O objecto dos «Abjectos Surreais» (passe a cocofonia) é esse mesmo: uma revisitação aos surrealistas portugueses que mudaram profundamente a modorra do país que tínhamos e o autor não ficou incólume ao tirocínio. Depois deles, nada foi como dantes. Todos os surrealistas vivem agora em permanente errância num qualquer panteão dourado, continuando sempre presentes nas derivas muito pessoais à poesia, ao texto escrito, à acção. Coisas do outro mundo tão irreais quanto as estranhezas que nos assaltam todos os dias. Vou mostrar-vos, em catorze desenhos, como eu os vivo e convivo com eles. São eles: Pedro Oom, Mário Cesariny, António Maria Lisboa, Mário-Henrique Leiria, António José Forte, Henrique Risques Pereira, António Dacosta, Carlos Eurico da Costa, Virgílio Martinho, Cruzeiro Seixas, Manuel de Castro, Manuel de Lima, Herberto Helder e Álvaro Lapa. Estes dois últimos porque sim. Seja como for, devo-lhes a vida. Devo-lhes a palavra, a textura, a cor e o som. Apontaram-me as armas mais perigosas: as da subversão pelo amor e pela destruição do inútil. Não levantei os braços em rendição. Dispararam. Hoje, acertámos contas. Estamos pagos.
A exposição será no Liquidâmbar, entre 1 a 18 de Outubro de 2021. A conversa com os amigos será no próprio dia 1, sexta-feira, às 18:00.
António Luís Catarino