Sobre a repressão de manifestantes na Praça da Figueira, no dia 25 de Abril, que se intitulavam antifascistas e anti-capitalistas recebemos o comunicado que transcrevemos na íntegra não sem antes dizer claramente que estranhamos o desvelo profissional com que a polícia de intervenção bate em quem abre a boca contra a extrema-direita e luta abertamente contra o crescimento da arrogância fascista. Também não nos é indiferente o facto de tentarmos, sem êxito, aceder ao site do Indymedia português, para recolher algumas imagens. Que se passa com este site?
Comunicado sobre a manifestação anti-autoritária contra o fascismo e o capitalismo.
«Com o intuito de protestar contra a crescente visibilidade da extrema-direita e a sua componente racista e xenófoba, contra a cada vez maior exploração capitalista, contra a precariedade social imposta pelo capitalismo, contra o crescente totalitarismo democrático, pela liberdade, solidariedade e dignidade humana, por um mundo sem fronteiras uma plataforma de grupos e indivíduos de várias tendências anti autoritárias, anarquistas, anti capitalistas e antifascistas convocou para o dia 25 de Abril pelas 18:00H na praça da figueira uma manifestação anti autoritária.
A manifestação reuniu cerca de 400 pessoas que percorreram o Rossio, a Rua do Carmo e a Rua Garrett até ao Largo de Camões num ambiente contestatário mas festivo e sem incidentes. Muitos transeuntes aplaudiram e aderiram à manifestação. Após um breve período em que a manifestação permaneceu no largo Camões esta continuou espontaneamente pela Rua Garrett em direcção ao Rossio.A meio da Rua do Carmo, duas hordas de elementos do corpo de intervenção da PSP encurralaram os manifestantes na rua fechando as saídas e sem qualquer ordem ou aviso de dispersão começaram a agredir brutal e indiscriminadamente manifestantes, transeuntes e até mesmo turistas.Com isto a polícia não tentou dispersar ninguém, mas por outro lado quis bater, espancar e atacar os manifestantes. Pessoas que caíram no chão indefesas foram ainda agredidas por vários polícias à bastonada e ao pontapé. Aqueles que tentaram fugir foram perseguidas por toda a baixa e muitos transeuntes e lojistas somaram-se aos manifestantes no fundo da Rua do Carmo em protesto contra a brutalidade policial. As únicas agressões à polícia foram em legítima defesa, que é um direito ao qual não renunciamos.Foram detidas doze pessoas de forma bastante violenta e é impossível contabilizar todos os feridos entre manifestantes e pessoas alheias ao protesto. Foi mobilizado um aparato policial desmedido (dezenas de carrinhas do corpo de intervenção da PSP com certamente mais de uma centena de elementos) que impôs o terror na baixa de Lisboa por várias horasUm grupo de indivíduos que se queria juntar à manifestação e que tinha ficado para trás foi cercado e escoltado até ao cais do sodré (possivelmente pela sua cor de pele).Os detidos foram levados para a esquadra da 1ª divisão da PSP na Rua Gomes Freire onde foi negada qualquer informação aos seus amigos e durante muito tempo foi impedida a entrada aos advogados. Houve uma tentativa de levar os detidos a constituírem-se arguidos sem a presença dos advogados o que é ilegal.
Em solidariedade com os detidos cerca de 50 pessoas concentraram-se em frente à esquadra aguardando a sua transferência para os calabouços do comando da PSP de Lisboa. Mesmo em frente à esquadra a polícia continuou com o abuso de poder e expulsou as pessoas aos empurrões impedindo que estas pudessem continuar a demonstrar a sua solidariedadeO que tem vindo a ser noticiado nos variados órgãos de comunicação social está repleto de incoerências e desvios daquilo que realmente aconteceu na baixa de Lisboa. Nomeadamente, a confusão com outras manifestações, a aceitação da versão policial dos acontecimentos e a necessidade de caracterizar como ilegal uma característica natural das pessoas que é o ajuntamento e a manifestação, que a democracia diz defender. Num período em que foram muitos os ajuntamentos, manifestações, acções e encontros este era também um protesto de repúdio aos tempos que se vivem e aos ataques constantes do poder às pessoas.Caricatamente é no dia 25 de Abril que a polícia defende cartazes de partidos fascistas e ataca manifestações antifascistas.Num momento em que já se sabia que os cravos estão murchos todos estes acontecimentos servem para o reconfirmar.Plataforma antiautoritária contra o fascismo e o capitalismo.»
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