Eis o vídeo de apresentação de Traço, Viagem, Insular, Memória facultado pelo Centro Cultural Penedo da Saudade, em Coimbra:
quarta-feira, novembro 29, 2023
28 de Novembro: Traço, Viagem, Insular, Memória no Centro Cultural Penedo da Saudade, Coimbra
Eis o vídeo de apresentação de Traço, Viagem, Insular, Memória facultado pelo Centro Cultural Penedo da Saudade, em Coimbra:
A 17 de Novembro, no portuense Gato Vadio, a apresentar Traço, Viagem, Insular, Memória
«Marcada para a Vida», Emelie Schepp
quinta-feira, novembro 23, 2023
«As Benevolentes», Jonathan Littell (o artigo que faltava, escrito em 2012)
A leitura de As Benevolentes de Jonathan Littel não é um exercício fácil. Não só porque se lê «bem», isto é, com interesse e curiosidade, mas também porque recusa exemplarmente o entretenimento fácil. Quase 70 anos após a II Guerra Mundial, o autor fala-nos dela (e de todas as guerras, por sinal) como só Céline o fez. Suja, malcheirosa, sanguinária, impiedosa. Falar de crueldade é pouco. O pior de tudo é que seguimos a personagem de Max Aue, um SS responsável junto ao Reichfuhrer Himmler e ao também tristemente célebre Eichmann, na solução do «problema judeu». Aue não gosta do que vê nos campos de concentração e na condição dos judeus nos diversos campos que visita. Não nos iludamos: o seu repúdio é porque é mão-de-obra inútil que poderia dar frutos junto das fábricas de armamento de Speer. Poderiam ser mais bem tratados, os judeus, até porque a solução final de Hitler nunca mais poria a «raça» judaica em pé. Sinistro. Como sinistro é sabê-lo professor de Filosofia numa das melhores universidades de Berlim, admirador de Jünger e Platão e da literatura de Flaubert que o acompanha, aliás, na frente russa e no cerco de Estalinegrado. Homossexual recalcado, ama a sua irmã gémea donde surgem igualmente gémeos que são escondidos na Suíça. Assassina a mãe e o padrasto com a cobertura das mais altas individualidades SS. Mata igualmente, já no final da guerra, um aristocrata que tocava Bach numa igreja simplesmente por ser um burguês culpado da agonia do nacional-socialismo.
quinta-feira, novembro 16, 2023
«Silverview», John Le Carré
quarta-feira, novembro 15, 2023
«Cosmos - Uma Ontologia Materialista», Michel Onfray
segunda-feira, novembro 06, 2023
«Os Palestinianos», artigo de Jean Genet em 1971 para a Revista Zoom. Em «L'Ennemi Déclaré», Gallimard
«Fome», Knut Hamsun
Cavalo de Ferro, 5ª edição, 2022. Tradução do norueguês de Liliete Martins
A fome tal como ela é. Este livro do norueguês nobelizado em 1920 e falecido na miséria em 1952 devido às suas simpatias nazis durante a II Guerra Mundial (não foi o único na Noruega, antes pelo contrário, mas disso já tratámos aqui) é de uma violência nada condizente com a chamada sociedade de abundância com que vivemos hoje no Ocidente. Mas que ela existe, existe. Anda por aí, disfarçada, e como tema ou experiência é arredada para debaixo do tapete como em qualquer sociedade de bons costumes liberais que se preze. Tenhamos a noção, ao acabar de ler este livro, que a fome descrita desta maneira crua, só pode ter sido vivida por quem a sentiu e desesperou com ela: a fome. Tanto física, como psíquica a fome apresenta-se com toda a verdade que lhe é inerente. Não há escapatória ou purgante para a fome. O desespero de quem não tem hipótese de comer naquele momento e, pior, de quem não vê qualquer perspectiva de o fazer num futuro próximo. A contagem dos cêntimos, a venda de produtos colados ao corpo, por vezes a venda do próprio corpo ou dos órgãos, a riqueza imensa de ter um bocado de pão mesmo recesso. O esvaziar lento dos valores de sociabilidade, o ódio crescente aos passantes, a todos nós chega a invectiva de quem tem fome. A fome fica, permanece, não será nunca esquecida por quem a viveu, nem que fosse por um só dia.