Num país em que desconstruir as ideias feitas, descarnar as zonas do rosto em que o esgar aparece mascarado de sorriso, e apontar a máquina de raio-X à zona de tumor, seguindo-lhe as metástases sem trégua nem receio, tanto cheira a uma heresia tão mais imprescindível quanto mais pelos poderes é tida por inaceitável, eis o que significou para mim a leitura deste trabalho de Vicente Romano, como de outros, de sua autoria, e de carácter mais técnico, de cuja transposição para português e de cujo estudo tão necessitados nos encontramos. [Prefácio de Rui Pereira]
Toda esta obra, com frequência profundamente original, disseca os processos comunicacionais a partir da sociologia, da educação, das representações e funções sociais, da interculturalidade, entrando inclusivamente na relação entre o fazer comunicacional contemporâneo e os usos do tempo e do espaço humanos. Defensor de uma necessariamente nova “ecologia e ética da comunicação”, a obra de Vicente Romano é um paradigma da junção entre valor científico e mérito transformador profundamente revolucionário. Quando a academia falha a este, que deveria ser o seu chamamento natural, que a ele acudam pensadores da envergadura do professor Vicente Romano, cuja obra de divulgação, “A Formação da Mentalidade Submissa”, que a Deriva edita agora em Portugal, contando já com dezenas de milhares de leitores e editada em diversos países do mundo, é não apenas a primeira a ver a luz do dia em língua portuguesa, como uma síntese modelar, de todo o seu notável trabalho. [Rui Pereira]
Só a rejeição total da realidade no-la pode mostrar na sua verdade. Só a rejeição total do mundo nos diz a verdade do mundo. Mas esse gesto radical de rejeição já não é o gesto moderno que, depois da destruição anunciava e preparava um novo começo. Não há começo absoluto porque a «tabula rasa» não nos deixa diante de nenhuma verdade absoluta. A rejeição total da realidade apenas nos oferece «uma» verdade da realidade. Esta é a nossa verdade." Santiago López-Petit