Sobre a impossibilidade e inexistência da Feira do Livro do Porto cabe dizer que as coisas assim estão bem. Não há livros para ninguém. Se a ideia era guardar os dias habituais da feira para lá ir comprar uns livritos que durante o ano planificamos com algum labor, desenganem-se. Rui Rio não deixou. Mais dinheiro fica para o Grande Prémio da Boavista. Se as pequenas editoras pensaram ir lá compor o ramalhete, tentando diminuir o stock que teima em não escoar, deixem de ser piegas e inovem, empreendam. Mas há uma questão que permanece por esclarecer: a apatia da direcção da APEL perante o facto rapidamente consumado da não realização da Feira do Livro do Porto. Mas faça-se o seguinte exercício: pense-se na composição da direcção da APEL, por favor. Agora, cheguem à conclusão óbvia que esta é formada por um grupo de gente das grandes editoras, por acaso e só por acaso, das que foram objecto das recentes fusões. Após este exercício, vão passear pelos centros comerciais da cidade do Porto e qual é o vosso espanto? Neste momento, encontram feiras dos livros em todos os lados, com descontos de 60, 70 e até 80% em livros. Ora aí está. Conclusão? Depois da concentração e da fusão, nós é que mandamos nisto. Se a feira tinha leis próprias baseadas em normas igualitárias e democráticas, isso acabou. Ganharam as leis do mercado. Fossem predadores, não as vítimas nesta história. É assim a vida, filhos. Aprendam.