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Ontem li, no DN, as declarações de Augusto Santos Silva sobre os mortos dos combatentes do ultramar, que se elevam a 10000, afirmando que «não esqueceremos o seu sangue derramado». Ficou bem a ASS lembrar o sangue derramado pelos soldados portugueses desde o armistício de 11 de Novembro de 1918 até aos da Bósnia e Afeganistão. Fica sempre bem a um governante tal lembrança. Mas ainda quero ver um ministro do Trabalho lembrar de igual modo e com a mesma veemência publicitária o sangue derramado pelos trabalhadores ao longo de largos anos pelos direitos conquistados e que estão a ser desbaratados agora. É que não acabei a história do Sr. Neto: quando ele chegou a Portugal, depois de 1918, teve de enfrentar não só a reacção republicana pós-sidonista, como arcou com o início da ditadura salazarista. Por alguma razão não imigrou, mas conheceu gente que morreu a combater contra a repressão. Desses ninguém fala.