sexta-feira, setembro 24, 2010

Em breve: Guias Sonoras e outras abrasivas, de João Pedro Mésseder (Posfácio de Ana Margarida Ramos)





Guias Sonoras e outras abrasivas,
de João Pedro Mésseder



O espelho é a única janela de onde se vê o tempo a passar.
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Quando alguém morre na casa, o espelho não chora a sua ausência, pois guardou para sempre um duplicado.
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A memória é uma máquina de emaranhar espectros de estrelas e caudas de cometas.
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Encontrei um par de botas velhas e sujas de pó. São como um mapa que a mente se apressa a percorrer.


"Lembre-se, a este propósito, que as guias sonoras são relevos descontínuos colocados na beira das estradas destinados a emitir vibrações que alertam o condutor, impedindo-o de ultrapassar o limite das rodovias. Consideradas como formas de informação de retorno táctil, são especialmente úteis para casos de distracção ou de adormecimento. Balizamento de vias ou orientação de viajantes, as guias funcionam como uma espécie de barreira sensorial aparentemente invisível, mas criadora de uma rota de navegação segura. O penúltimo texto desta breve antologia, intitulado «Apóstrofe rodoviária» é, a todos os títulos, significativo na união dos dois conceitos: «Abrasivas do sono automóvel, perpetuadoras da sobrevida, ó guias sonoras!» A apóstrofe, seguida da exclamação, é esclarecedora quanto ao tom, ironicamente corrosivo, de muitos dos fragmentos poéticos." do posfácio de Ana Margarida Ramos