quinta-feira, julho 07, 2016

A sair, Cidades Materiais, de António Alves Martins. Dia 15 de Julho, Teatro da Cerca de S. Bernardo, em Coimbra, pelas 18:30. Com Isabel Calado, Sara Nunes e o editor

Cidades Materiais
António Alves Martins


Agora, restam-me as tardes de Outono passadas neste banco deste jardim, aqui, junto à rua inclinada que desce vinda do norte. O caos do tráfego que passa dilui--se no perfume a menta que chega do café em frente; memórias do Magrebe, neves eternas, cânticos gnawa, vibração do deserto que habita em mim; e logo a canela e a curcuma e o caril e a noz-moscada numa mescla infinita de oriente; 
e também as estepes longínquas nas palavras que soam como lâminas que cortam a respiração trémula – Eu vi a luz em um país perdido.
Esquecer.
Dizem-me que a escolha implica a rasura de uma possibilidade, de um devaneio; que ao determinar o olhar dilui a inevitabilidade da dança que subjaz ao pacto do amor. Será!?
Quero acreditar que no choque dos contrários, nessa violência que habita a ambivalência, é possível um movimento de descanso do olhar, de tranquilo desejo, de pasmo e de alucinação sublime, de descoberta, de risco. Talvez assim a vida sobreviva, talvez…
Esquecer a morte.

Autor
António Alves Martins  nasceu em Lisboa, por mero acaso, em 2 de Novembro de 1959.
Afastou-se da cidade durante cerca de quarenta anos. Regressou para partir de vez mas distraiu-se, e foi ficando. Até hoje. Durante este tempo pendular, cresceu, estudou filosofia em Coimbra, tentou ser professor do ensino secundário público, publicou títulos de alguns poetas, de dentro e de fora, na Centelha/Fora do Texto (Gil de Carvalho, Alberto Pimenta, Jorge de Sousa Braga, António Ramos Rosa, Jorge Fazenda Lourenço, Constantin Cavafy e Philip Larkin), na Kairos edições (António Ramos Rosa, Três lições materiais) e em amedições (Em silêncio, fotos e texto de Ana Márquez).
Pelo meio, colaborou com as Edições Cotovia, coordenou a edição de catálogos de exposições em Lisboa, Madrid e Frankfurt, editou e reviu textos que lhe confiaram. Cansou-se, mas ainda não desistiu.

ANO DE EDIÇÃO: 2016
NÚMERO PÁGINAS: 68
COLECÇÃO: Poesia
FORMATO: 13,5 x 20 cm
ENCADERNAÇÃO: brochado
PVP S/ IVA: 12,26 Euros
PVP C/ IVA: 13 Euros
ISBN: 978-989-8701-23-7


Cidades Materiais reúne textos escritos entre Maio de 2015 e Fevereiro de 2016, todos em Lisboa mas com breves passagens por Coimbra.