Não concordo com aqueles que dizem não quererem saber do
quadro do Crivelli, ou que nem sabiam que havia um, antes da polémica com
Francisco José Viegas quando este era Secretário de Estado da Cultura e antes
da sua célebre frase demissionária «Tomai no cu!». Não é disso que se trata. O
que é importante dizer é que era um quadro do século XVI, com algum valor artístico
e que estava protegido pelo Estado português, visto que foi descoberto e recuperado
por uma família micaelense e por cá ficou. Pelos vistos poderia ser vendido,
mas desde que ficasse em Portugal. Ora isto moldou o preço a pagar pelo quadro,
quando Pais do Amaral o comprou à família proprietária. As condições eram que o
quadro não pudesse sair do país. Logo a seguir, Francisco José Viegas
desclassifica-o, ao contrário do que dizia a lei e pareceres técnicos da DGPC,
permitindo a Pais do Amaral fazer um negócio das Arábias com França. Ou seja,
Pais do Amaral compra à família que detinha o quadro classificado, por 800 mil
euros; a seguir à desclassificação de Francisco José Viegas, o mesmo quadro já
vale 3 milhões e vende-o finalmente a um antiquário francês por quase 4
milhões. Se isto não é um caso de polícia...