sexta-feira, abril 13, 2007

Jacques Rancière, ontem, em Serralves

Até que estava muita, muita gente. Auditório completo o que fez os retardatários (como eu, em somente 5 minutitos) ter de ouvir a conferência no foyer. Tradução simultânea, sim, mas um facto sobressaltou o comum dos mortais que lá foram ouvir Jacques Rancière: toda a comunicação deste filósofo foi em inglês. Mesmo as perguntas que lhe eram dirigidas na sua língua eram respondidas teimosamente em inglês. O que tornou hilariante a tradução simultânea. Será que Jacques Rancière se exprimirá melhor na cultura anglo-saxónica?

Jacques Rancière estava acompanhado por Oliveira Martins que se esforçou por aprofundar a «questão democrática»: começou pelas greves contra as reformas da administração pública. Grande aprofundamento, sim senhor! Para continuar e teimar com este regime sustentado pelos «n' importe qui». Repetiu esta afirmação cinco vezes. Os «n' importe qui»! Teremos revelação sociológica pela certa em próximas páginas do Público!

Guy Debord e Marx foram as almas errantes da comunicação de JR e do período das perguntas-respostas. O primeiro, um nostálgico de esquerda (!!) que não trazia consigo a solução dos problemas sociais já que, segundo ele, o espectáculo é indissociável da própria sociedade. Marx, porque foi recuperado logo em 1917! Fica-nos a luta pela democracia e pela igualdade como uma revisitação moderna do comunismo, questão já exposta no Ódio à Democracia, publicado muito recentemente pela Mareantes Editora. O que nunca é explicado convenientemente por estes arautos da sociologia é que a Sociedade do Espectáculo de Debord é, também, o desequilíbrio das relações de produção bem expressas no valor de uso e no valor de troca das mercadorias; ora isto é de Marx e do Capital (tanto como é de Debord) como muito bem sabemos. Porquê teimar sempre na sociedade do espectáculo como «coreografia do poder», «circo mediático» ou outra coisa qualquer? A não existir alternativa, fiquemos, então, pela miséria da filosofia...

De resto, António Guerreiro e Serralves estão de parabéns pela ideia e organização destes Ciclos de Política. O próximo é a 3 de Maio com o alemão Peter Sloterdijk com o tema "A técnica na sua relação com o humano". As entrevistas deste filósofo com Carlos Oliveira estão publicadas pela Fenda.

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