terça-feira, janeiro 19, 2010

A ementa para hoje são palavras e música, por António Pedro Pereira no DN de 14/01. Filipa Leal e Catarina Nunes de Almeida presentes

Filipa Leal e Catarina Nunes de Almeida presentes nas Poesias em Vinyl


Esta é a primeira de 12 edições mensais do Poesias em Vinyl: tertúlias com poetas e músicos num restaurante.

Depois do Verão, Raquel Marinho (é jornalista na SIC) teve uma ideia. E, por vezes, "o homem sonha, a obra nasce", como escreveu oportunamente Fernando Pessoa. "Desafiei o Luís Filipe Cristóvão [que gosta de ser tratado como "gestor criativo na área do livro" e escreve e estuda poesia] para criarmos uma iniciativa de divulgação da poesia, depois do Verão. Ele gostou da ideia". Palavra puxa palavra: hoje (21.30), no Restaurante Vinyl (junto à antiga FIL), nasce o primeiro de 12 Poesias em Vinyl, que será mensal (interrompe para férias em Julho e Agosto) até Fevereiro de 2011.

Ser sempre às quintas não é uma novidade (as Quintas deLeitura decorrem no Teatro do Campo Alegre, no Porto, há alguns anos). A não ser em Lisboa: "Não havia nada semelhante por cá", pontua Raquel Marinho, que dará início às sessões a cujo formato final se chegou, pode-se dizer, depois de uma avalancha de ideias.

E de um sonho colectivo, pode--se depreender pela forma como a bola foi crescendo sem o típico obstáculo - o dinheiro. "Não há dinheiro para ninguém, nem eu nem o Luís Filipe, nem para os artistas", garante a jornalista. Curioso? "Ainda ninguém me disse que não." Soma: um poeta, um músico/banda e uma figura que projecte as palavras (e a imagem) por sessão, multiplique-se por 12. O programa está quase, na totalidade, alinhavado: Pedro Mexia (em Fevereiro), José Luís Peixoto, Jorge Melícias, Nuno de Almeida, Filipa Leal, Catarina Nunes de Almeida, entre os poetas; Samuel Úria (Fevereiro), Filipe Melo, Joana Rios, entre os músicos; Fernando Alves, Ricardo Araújo Pereira, Nicolau Santos, entre as figuras que lerão poemas.

Ou seja, "o Homem sonha, a obra nasce" - deixe-se o "Deus quer" de parte, esta á uma acção de gente terrena que se envolve em palavras e música. "Foi muito gratificante ver que a ideia cresceu. Pensamos associarmo-nos a uma rádio, a Inês Menezes e o Pedro Ramos gostaram, a Radar aceitou, com o OK do Luis Montez [proprietário da estação]", exemplifica. "Depois, tenho uns amigos numa agência de publicidade e um deles, designer, fez-nos o logótipo e o cartaz de borla".

Hoje, lança-se, além da primeira sessão, o sítio na Internet da iniciativa, que tem uma meta definida: "Promover poetas nascidos a partir de 1970 e com obra publicada, para garantir alguma qualidade", explica Raquel Marinho. "Queremos descomplicar a poesia, fazê-la chegar a todas as pessoas, e isso é muito importante para nós".

Hoje, a poesia (e a música, já agora) é a ementa no restaurante. Comida, só ligeira. É preciso silêncio para as palavras na boca.