há memória
aconteceu nos teus cabelos que hoje são lisos
e deixam a água pelos tornozelos
até ser de manhã.
Agora até a terra passou.
Cruzam-se valsas e expedições na curva do seio
a música não cabe na boca das aves
e nós, meninas, bailaremos i.
***
Meu amigo perdoa-me
se espantei as gazelas
para um canto do sótão
se me cresceram músculos
neste olhar-te neste cuidar que dá cuidado.
Mas do alto dos seios
no ruir das lamparinas
vale a pena olhar-te. Daqui
da mais sincera pobreza
onde permaneces apenas tu
adão e erva
e o céu manchado pelas libelinhas.
Catarina Nunes de Almeida, in Bailias