quinta-feira, outubro 03, 2013

Entrevista a Catarina Costa, autora de Dos Espaços Confinados

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Catarina Costa

No dia 11 de outubro, pelas 21:30, na Casa da Escrita, em Coimbra, Catarina Costa apresentar-nos-á o seu Dos Espaços Confinados, o último livro de poemas que publicou, em conjunto com a Deriva Editores. Temos a certeza que este seu novo livro irá ser um acontecimento poético que obrigará à atenção que merece. Eis a entrevista que a autora nos deu:
Catarina, não é a primeira vez que edita. Fale-nos da sua criação poética anterior.
De facto, publiquei um livro em 2008, “Marcas de urze”, pela Editora Cosmorama. É um livro de poemas curtos escritos em verso e com uma linguagem mais apoiada em imagens herméticas. Em virtude de a minha escrita ter-se modificado muito desde então, este meu primeiro livro provoca-me hoje alguma estranheza.
Como surgiu Dos Espaços Confinados
     Comecei a escrever os textos que compõem Dos espaços confinados ainda sem ter uma ideia para o livro que daí iria resultar. Depois verifiquei  que os motivos de muitos dos textos se desenvolviam tendo como pano de fundo espaços físicos que acabavam por ser interiorizados e onde ressaía uma certa ideia de fechamento, ou de confinamento, como se houvesse algo mais ou menos indefinido a prender as personagens.
Enganamo-nos quando dizemos que Dos Espaços Confinados é um livro de poesia (excelente por sinal) onde se cruzam vários caminhos em espaços quase sempre urbanos? Porquê essa procura na cidade?
Essa procura faz-se na cidade, que associo, com a ilusão que lhe possa estar subjacente, à pluralidade das escolhas. De qualquer modo, a referência explícita à cidade é mais patente na primeira parte do livro, que foi a que escrevi há mais tempo.

As pessoas que aparecem em Dos Espaços Confinados são vultos fugidios. Limitam-se às suas actividades repetitivas, enquadradas na sociedade, dando ideia que fogem de qualquer coisa. Do tédio? De que fogem, afinal?
Não sei. Algumas das personagens foram baseadas em pessoas com quem me fui cruzando e que me apareceram efectivamente como vultos. Nunca as conheci o suficiente para decifrar os seus movimentos.
Qual a situação actual, no país, para os jovens poetas? Em Coimbra há a Casa da Escrita, mas é suficiente?
Todos os espaços culturais, como a Casa da Escrita, são valiosos na divulgação de novos trabalhos. Penso que a situação actual que o país atravessa afecta a poesia apenas enquanto objecto de mercado. A poesia parte não poucas vezes de algum tipo de conflito e por isso não julgo que as crises sejam um obstáculo à sua escrita, que continuará a ser realizada marginalmente ou não.
Catarina, já pensa no seu próximo livro? 
    De certo modo, sim. Eu escrevo de uma maneira mais ou menos continuada consoante os diferentes períodos de vida sem pensar em termos de construção de um livro. Ciclicamente, olho para aquilo que escrevi e começo a dar-lhe uma estrutura.