Entre falcões do complexo militar-industrial americano e a clique autoritária de Putin, vemos a guerra estalar, hoje mesmo, face a uma Ucrânia que agora veste uma pele de cordeiro, fingindo-se de vítima, quando esta provocou a Rússia e os russos que vivem em Donetsk e Lubansk. Ninguém sai daqui incólume e a Nato é a provocadora principal. Convém lembrar que Moscovo está a 10 minutos de um ataque com mísseis que estão ao longo de toda a sua fronteira desde o Norte até à Ucrânia que entretanto entrou em negociações com a Nato para aderir a esta organização «defensiva» do Atlântico Norte!
Dias a fio li aqui no FB piadas sobre a guerra que quase toda a esquerda não acreditava acontecer. Só num comentário de um amigo é que avisei que a guerra era uma possibilidade tanto mais possível, quanto Putin nunca definiu claramente os seus objectivos. Nunca me pareceu que o fim de Putin fosse só as regiões russófonas da Ucrânia; quer, de um modo radical, acabar com as veleidades agressivas da Letónia, Estónia, Lituânia, Roménia, Polónia, Eslováquia e Hungria, entre outros países liberal-autoritários ou claramente fascistas. A esquerda parlamentar preferiu o gozo, a piada fácil, o oportunismo de descalçar as imbecilidades de um jornalismo mal-feito, mal documentado, anedótico.
Hoje, com a guerra bem presente no leste europeu, quero ver que análises aí vêm agora. Descontando os desgraçados que morrem nos bombardeamentos, como se fossem danos colaterais, continuarão a tergiversar como até aqui, comparando situações de 1914 e 1938. A direita exulta exigindo da Nato uma resposta à altura, ou seja, a guerra que está no seu adn político e a esquerda parlamentar, quer queira ou não, está metida num colete de forças votando ao lado da direita contra Putin ou desculpando-o, o que será um verdadeiro suicídio.