«Não
sei se algum dia partirei da fábrica. Porque vou contar-te uma coisa
perfeitamente parva, mas... há um ano, estivemos uma semana no desemprego,
mesmo antes das férias, portanto isto dava cinco semanas. Ao fim de quatro
semanas de férias – estávamos perto de Cherbourg – já não dava mais. Estava a
bater mal lá. Estava a bater mal, fui obrigado a vir embora. Sabes, uma espécie
de necessidade masoquista. Não estava bem. Quatro semanas, tudo bem, vês:
recuperas fisicamente, fazes o ponto da situação na tua cabeça, tudo bem,
descontrais... e depois, dizes para contigo: ‘O que é que me espera quando
regressar? Portanto preciso de voltar. Preciso de voltar para ver, para estar
ali porque... Começo a estar farto das férias, começo a andar às voltas. Ando
aqui a coçar os tomates, tenho que bazar’. E foi o que nos aconteceu. Viemos
embora uma semana antes. Demos cabo de uma semana de férias para vir embora.
Precisava de ir ver a fábrica durante as férias, vês, quando a fábrica está
parada. Ir diante da porta e dizer para comigo: ‘Merda, mas como é que a gente
vai fazer para desmontar esta coisa?’ Fazer isto...
Crónicas Peugeot, de Michel Pialoux e Christian Corouge. Deriva