Miguel Carvalho, da revista Visão desta semana, entrevistou Vicente Romano que esteve em Portugal a apresentar A Formação da Mentalidade Submissa, editado pela Deriva. Foi aqui no Porto (na Biblioteca Almeida Garrett, com perto de 60 pessoas e moderado por Rui Pereira) e em Lisboa, na Livraria Letra Livre, com a apresentação de Isabel do Carmo e Rui Pereira. Aí, encheu-se um novo espaço desta livraria com muita gente interessada em saber o que pensa Vicente Romano sobre a origem da submissão através do Estado, dos Media e da Escola. Não necessariamente por esta ordem.
Destacamos, da entrevista de três páginas que publicaremos em breve e na íntegra, as seguintes passagens:MC - Como é que as sociedades constroem uma mentalidade submissa?
VR - Começa em casa, na escola, mas são os media que mais «educam»: dizem-nos o que é bom e o que é mau, quem é bom e quem é mau. Através da violência simbólica ou psicológica inculcam esses significados. Outro factor determinante na formação de opinião é o entretenimento. A escola devia ensinar as crianças a ver televisão, a escola deveria, pelo menos, proporcionar-lhes formação crítica e uma reflexão sobre a forma como são manipuladas. Só a acção e a experiência levam ao verdadeiro conhecimento. O receio de perguntar é um resultado da domesticação.»
(...)MC - Diz que as sociedades democráticas e livres são um mito. Porquê?
VR - Qual foi o momento histórico em que o poder caiu nas mãos da maioria? E onde, já agora? A democracia só será possível quando as pessoas participarem a todos os níveis. A democracia acaba quando cruzas a porta e entras na fábrica ou na empresa. Aí, manda quem pode. Os poderosos, de resto, exigem confiança e fé nos cidadãos, premissas para que um sistema funcione. É mais fácil enganar uma pessoa que confia do que outra que pensa por si própria e duvida.
(...)MC - Que devemos fazer então para sermos um pouco mais livres, menos submissos?
VR - Ampliar conhecimentos sobre o meio e a sociedade em que vivemos. Descobrir como funciona. O conhecimento é sempre activo. E exige esforço. Depois, então, sim, tentar transformar a sociedade em nosso benefício e não de uns poucos que continuam a chupar o sangue à humanidade. Se executarmos acções sem conhecer as suas causas. condições e efeitos, passamos a ser a causa, condição e efeito das acções dos outros.»
(...)
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