Não deverá ser das melhores Histórias de África, mas é uma referência que julgo difícil de ignorar quando se quer estudar o continente africano e a sua riqueza histórica. Há, contudo, nesta obra algo que me fez pensar a razão de não ser estudada com mais profundidade a época que medeia entra o neolítico e o século XIV. Embora se aborde o tema, poder-se-ia ir mais além através das descobertas arqueológicas mais recentes e tentar descrever quer a economia, a sociedade e o sistema político que antevemos de enorme diversidade, consoante as regiões.
O que se vislumbra nesta obra de J.D.Fage é a comodidade da investigação através dos acervos europeus quando se iniciou a expansão contínua para o continente africano estabelecendo quer feitorias, quer capitanias e fortalezas que constituíram uma das páginas mais vergonhosas que o mundo conheceu. Não só da escravatura falamos, e isso daria para muita tinta, mas também dos sistemas de exploração mercantil primeiro e capitalista depois, que redundaram numa rapina das matérias-primas de África para o comércio intercontinental em que este continente era a parte mais fraca do triângulo.
Desde o Império Romano que conhecemos relativamente bem o Norte de África e o Alto e Baixo Nilo (estes últimos, até de muito antes). Todavia, a África Oriental só a conhecemos ou pela historiografia indiana, árabe ou pela europeia, incluindo a portuguesa. Portugal que estará presente também na presença branca da África Ocidental e é quase só por esta historiografia que assenta a análise do livro.
Podemos afirmar, portanto, que o livro apresenta mais dados concretos da História de África no século XIX e XX e quase sempre através do olhar ocidental. O que é pena, mas sempre há uma referência.