quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Hoje, nas 14ª Correntes d'Escritas, Aurelino Costa apresenta Domingo no Corpo


Aurelino Costa, hoje, 21 de fevereiro de 2013, no Hotel Vermar, às 22:00, apresenta Domingo no Corpo. A apresentação vai ser assim: 


A poesia de Aurelino Costa enquadra-se num registo que se vem perdendo, paulatinamente, desde os idos dos setenta e que assenta numa tradição do verso sonoro, da vogal aberta e provocadora, da junção incoerente e oposta de palavras e de expressões que aduzem surrealismos e abjeccionismos vários. Mas apor um ismo, por simples comodidade de catalogação literária, é um erro que se deve evitar. Em Domingo no Corpo espraia-se o prazer de um erotismo emergente numa ligação lógica à terra, onde subjaz a negação do nec otium latino, da obrigação do trabalho e da rotina. A poesia de Aurelino convida à crítica de costumes que lembra igualmente o escárnio, mas que, de imediato, nos propõe a cantiga de amigo, do amor que assoma à porta, entre ferros, plantas e pedras, sempre omnipresente.
Nunca, como agora esta poesia foi tão necessária. Porque limpa, porque propõe, entre outras, «ressuscitar as cobras aos pés da santa», mexer nos sonhos que ainda nos faltam realizar, denunciar os visas que nos tolhem os passos da vida e nos fazem «murchar a óptica em direcção à esperança». Mas o poeta não esmorece na sua atitude irrequieta perante a vida, quando se propõe inventar de novo a rua e ir para longe, sabendo que, numa despedida anunciada, irá sempre «de volume em volume/despir este icebergue que arde». Nas palavras verdadeiramente mágicas de Aurelino Costa. A Deriva marca, de novo, um rumo traçado nesta poesia.
António Luís Catarino