O número impressiona num país avesso a estas coisas da poesia: 25 anos de Café/Bar Pinguim, 56 poetas que serão antologiados neste livrinho e que vai ser apresentado logo à noite na Biblioteca Almeida Garrett, aqui no Porto. Durante 25 anos, com mais ou menos regularidade, muita gente passou por ali dizendo poemas, ouvindo, lendo e comentando. Fumava-se e bebia-se com gosto, e sempre coma poesia. Durante todo este tempo, o Joaquim Castro Caldas o Isaque Ferreira, o Pedro Lamares e o Rui Spranger serviram de orientadores encartados a pessoas a quem só interessava ouvir poesia e sem trazer qualquer senha de presença. Das poucas vezes que por lá passei (as sessões no Pinguim começavam à meia noite, eu levantava-me às sete da manhã e a minha idade não perdoa!) senti esse abraço que só eles poderiam dar. Relembro-me sempre muito do Joaquim e da sua completa anarquia, as história que contava passadas com Juliette Greco, com o Leo Ferré, o comboio partilhado em Paris com o Samuel Beckett, as noites com o Ary dos Santos e Natália Correia que lhe tinha um carinho especial (estas histórias estarão escritas?). Mas não posso esquecer também a generosidade do Spranger, do Isaque, a presença da Filipa Leal, os poemas de Pedro Ribeiro, de João Habitualmente, do Daniel Maia-Pinto Rodrigues e do Pedro Lamares, entre outros.
Estes 25 anos e a presença destes 56 poetas são de um trabalho inestimável que o futuro poderá dar razão, ou não. Pelo nosso lado, a Antologia da Cave tem todo o sentido.