segunda-feira, fevereiro 08, 2010

A síntese grega

Se há lugares comuns para serem utilizados certamente de um modo grotesco, esses estarão na facilidade com se fala da Grécia e dos gregos. Neste momento, e particularmente em Portugal, a Grécia é referida a esmo como sendo o parente pobre de quem se tem dó. Nós, os portugueses, sempre olhámos para os gregos com a comiseração de quem está sempre em último e que nos safa diligentemente de uma eventual vergonha em sê-lo. A Grécia inventou a democracia, esse pequeno incómodo para os portugueses que nunca se habituaram totalmente à liberdade, nem sabem como usá-la em toda a sua dimensão. Essa dimensão estará na responsabilidade e na ética que, talvez não por acaso, também é descoberta dos gregos. E a filosofia que escapa por entre os dedos da gente lusa? E a cultura e a arte que nem sequer as tratamos mal, porque não as tratamos, tão-só?
Deixem-se de grandes elocubrações sobre esta tragédia. A melhor resposta sobre a «falência» grega veio de um cidadão entrevistado na rua, em Atenas: «Nós tratámos sempre bem os estrangeiros. Isso é uma característica dos gregos. Sempre os recebemos bem, mas a nossa entrada na Europa foi um desastre! Entraram aqui, impuseram-nos valores estranhos e o euro como moeda, mais as leis europeias. Deixámos pura e simplesmente de viver!»
Querem mais argumentos? Ou não será a síntese uma prática igualmente grega?